O Elefante do Marajá

O discípulo partiu muito contente. Em seu caminho, encontrou o elefante do Marajá. Não se afastou do caminho, pensando: "Se sou o Atman e o elefante também é, ele me reconhecerá," Mesmo quando o condutor do elefante gritou para que ele se afastasse, não lhe deu ouvido, de sorte que o elefante golpeou-o com a tromba jogando-o a vários metros de distância. Todo machucado foi procurar no dia seguinte o Mestre e lhe disse : "— Você disse que o elefante e eu éramos Atman, e veja que ele me fez. O Mestre, sem perder a calma, indagou: "— E o que lhe disse o condutor do elefante? — Que me afastasse do caminho. — Você deveria ter seguido seu conselho, disse o Mestre, porque o guia do elefante também é o Atman. . ."— Ah, os hindus têm respostas para tudo. Sabem muito! E Jung riu-se com vontade, alegremente. — Vivem nos símbolos, disse eu; estão penetrados, compenetrados neles, mas não os interpretam nem apreciam quando alguém o faz, pois isso seria de certa forma destruí-los... O senhor interpreta os símbolos... Não me surpreendo pois que sua obra não seja mais amplamente conhecida e discutida na Índia, apesar de sua grande dedicação à cultura hindu e ao Oriente em geral. . .

SERRANO, Miguel. O Círculo Hermético Hermann Hesse a C. J. Jung. Fonte digital Scribd.