Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
A Mulher de Ló
Quando passei pelo vaso de cimento e seus caprichosos relevos, meio perdido no Parque da Redenção, posicionei a câmera de sorte a capturar o perfil. E na mesma hora ocorreu-me que a imagem poderia muito bem corresponder ao castigo que foi infligido à mulher de Ló, transformada em estátua de sal por ter desafiado as ordem divinas, olhando para trás, curiosa por saber o que acontecera às cidades de Sodoma e Gomorra.
Pelas ruas da cidade eu vi
Pelas ruas da cidade, desdobram-se esses flagrantes de uma espiritualidade que se oferece como produto, no pavimento das calçadas, no meio do caminho de quem tem pressa. E no entanto, nesse ir e vir, a pauta sugere uma interrupção, passos cortados, uma pergunta sem resposta. Pode-se parar e consultar o além que aparece logo ali, e que promete respostas a perguntas das quais tudo depende, ou independe. Quem sabe? Pelas ruas da cidade o mito e a verdade se confundem na ficção que é, afinal, a raiz de toda a realidade. Pelas ruas da cidade, gente perdida que se desencontra, buscadores da verdade que podem encontrá-la numa resposta mágica, mítica, simbólica, cuja realeza se assenta num trono de gesso assentado sobre veludo preto que se ostenta, como pode, no chão da rua. Pelas ruas da cidade, a verdade se oferece à oferta e à procura, despudoradamente, pelas ruas da cidade, assim, nua, crua.
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