Palavras do Abade Tritêmio

A alquimia é portanto uma casta meretriz, que tem muitos amantes, mas que a todos engana e a nenhum deles concede o seu amplexo. Transforma os tolos em mentecaptos, os ricos em miseráveis, os filósofos em loucos, e os enganadores em loquazes enganadores...
TRITÊMIO, Annalium Hirsaugensiun Tomi II, S. Gallo, 1690, 141.

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Um dos mais simples e fáceis de decifrar.

Baphomet

Baphomet é uma figura clássica dentre os ocultistas, adeptos e praticantes de artes esotéricas. Ele tem cabeça de bode e características andróginas. Aparece comumente sentado sobre um cubo, símbolo da materialidade. Uma tocha queima entre os seus cornos, representando a inteligência e a iluminação espiritual. Na tradição oculta, alguns reconhecem nele a figura de Lúcifer, o anjo maldito, encarado pela Igreja como o Diabo, mas aqui reconhecido como “o que traz a luz”, por conceder aos seus discípulos a iluminação espiritual. De acordo com Elifas Levi, autor de desenho que aparece aqui, a cabeça de Baphomet combina as características de um cão, um touro e um bode, que representam três fontes da Tradição pagã dos mistérios. Elas são: no Egito, o deus chacal Anúbis, guia dos mortos no outro mundo e identificado com o grego Hermes; na Índia, o touro sagrado, que pode ser a origem de Mithra; e, na Judéia, o Bode Expiatório, sacrificado no deserto para limpar os pecados da tribo.
Na testa da figura do Baphomet, marcando o local físico onde os iluminados apontam estar o terceiro olho, aparece o sinal mágico do pentagrama ou estrela de cinco pontas, que representa a humanidade em seu estado imperfeito. Trata-se também de um símbolo da estrela da manhã, Vênus, que era associada a Ishtar e Astarte. A estrela da manhã também era um título dado a Lúcifer, descrevendo a sua queda do céu, pelo pecado do orgulho.
A figura andrógina de Baphomet, por isso mesmo, ostenta seios femininos, mas a parte inferior do corpo aparece velada, retratando os mistérios da procriação. A natureza fálica do deus-bode, todavia, é explícita e vem simbolizada pelo caduceu, isto é, a vara com duas serpentes enroscadas portada por Hermes. O símbolo esconde o pênis ereto da figura de Baphomet. O caduceu é um dos mais antigos símbolos, e podemos encontrá-lo já em 2.600 a. C. Evoca os antigos cultos egípcios e se relaciona à fecundidade.
O ventre de Baphomet está coberto por escamas. Poucos sabem, mas as escamas simbolizam a montanha ou o suporte do mundo. Na arte românica há escamas aos pés do Cristo em ascensão e também sob os pés dos anjos. As escamas também podem simbolizar impedientes à visão interior. Obstáculos que impedem de ver o céu, daí dizer-se que é preciso que as escamas caiam dos olhos dos homens, para que eles creiam.
A natureza andrógina de Baphomet também é enfatizada pelo fato de que um braço é masculino, enquanto o outro é arredondado e feminino. Uma das mãos aponta para cima, e a outra para baixo, representando o axioma hermético “assim em cima... como embaixo” ou o solve e coagula dos alquimistas. As mãos apontam para uma lua crescente preta e outra branca, ou seja, as fases crescente e minguante da Lua que simbolizam a dualidade da natureza humana e os princípios masculino e feminino, cuja união produziu a manifestação do universo e os poderes da luz e das trevas.
Baphomet é, definitivamente,um símbolo fascinante, verdadeiro amálgama de tradições.