Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
Invidia
Os gregos fizeram da inveja um deus, pois a palavra phthonos, que exprime esse defeito em grego, é uma palavra masculina; para os romanos, porém, era uma deusa chamada Invídia, palavra que derida do verbo que designa olhar com maus olhos. Romanos e gregos, uns e outros, para se garantirem contra esse olhar, recorriam a várias práticas que hoje teríamos por supersticiosas. A inveja era representada como um velho espectro feminino de acentuada magreza. Sua cabeça e mãos eras cercadas de serpentes, os olhos eram fundos e estrábicos, a tez era lívida. Algumas vezes aparecia ao lado de uma hidra de sete cabeças. Uma cobra roía-lhe o coração.