Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
Um livro instigante
“― A revolução, meu jovem, nos fez escravos de um Estado ateu, mais desiguais do que antes e irmãos inimigos, cada um Caim do outro. Não é bom ser livre demais, tampouco ter todo o necessário. Nossos pais eram mais pobres e mais felizes porque permaneciam em contato com a natureza. O mundo moderno nos deu o vapor, que contamina os campos, e os teares mecânicos, que tiraram o trabalho de tantos pobrezinhos e já não produzem os tecidos de antigamente. O homem, abandonado a si mesmo, é mau demais para ser livre. O pouco de liberdade de que necessita deve ser garantido por um soberano.” ECO, Umberto, O Cemitério de Praga, trad. Joana Angélica d’Avila Melo. Rio de Janeiro: Record, 2011, p. 58.