0. Noite
0. Eterna Noite.
0. Dourada Eterna Noite.
1. A negrura do Corpo Dela emerge além das Bordas do Limite dos Sonhos.
2. O Templo refulge em Carmim, Ouro e Púrpura
3. O adocicado perfume penetra o Espaço-Corpo
4. Trêmulo, estendo os braços. Faíscas azuis pulam.
E a Aurora Boreal explode no Santuário.
5. Ergo a Baqueta Consagrada, cujo Diamante lateja em Escarlate
6. O Vermelho e o Branco ungem a Baqueta
7. Do vermelho, do Branco e do TERCEIRO, que ali surge, minha boca
provou.
8. O Céu toca a Terra, e a Terra abre-se em flores.
9. Na Abertura do Sem Fim vejo o Paraíso primitivo.
10. Coroa e Reino unem-se num Lampejo Infinito.
11. Morro!
Euclydes Lacerda de Almeida
Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
Tarô Experimental: A MORTE

Queria fazê-la mais bonita, pois ela não me assusta. Terrível não é a morte que nos entrerra. Terrível é a que se sofre em vida, justamente quando mais queremos viver. Viver por covardia, contudo, é indigno. De todas as contingências às quais estamos expostos em nossa humanidade, acho que nenhuma é mais respeitável que A MORTE. Antônio Vieira desta já disse tudo o que só posso repetir, ao contar que, em certa fase da vida, viveu-a com privilégios de morto: ninguém a quem minha presença faça falta ou minha ausência, saudade.
Tarô Experimental: A Magia

Representei o mágico como um corpo feito, não de carne, mas de bronze e mergulhado em algo que teria por efeito amortecer a percepção. Usei uma escultura que fotografei na Pinacoteca de São Paulo e uma foto das águas do Arroio Dilúvio aqui de Porto Alegre, num dia em que o vento redesenhava-lhe as águas desse modo repetido, sistemático, sulcando-lhe a superfície até formar esse desenho monótono. Meu Tarô é simples, sem complexidade, e faço uso de imagens que acho que todos podem reconhecer. E depois, no fundo, é indiferente a maneira como se representa a magia, porque a MAGIA simplesmente é, ao mesmo tempo em que pode perfeitamente deixar de ser, pode transformar-se sempre, ainda nunca mude ou se altere em sua originalidade irredutível.
Tarô Experimental: O Amor

Tarô Experimental: O Feitiço

Agora um pouco da história da imagem que usei para criar esta carta. Bem, foi mesmo um Feitiço testado, e testado por mim, quando vi pela primeira vez esse duende. Ele existe, sim. Está pintado na fachada de uma casa que fica na Avenida São João em São Paulo. Levei um susto quando o vi, e sempre que vou a São Paulo eu visito este lindo duende que marca geograficamente o ponto no qual aquela avenida começa a mudar, no sentido que leva ao chamado Minhocão, onde toma outro aspecto, dizem, mais perigoso e menos bonito.
Pois bem, eu fotografei o duente e o colei assim em outra fachada. Gostei tanto do Feitiço que o levei para dar uma voltinha lá na charmosa e rica Avenida Paulista.
O Feitiço designa o inesperado, o encanto que te prende ou te desencanta ao quebrar-se. É passageiro mas nem por isso menos intenso. Todos sabemos ser feiticeiros, seja cozinhando um prato saboroso, seja usando um perfume que expresse nossos sentimentos, seja mesmo quando usamos uma cor que realce o tom de nossa pele. Feitiço é música, é ambiente, é embriaguez e movimento. Sem feitiço, a vida seria um tédio, muito embora o tédio, em particular, me agrade.
Tarô Experimental: O Sonho

Tarô Experimental: O Livro

Comentei com alguns leitores deste Blog que estou criando um jogo de lâminas que chamo de meu Tarô Experimental. São fotografias (adoro fotografar) que eu recombino com transparências e sobreposições. Queria mesmo desenhar e pintar cada uma das cartas individualmente, mas... cadê tempo pra isso? Acho que vai ficar alguma coisa assim, como esta carta à qual batizei de O LIVRO. O mais divertido é que o fundo é uma vista do Guaíba tomada por celular, e a forma, o recorte do vitral da porta de uma igreja do interior de São Paulo. Depois de recompor, ainda entra regular tamanho, margens e dar nome.
Criar os sentidos não será difícil também, afinal, olhando-se esta carta, O LIVRO, pensa-se logo no destino, no que está escrito, no que é aberto, claro e verificável.
Falta muito ainda, especialmente acertar detalhes e dar unidade ao conjunto, experimentar métodos de impressão (fica lindo tipo foto em papel opaco). Fiz questão também de criar algo sem compromisso com nenhum Tarô Tradicional, seja em matéria de imagens, seja mesmo em número de lâminas. O que sei é haverá O LIVRO, O HOMEM, A MULHER, A MORTE, O IMPONDERÁVEL, O SÁBIO, O TEMPLO, A ESPERANÇA, A FORÇA, O AMOR, A DESCOBERTA, A PASSAGEM... E o que mais me der vontade de fazer. Vou mostrar aos poucos aqui, afinal, sei que há leitores que gostaram da idéia, e isso faz muita diferença, porque estimula a gente a prosseguir, apesar das tais das ocupações "profanas".
ARCANO II

