Era uma vez... Aliás, faz de conta que era uma vez, quando eu ainda ouvia os fantasmas, que encontrei esse bonequinho de pano e louça em uma loja tipo 1,99. Deve ter custado 6,99. Faz tanto tempo que nem me lembro mais qual era a moeda. Achei tão delicado. Lendo um livro, fumando cachimbo, usando óculos. Acomodei ao lado dele um pequeno cesto cheio de cachorrinhos. Combinou. Passou a morar em uma das minhas estantes. Às vezes eu o derrubo. Ele cai e invariavelmente perde a cabeça que eu, depois de achar caída em algum lugar não muito longe do desastre, volto a colar. Penso que nem o Highlander superaria um trauma assim. Mas ele, o velhinho (chamo-o de velhinho) supera. Um dia achei uma velhinha confeccionada nos mesmos moldes. Pensei na hora e comprar e torná-la companheira dele. Mas tinha cara de chata. Na hora decidi que só ia incomodar. Afinal, ele gosta de ler e de fumar. Vai que ela, que sequer tricotava, inventa de chatear o velhinho na estante. Não. Melhor assim. Letras e fumaça já está de bom tamanho. Ninguém precisa de gente chata...
O velhinho segue mudando às vezes de prateleira na estante grande. Já morou em outras. Inclusive na estante onde residem os livros místicos (cada coisa que vocês nem imaginam). Ultimamente se acertou nos jurídicos, o canto histórico. E por aí vai.
Por que tudo isso? Por nada. Simplesmente porque ainda me recordo de quando eu fazia de conta que, sim, era uma vez. De verdade.
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