Tarô Experimental: O Feitiço

Esta carta do meu Tarô Experimental simboliza O FEITIÇO, e por feitiço não quero designar A Magia, que será simbolizada em outra carta. Não. De Feitiço chamo tudo o que nos chega pelos sentidos e que nos encanta ou nos desencanta. É algo concreto que vemos, ouvimos, tocamos, cheiramos e degustamos. É algo que nos desperta a atenção e também é algo que passa, como passa qualquer encanto passageiro. Quem faz uso de feitiços, precisa saber como mantê-los ativos, caso contrário, passam ou provocam efeito contrário. Quem nunca enjoou de algo de que gostava? Quem nunca soube o que é cansar de uma música? Os sentidos não são propriamente confiáveis. Já pensaram nisso?
Agora um pouco da história da imagem que usei para criar esta carta. Bem, foi mesmo um Feitiço testado, e testado por mim, quando vi pela primeira vez esse duende. Ele existe, sim. Está pintado na fachada de uma casa que fica na Avenida São João em São Paulo. Levei um susto quando o vi, e sempre que vou a São Paulo eu visito este lindo duende que marca geograficamente o ponto no qual aquela avenida começa a mudar, no sentido que leva ao chamado Minhocão, onde toma outro aspecto, dizem, mais perigoso e menos bonito.
Pois bem, eu fotografei o duente e o colei assim em outra fachada. Gostei tanto do Feitiço que o levei para dar uma voltinha lá na charmosa e rica Avenida Paulista.
O Feitiço designa o inesperado, o encanto que te prende ou te desencanta ao quebrar-se. É passageiro mas nem por isso menos intenso. Todos sabemos ser feiticeiros, seja cozinhando um prato saboroso, seja usando um perfume que expresse nossos sentimentos, seja mesmo quando usamos uma cor que realce o tom de nossa pele. Feitiço é música, é ambiente, é embriaguez e movimento. Sem feitiço, a vida seria um tédio, muito embora o tédio, em particular, me agrade.