Para pensar o Natal

“Nome de lugar onde alguém já nasceu, devia de estar sagrado. Lá como quem diz: então alguém havia de renegar o nome de Belém – de Nosso-Senhor-Jesus-Cristo no presépio, com Nossa Senhora e São José?! Precisava de se ter mais travação. Senhor sabe: Deus é definitivamente; o demo é o contrário Dele...”

GUIMARÃES ROSA, João. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 52

Para o governo da vida

“Entre o homem, com a sua razão, e os animais, com o seu instinto, quem, afinal, estará mais bem dotado para o governo da vida? Se os cães tivessem inventado um deus, brigariam por diferenças de opinião quanto ao no me a dar-lhe, Perdigueiro fosse, ou Lobo-d’Alsácia? E, no caso de estarem de acordo quanto ao apelativo, anda riam, gerações após gerações, a morder-se mutuamente por causa da forma das orelhas ou do tufado da cauda do seu canino deus?”

SARAMAGO, José. In nomine Dei. Alfragide: Editorial Caminho, 1993.


Templos


 Cúpula da catedral metropolitana de Porto Alegre.

Templos





Igreja que fica na Praça Central de Tapes, RS. Talvez duas ou três horas, não mais que isso, passeando pela cidade. No descritor: sossego. Na impressão: capricho, mas não intencional. As linhas se harmonizam por si. Um ar de nostalgia. O anoitecer inspiraria notas num violão sem pretensões a nenhuma plateia. Então o impacto: uma lagoa, um final de tarde de céu aquarelado, barcos, e tudo acaba quase em cartão postal.
Moral da história: é indo não sei onde que se encontra não sei o quê.

De antigamente

 

Meus avós tinham uma pasta grande, cheia de papeis e outros mistérios. Havia algumas gravuras ali. Uma das que conservo é esta, do clássico anjo da guarda que protege um menino e uma menina que atravessam uma ponte insegura, cruzando águas revoltas que se confundem com as vestes do anjo. A menina protege o menino, e tenho a impressão de que cuida dele e procura acalmá-lo. Um chavão? Sem dúvida. Esteriótipo? Sim. Diria que é kitsch mesmo, mas nem por isso deixa de ser um clássico do imaginário.