Entendimento

A melhor parte, acho que da vida, ― embora não saiba bem o que é a vida, ― a melhor parte dela, acho, ― que de saberes estou sempre vazia, ― é mesmo o que não é possível. O universo dos possíveis é tão pueril às vezes. Tão seco, rasteiro, pouco. Conformista. Daí que o impossível torna-se tudo. O que se é de verdade são nossas impossibilidades que se fazem imaginação. Imaginação, diante da qual a realidade recua, pálida, humilhada, nua de ilusões. É que o impossível não se deixa entender, e nisso reside sua mística e toda delícia do que se nega ao regramento tosco de uma razão mecanizada. Triste é que, às vezes, a gente acaba entendendo.

Ciência e Religiáo


O maior mal de nosso tempo é que a ciência e a religião aparecem como duas forças inimigas e irredutíveis. Mal intelectual tanto mais pernicioso porque vem do alto e infiltra-se surdamente, mas seguramente, em todos os espíritos, como um veneno sutil que se respira no ar. Ora, todo mal da inteligência torna-se, com o tempo, um mal da alma, e, por conseguinte, um mal social.
SHURÉ, Edouard. Les grands initiés, Alain Trocmé Éditeur, Paris, 1921.


Significado do Amor

"Na multidão imensa de seres com forma humana, muito poucos são homens e, nesta seleção, pouquíssimos aqueles que penetram no significado do amor".
PELADAN, La science de l'amour, (Amphithéâtre des Sciences Mortes), Paris, 1911, pág. 102.

Sol e Lua

Mas a luz da Lua não é ela a própria luz do Sol refeita e remanejada? É reflexo que assume vida própria, talvez, como se a imagem de um espelho se tornasse independente do objeto. Como se, do outro lado, estivesse o outro, um outro, outro. Quem de nós não é legião?

Individualismo

Quem diz individualismo diz necessariamente recusa em admitir um autoridade superior ao indivíduo, assim como uma faculdade de conhecimento superior à razão individual; as duas coisas são inseparáveis uma da outra.
GUÉNON, René. La crise du monde moderne. Gallimard, 1946, p. 74.

Solenidade

Vagar por uma capela vazia é perceber o significado que as imagens assumem diante de quem se volta para olhá-las, percebendo o que devem dizer àqueles que nelas depositam suas esperanças. Aos descrentes não resta senão o ceticismo, e mesmo talvez o gesto ousado de por isso numa fotografia.

Talismã de Mercúrio

É corrente que agora, em 2010, Mercúrio estará em posição venturosa, especialmente no dia 7, em Virgo, seu domicílio, paralelo ao Sol, único aspecto positivo capaz de ter lugar entre ambos, com amplificação das virtudes mercuriais. Daí a oportunidade de elaborar-se o Talismã, aos moldes da melhor Tradição.

Devoção

Altar de velas votivas de uma Igreja aqui perto. Fiz esta foto há algum tempo, mas ela ainda me impressiona. Estranhamente, faz-me lembrar o cheiro e o calor do local, pequeno, escuro e acanhado, reservado especialmente para que os visitantes acendam suas velas, depositando ali suas promessas, desejos, esperanças.

Quadrado Mágico

Proêmio ao Estudo da Abóbada Celeste

Outro belíssimo trabalho do Ir.`. Modena agora também no meu Scribd.

In-Fólio da Câmara do Meio

Uma pesquisa muito bem elaborada sobre o painel da Loja de Mestre Maçom, de autoria do Ir.`. Modena, um trabalho que não pode ficar sem divulgação. Acho que vocês vão gostar muito de ler.

Painel

Símbolos

Símbolos são metáforas. Subentendem um conteúdo que não pode ser assimilado pela razão. A linguagem simbólica assemelha-se à poesia e presta-se muitas vezes a funcionar como substitutivo do real, se é que se pode opor o real ao imaginário. Em vez de opostos, prefiro pensá-los complementares. Trabalhar com símbolos é infinitamente mais rico que trabalhar com idéias e sistemas. Não há razão que não deva a um símbolo seu poder de persuasão. Não há processo que não possa ser reduzido a uma alegoria, e me pergunto que escritor poderia dizer mais em palavras do que disse Bosch em seus quadros ou mesmo Botticelli nos seus. E ainda mais impressionante que ler os símbolos, cujas chaves todos possuímos, é encontrar-lhes o avesso e fazer a leitura da própria linguagem. Esta seria, não a arte simplesmente, mas a arte de criar outras artes. A Arte Real.

Pedra da Loucura


O quadro é de 1485. Bosch aí retrata a intervenção que visava extrair do paciente a "pedra da loucura" que se acreditava devesse ser retirada do cérebro para a obtenção da cura. Pergunto-me se Horácio, muito antes, também não pensava nisso, não para curar, mas para recomentar que se misturasse um grão de loucura à nossa prudência.

Ao Or.'. de POA