Com os clubes e as «sociedades secretas», afirma Lionel Tiger, «os homens fazem a corte aos homens». As grandes confrarias profissionais, as corporações estudantis, as ordens, as sociedades secretas são meios de reforçar (e de exaltar) o vínculo intermasculino. Seja no colégio ou no exército, as «cerimônias de iniciação», por vezes bizarras e mesmo cruéis, evocam os ritos de passagem da puberdade (com a transposição que se impõe: é-se «adulto» quando se detém o conhecimento ou o poder) e apertam os laços entre «iniciados». Os clubes femininos, pelo contrário soçobram regularmente na desordem e nos mexericos.
(...) Tiger lembra que o homem, em relação à mulher, é ao mesmo tempo mais racional e mais irrazoável. O homem sabe que se lança por vezes em aventuras sem esperança, que enfrenta desafios extravagantes. Mas ele pensa que não deve «dar o braço a torcer». Esta concepção do sacrifício inútil decorre diretamente de uma ética de honra. A mulher, ela, vê as coisas de outro modo. Ela reprova ao homem o seu «orgulho». Ela acusa-o de correr atrás de «quimeras», e de negligenciar as suas responsabilidades familiares. Para ela, nunca se dá o braço a torcer quando se é «razoável».
No fim de contas, o homem é sempre uma criança. Os alemães têm uma palavra para isto: Das Kind im Manne — a criança que, no homem feito, é a memória viva de um passado sempre destinado a inspirar o futuro.
Montherlant dizia que «um homem sem criancices é um monstro horrível». Nietzche, ao contrário, propunha «pôr na ação a seriedade que a criança põe no jogo» — quer dizer, precisamente, considerar as coisas sérias como um jogo. Daí, no homem, essa nostalgia dos lugares de infância e dos amores adolescentes — dos quais Jules Romains pode dizer que são uma mistura de angelitude e de obscenidade.
As sociedades que acentuam a segurança, o conforto, às quais repugna o risco, são sociedades em que os valores masculinos estão em declínio. «Faça amor, não a guerra» é um slogan feminino que se traduz por: «Façam-nos amor, não façam guerra entre vocês».
O homem nunca acaba, como nos tempos da sua infância, de ir aos ninhos de pássaros. Não tanto pelos ninhos, aliás, mas para trepar ao alto das árvores. Ele quer sempre ir mais longe, mais depressa, mais alto. Ele tem prazer na competição, ele admira os recordes. A mulher pergunta «para que é que isso serve». É por isso que cabe à mulher preservar o que o homem adquiriu. A sociedade mantém-se assim — e renova-se eternamente.»
Alain de Benoist
in "Nova Direita Nova Cultura – Antologia crítica das idéias contemporâneas", Lisboa, Fernando Ribeiro de Mello/Edições Afrodite, 1981. Fonte: http://infoinconformista.blogspot.com/
Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
Sexualidade no Zohar
O símbolo da sexualidade tem no Zohar um caráter particular e sua origem está, ao que parece, no Cântico dos Cânticos ou na gnose paga relativa aos êons masculino e feminino, potências divinas que “constituem o mundo do pleroma”, isto é, a plenitude de Deus. A união de Deus com a Shekinah (símbolo feminino) surge aos olhos dos cabalistas como a unidade verdadeira, perfeita, de Deus, o Iúd. Segundo o Zohar, a separação do “Rei” (Tiferet) e da “Rainha” (Shekinah) é suscetível de provocar o sofrimento e a discórdia, ao passo que sua união exprime a harmonia no mundo. Observemos que a mística não judaica, que glorificou o ascetismo, não hesitou às vezes em introduzir o erotismo nas relações do homem com a Divindade. Os cabalistas, que estenderam o símbolo sexual além de tudo que se possa imaginar, consideram-no como um mistério, ou melhor, como um objeto sagrado do qual decorre, já o dissemos em outra parte, a obra inteira do universo. Pregaram amiúde a castidade nas relações físicas, fazendo alusão a José. Aos seus olhos, o casamento não é uma concessão à “fragilidade da carne” mas ao sagrado mistério da harmonia. O Zohar admite que o homem depende das influências cósmicas — idéia que encontramos em Aristóteles. Atribui aos planetas uma relação misteriosa com os órgãos do corpo humano: Saturno com o baço, Júpiter com o fígado, Marte com a bílis. O excesso dessas influências gera três pecados (o adultério, a idolatria e o assassínio) e tem, segundo o Talmude, uma importância funesta.
Henri Sérouya, A Cabala. Coleção Que sais-je? ― no. 1105
Henri Sérouya, A Cabala. Coleção Que sais-je? ― no. 1105
Alquimia
“Trata-se aqui de um túmulo que não encerra um cadáver. É um cadáver que não está encerrado em um sepulcro, porque o cadáver e o sepulcro não são mais que um...” Nicolas Barnaud: “Theatrum Quimicum”, tomo III, p. 744, in Ambelaim, R. La alquimia espiritual.
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