Apesar desse peso dominical, dessa santidade que vigora por 24 horas e que tenta nos santificar não obstante nossa irrenunciável humanidade, tenha você também um bom domingo.
Um bom e despretensioso domingo, seja ele com ou sem missa, seja ele com ou sem amores.
Tenha um bom domingo, ainda que você esteja de dieta e, optando pelo cinema e renunciando à missa, você até se santifique um pouco, dizendo não às pipocas.
Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
Da medicina teológia
que vá cuidar na lavoira de hum campo e ali I pratique sua Sciencia com utilidade própria, e também de sua pátria.
Hum amante de mulheres , que se case se lho permitte o seu estado, quando não que estude suas enfermidades, suas mortes, e as
escreva para seu desengano, e beneficio das mesmas mulheres. Hum colérico igualmente que hum saudoso da
Pátria que faça viagens , ganhe o que comer com o suor de seu rosto, evite toda a ociosidade.
Hum ébrio que seja enfermeiro que
teve o vinho emético, e as bebidas purgativas
para os Hospitaes, e veja o que produzem os
remédios avinhados! oiça o que delle dizem os
Médicos, e se capacitem que nos licores espirituosos
lhe podem seus inimigos dar veneno
com
que vomite e fique estragado e morra."
A propósito do ato criador
"Quando analisamos a descrição de um ato, constatamos que a perfeição e a força de
convicção de sua imagem plástico-pictural se situam num contexto de sentido tornado
caduco, transcendente à consciência do executante no momento do ato, e nós mesmos,
leitores, não ficamos internamente envolvidos pelo objetivo e pelo sentido do ato — senão,
o mundo das coisas se introduziria na consciência do executante que vivemos internamente,
e sua expressividade externa se encontraria desagregada — nada esperamos do ato e não
temos nenhuma expectativa dele no futuro real que é substituído pelo futuro artístico,
sempre artisticamente predeterminado. A forma artística do ato é vivenciada fora do tempo
do acontecimento da minha vida, de um tempo marcado pela fatalidade. E no interior desse
tempo, não há ato que se me apresente sob seu aspecto artístico. Uma caracterização
plástico-pictural desativa o futuro real no qual se insere a fatalidade de meu destino, pois
ela só introduz um passado e um presente delimitados, a partir dos quais não há acesso ao
futuro vivo, incerto."
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1977.
Imagem: Desenho de Genny Bleggi.
convicção de sua imagem plástico-pictural se situam num contexto de sentido tornado
caduco, transcendente à consciência do executante no momento do ato, e nós mesmos,
leitores, não ficamos internamente envolvidos pelo objetivo e pelo sentido do ato — senão,
o mundo das coisas se introduziria na consciência do executante que vivemos internamente,
e sua expressividade externa se encontraria desagregada — nada esperamos do ato e não
temos nenhuma expectativa dele no futuro real que é substituído pelo futuro artístico,
sempre artisticamente predeterminado. A forma artística do ato é vivenciada fora do tempo
do acontecimento da minha vida, de um tempo marcado pela fatalidade. E no interior desse
tempo, não há ato que se me apresente sob seu aspecto artístico. Uma caracterização
plástico-pictural desativa o futuro real no qual se insere a fatalidade de meu destino, pois
ela só introduz um passado e um presente delimitados, a partir dos quais não há acesso ao
futuro vivo, incerto."
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1977.
Imagem: Desenho de Genny Bleggi.
Veredito
« J'en arrive à ma conclusion et j'énonce maintenant mon
verdict. Je condamne le christianisme, j'élève contre
l'Eglise chrétienne l'accusation la plus terrible qu'accusateur
ait jamais prononcée. Elle est pour moi la pire des
corruptions concevables, elle a voulu sciemment le comble
de la pire corruption possible. La corruption de l'Eglise
chrétienne n'a rien épargné, elle a fait de toute valeur une
non-valeur, de toute vérité un mensonge, de toute sincérité
une bassesse d'âme ( ... ) J'appelle le christianisme l'unique
grande malédiction, l'unique grande corruption intime,
l'unique grand instinct de vengeance, pour qui aucun
moyen n'est·assez venimeux, assez secret, assez souterrain,
assez mesquin - je l'appelle l'immortelle flétrissure de
l'humanité. »
FRIEDRICH NIETCHZSE
NIETZSCHE, Friedrich. L 'Antéchrist. Paris: Gallimard, 1974, p.118-120.
verdict. Je condamne le christianisme, j'élève contre
l'Eglise chrétienne l'accusation la plus terrible qu'accusateur
ait jamais prononcée. Elle est pour moi la pire des
corruptions concevables, elle a voulu sciemment le comble
de la pire corruption possible. La corruption de l'Eglise
chrétienne n'a rien épargné, elle a fait de toute valeur une
non-valeur, de toute vérité un mensonge, de toute sincérité
une bassesse d'âme ( ... ) J'appelle le christianisme l'unique
grande malédiction, l'unique grande corruption intime,
l'unique grand instinct de vengeance, pour qui aucun
moyen n'est·assez venimeux, assez secret, assez souterrain,
assez mesquin - je l'appelle l'immortelle flétrissure de
l'humanité. »
FRIEDRICH NIETCHZSE
NIETZSCHE, Friedrich. L 'Antéchrist. Paris: Gallimard, 1974, p.118-120.
Assinar:
Postagens (Atom)