Protesto!



Eu estava em frente ao MASP, São Paulo, pronta para ver a exposição de Caravaggio, quando me deparei com vários cartazes desse tipo, todos anunciando o fim do mundo para dezembro agora, dia 20, portanto, ainda antes do próximo Natal. No fim, desisti de ver a tal exposição diante do número exagerado de pessoas, filas enormes, etc. Caravaggio não merece isso, de jeito nenhum! Em compensação, adorei ver o sucesso dos cartazes entre o público presente. Muito estranho. A ver se vai mesmo acontecer o tal grande terremoto que vai destruir São Paulo. Sinceramente, espero que os tais alienígenas, que pretendem levar a efeito esse tal apocalipse, mudem de ideia... Será que não têm nada melhor para fazer? Onde já se viu destruir São Paulo? Minha cidade favorita, ora! Querem acabar com o Terraço Itália, com o meu lindo edifício branco do Banespa, com a Estação da Luz, maravilhosa... Querem dar fim à Pinacoteca, onde passo tardes inteiras apreciando os quadros de Almeida Júnior... Querem dar cabo da Catedral da Sé, com sua cripta subterrânea cheia de mortos famosos que ainda nem saíram na Revista Caras, é? Querem acabar com Congonhas, por onde se chega à noite espiando por entre as janelas dos prédios mais altos; acabar com o meu Centrão e com os noias e seus cobertores? Onde vou comer tempurá? Onde vou comer meu Virado à Paulista delicioso de raspar o prato todinho? Onde vou tomar o melhor café do mundo? Esses insensíveis alienígenas, então, estão pensando o quê, hem? Pretendem assim, sem mais nem menos, aniquilar a minha cidade de adoção e pensam que vou deixar por isso mesmo? Eu não! Eu protesto, viram?  Não pretendo ser privada de sentir o cheiro de comida que invade São Paulo, sem a Praça da República, sem a Estação Júlio Prestes, sem trens e sem metrô para passear. Fora as maravilhas de cemitérios daquela cidade! Ora já se viu! Destruir São Paulo! XÔ, alienígenas! XÔ! Vão catar coquinho na lua, vão!