Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
Tarô Experimental: A Força
A Força aqui quer representar o que é irresistível, é cólera brutal, a expressão feroz e indisciplinada. É a força bruta, veemente, passional, conquistadora, daí eu usar a figura do leão, não sem relação com o devorador do Zodíaco, cujo retorno anual marca a época em que o Sol se torna escaldante e destrói aquilo que ilumina. Não se trata, contudo, de um animal malfazejo, ainda que feroz. É, todavia, egoísta, quer para si, mas, se a Força for subordinada por uma vontade firme, resulta numa ferramenta poderosa e irresistível. Para Wirth, o sábio respeita todas as energias, mesmo as perigosas, porque ele estima que elas existem para serem captadas e depois judiciosamente utilizadas. O Iniciado nada despreza, especialmente o que lhe é inferior, pois os instintos menos nobres são o estimulante necessário à ação. O que é vil não deve ser destruído, mas enobrecido pela transmutação à maneira do chumbo que é preciso saber elevar à dignidade do ouro. A imagem desta carta eu criei a partir da foto do leão que existe em um lindo túmulo do cemitério da Santa Casa aqui de Porto Alegre, transpondo depois a foto para uma das calçadas do Viaduto Otávio Rocha, da Av. Borges de Medeiros, também desta cidade.