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Verdade e o Real são conceitos diferentes e oferecem solução a inúmeros
problemas. Trata-se aqui de disciplinar o pensamento. Vamos aprender. Aquilo
que é REAL tem três dimensões: comprimento, largura e profundidade; o REAL
sofre modificações e pode perder sua forma para tomar outra, pode, em linguagem
usual, perecer. A VERDADE, porém, não tem dimensões, não sofre mudanças; ela é
imutável e sempre idêntica a si mesma. Vamos fazer uma comparação, para melhor
compreender a definição e as relações entre o verdadeiro e o real. O
triângulo geométrico, por exemplo, tem propriedades imutáveis, eternas e
necessárias. O triângulo geométrico é uma VERDADE. Mas é ele REAL?
Absolutamente não. Triângulos reais são de madeira, de metal, enfim, têm três
dimensões; é verdade que todos participam um pouco das propriedades do
triângulo geométrico, mas jamais atingirão sua exata plenitude. Essa
impossibilidade é inerente à condição fundamental de todo triângulo material,
aquele de três dimensões. O triângulo real pode ser destruído, pode variar; o
verdadeiro, ou triângulo geométrico, é necessário, imutável e eterno. Mas, no
instante em que aparece um triângulo real qualquer, será o triângulo verdadeiro
quem vai lhe impor as suas leis. Ora, no fundo e em última análise, trata-se do
mesmo fato visto sob dois aspectos distintos, pois o VERDADEIRO é
inseparável do REAL; mas o VERDADEIRO domina o REAL, dá-lhe sentido, valor, é
sua lei dirigente. Em suma, falando através de uma metáfora, pode-se dizer que
O VERDADEIRO É A ALMA DO REAL.
Assim,
meus Irmãos, creio que, trazendo à luz esses conceitos tão simples, poderei
esclarecer muito sobre o que a Maçonaria nos ensina a respeito da busca da
verdade e, principalmente, do que quer ela dizer quando afirma que essa
busca é eterna. Da mesma maneira como não podemos jamais atingir a perfeição,
tenhamo-la como ideal. Que nossas ações, ao menos, orientem-se por princípios
eternos e imutáveis, princípios que nossa Instituição nos apresenta.
Fonte: FERRIÈRE, Émile. La cause première, Ed. Alcan, Paris, 1897.
Ir.’. George Sand