A divinação que inspira a SACERDOTISA aplica-se ao discernimento da realidade que se dissimula por detrás da cortina das aparências sensíveis. Para o intuitivo, favorito de Ísis, os fenômenos são uma fachada reveladora que, fixando a visão fisiológica, provoca a visão do espírito.
INTERPRETAÇÕES DIVINATÓRIAS
GEBURAH, rigor, severidade; PEC'HAD, punição, temor; DIN, julgamento, vontade de retém ou governa a Vida dada. Consciência, dever, Lei moral, inibição, restrição, porque é preciso abster-se de fazer o mal, antes de consagrar-se ativamente às obras do bem.
Sacerdócio, ciência religiosa, metafísica, Cabala, ensinamento, Saber (oposto a Poder), autoridade, certeza, segurança, ausência de dúvida, influência sugestiva exercida sobre o sentimento e o pensamento de outrem. Afabilidade, benevolência, bondade, generosidade judiciosa.
Um diretor de consciência, médico da alma, conselhos morais, personagem sentencioso. Pontífice absoluto em suas opiniões. Função que confere prestígio. Influência jupteriana em bem e em mal.
Tomado em mau aspecto: imoralidade, porque os defeitos se substituem às qualidades, quando um arcano se torna negativo.
Oswal Wirth
A imagem foi uma contribuição de Magus Incognitus.
Hermafrodita
O mercúrio dos filósofos tem um duplo sentido: feminino por ser branco e líquido, ao mesmo tempo que um metal seco, masculino. Simbolizando a união dos contrários, o mercúrio (aliás o HERMES) é hermafrodita.
AUGRAS, Monique. A dimensão simbólica, Fundação Getúlio Vargas, 1967, p.83.
Retrato de Mestre
Deus
"Mesmo para os descrentes há a pergunta duvidosa: e depois da morte? Mesmo para os descrentes há o instante de desespero: que Deus me ajude. (...) Venha, Deus, venha. Mesmo que eu não mereça, venha. (...) Sou inquieta, ciumenta, áspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que eu não sei usar amor: às vezes parecem farpas. Se tanto amor dentro de mim recebi e continuo inquieta e infeliz, é porque preciso que Deus venha. Venha antes que seja tarde demais."
CLARICE LISPECTOR. "Deus", em 10/02/1968 em A Descoberta do Mundo.
CLARICE LISPECTOR. "Deus", em 10/02/1968 em A Descoberta do Mundo.
Teurgia

A teurgia é a base de toda via iniciática. É a arte de fazer apelo às essências ou forças que emanam do plano mental e divino, como os anjos, os santos, o Cristo ou outras egrégoras celestes de luz por meio de preces, ritos, rituais e de objetos simbólicos e consagrados. Ela sozinha pode esclarecer o Livro do Homem e torná-lo acessível à compreensão humana.MARCOTOUNE, Serge. « La voie initiatique », p. 68
Contribuição para este blog
Hino a Isis
Porque sou eu a primeira e a última
Eu sou a venerada e a desprezada
Eu sou a prostituta e a santa
Eu sou a esposa e a virgem
Eu sou a mãe e a filha
Eu sou os braços da minha mãe
Eu sou estéril, e os meus filhos são numerosos
Eu sou a bem casada e a solteira
Eu sou a que dá à luz e a que jamais procriou
Eu sou a consolação das dores de parto
Eu sou a esposa e o esposo
E foi o meu homem quem me criou
Eu sou a mãe do meu pai
Sou a irmã do meu marido
E ele é meu filho rejeitado
Respeitem-me sempre
Porque eu sou a escandalosa e a magnífica
Hino a Ísis, século III ou IV (?), descoberto em Nag Hammadi
Contribuição recebida hoje.
Eu sou a venerada e a desprezada
Eu sou a prostituta e a santa
Eu sou a esposa e a virgem
Eu sou a mãe e a filha
Eu sou os braços da minha mãe
Eu sou estéril, e os meus filhos são numerosos
Eu sou a bem casada e a solteira
Eu sou a que dá à luz e a que jamais procriou
Eu sou a consolação das dores de parto
Eu sou a esposa e o esposo
E foi o meu homem quem me criou
Eu sou a mãe do meu pai
Sou a irmã do meu marido
E ele é meu filho rejeitado
Respeitem-me sempre
Porque eu sou a escandalosa e a magnífica
Hino a Ísis, século III ou IV (?), descoberto em Nag Hammadi
Contribuição recebida hoje.
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