ROURE, Lucien. No país do ocultismo ou além do catolicismo. Paris, Gabriel Beauchesne Éditeur, 1925.
Segundo E. Pialat, em descrição
publicada na Revue neo-scolastique de philosophie n. 9, de 1926 (ilustrada ao lado), na obra intitulada No país do ocultismo ou além do catolicismo (Au pays de l`occultisme ou par delà le Catholicisme), 1925, Lucien Roure escreve sobre o Ocultismo, diferenciando-o
do Espiritismo com que era então frequentemente confundido, mas do qual diferia
profundamente. O livro aborda a história, a partir de fontes e referências, a evolução
das doutrinas, vida e caráter de diversos personagens cujas biografias são
apresentadas, com o objetivo de mostrar o sentido tomado pelo Ocultismo e
movimentos com ele relacionados. Expondo linhas doutrinárias peculiares a diversas correntes, explica brevemente o sentido dos movimentos estudados à luz
da ciência, das Sagradas Escrituras e mesmo das religiões orientais, supostamente reclamadas como relacionadas ao Ocultismo. O autor dedica sua obra
àqueles aos quais chama de exploradores, que
seriam almas sedentas de uma sabedoria que pudesse preencher o vazio de uma existência
talvez dolorosa, e que acreditariam poder encontrar no Ocultismo um remédio
para seus males. Até mesmo Freud é citado no livro, em que pese preservado o
lado científico de seus trabalhos, com vistas a distinguir tal conteúdo do que
seria o panfreudismo.
Abaixo, tradução do prefácio e foto da obra, parte da biblioteca dos Mestres do Imaginário.
Prefácio
O país do ocultismo tenta, em
nossos dias, numerosos espíritos.
Entre eles há amadores, curiosos,
investigadores.
A região do mistério os atrai.
Eles sonham com não sei que Atlântida ou Mênfis perdida no deserto, cujas
ruínas esconderiam o berço de todas as civilizações, a fonte de todas as
religiões. Lá longe, em algum refúgio
ignorado, se esconderiam os documentos onde estão consignados os primeiros
pensamentos do homem sobre Deus. Lá longe, no fundo de um santuário misterioso,
viveu, vive ainda talvez, a casta sacerdotal que se transmite, passo a passo, o
segredo das religiões primitivas.
Deixando de lado os diletantes e
os turistas, é aos exploradores que nos endereçamos.
Nossa intenção é de lhes colocar
nas mãos um guia. Nós aí revelamos as principais pistas seguidas em nossos dias
nessas regiões do mistério. Desejamos estudar como elas se formaram, por quais,
em quais direções elas conduzem.
Parece-nos que, estabelecido
isso, alguma luz pode se projetar sobre as descobertas que a viagem pode
prometer.
Caminho percorrido, encontraremos
alguns investigadores menos ambiciosos, mas diversamente movidos por desejos
inquietos: a eles também desejamos aportar uma ajuda que consideramos salutar.
Lucien Roure
Paris, janeiro 1925.