Eu sei, Senhor, que não mereço nada
mas ponho em tuas mãos humildemente
meu coração que sofre. E, resignada,
minh’alma guarda, confiante e crente.
Quando eu chegar ao termo da jornada
em que a Morte, emboscada, espera a gente,
tem pena de minh’alma amargurada,
vê que eu também sou filho – e sê clemente.
Perdoa-me, meu Deus, se eu sou culpado,
se tanto crime fiz, tanto pecado,
que hoje choro contrito, - e dá, Senhor,
que no coro glorioso, que te exalta,
no céu profundo, não se sinta a falta
de minha voz cantando o teu louvor.
Medeiros e Albuquerque ( 1867 - 1934)