"Cada um ouve conforme o seu coração e a sua inclinação. Deus nos livre de um coração mal inclinado. Se ouvir um Te Deum laudamus, há de dizer que ouviu uma carta de excomunhão. Os que ouvem, são os ouvidos; mas os que ouvem bem, ou mal, são os corações."
Vieira
Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
A propósito da racionalidade
"A
verdadeira racionalidade, aberta por natureza, dialoga com o real que lhe
resiste. Opera o ir e vir incessante entre a instância lógica e a instância
empírica; é o fruto do debate argumentado de ideias, e não a propriedade de um
sistema de ideias. O racionalismo que ignora os seres, a subjetividade, a
afetividade e a vida é irracional. A racionalidade deve reconhecer a parte de
afeto, de amor e de arrependimento. A verdadeira racionalidade conhece os
limites da lógica, do determinismo e do mecanicismo; sabe que a mente humana;
sabe que a mente humana não poderia ser onisciente, que a realidade comporta
mistério. Negocia com a irracionalidade, o obscuro, o irracionalizável. É não
só crítica, mas autocrítica. Reconhece-se a verdadeira racionalidade pela
capacidade de identificar suas insuficiências."
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do
futuro. São Paulo:
Cortez, 2011.
Pequenas lutas
"Car il se fait beaucoup de grandes actions dans les petites luttes. Il y a des bravoures opiniâtres et ignorées qui se défendent pied à pied dans l'ombre contre l'envahissement fatal des nécessités et des turpitudes. Nobles et mystérieux triomphes qu'aucun regard ne voit, qu'aucune renommée ne paye, qu'aucune fanfare ne salue. La vie, le malheur, l'isolement, l'abandon, la pauvreté, sont des champs de bataille qui ont leurs héros; héros obscurs plus grands parfois que les héros illustres."
Victor Hugo
Imagem: Victor Hugo em 1875, aos 73 anos, por Comte Stanisław. Fonte: Wikimedia Commons
Porque são necessárias muito grandes ações nas pequenas lutas. Há bravuras obstinadas e ignoradas que se protegem passo a passo na sombra contra a invasão fatal das necessidades e torpitudes. Nobres e misteriosos triunfos que ninguém vê, a que nenhuma celebridade paga, que nenhuma fanfarra saúda. A vida, a infelicidade, o isolamento, o abandono, a pobreza, são campos de batalha que têm seus heróis; heróis obscuros, maiores às vezes que os ilustres heróis.
Victor Hugo
Imagem: Victor Hugo em 1875, aos 73 anos, por Comte Stanisław. Fonte: Wikimedia Commons
Porque são necessárias muito grandes ações nas pequenas lutas. Há bravuras obstinadas e ignoradas que se protegem passo a passo na sombra contra a invasão fatal das necessidades e torpitudes. Nobres e misteriosos triunfos que ninguém vê, a que nenhuma celebridade paga, que nenhuma fanfarra saúda. A vida, a infelicidade, o isolamento, o abandono, a pobreza, são campos de batalha que têm seus heróis; heróis obscuros, maiores às vezes que os ilustres heróis.
Da alma vulgar
"O característico do momento atual é que a alma vulgar, sabendo-se vulgar, tem o denodo de afirmar o direito da vulgaridade e o impõem onde queira."
ORTEGA Y GASSET, José. A rebelião das massas. Trad. J. Catoira e Major Cláudio Barbosa. São Paulo: Edições e Publicações Brasil Ltda, 1933, p. 15.
Imagem: Ortega y Gasset em fotografia feita para publicação pela imprensa na década de 1920. Fonte: Creative Commons
ORTEGA Y GASSET, José. A rebelião das massas. Trad. J. Catoira e Major Cláudio Barbosa. São Paulo: Edições e Publicações Brasil Ltda, 1933, p. 15.
Imagem: Ortega y Gasset em fotografia feita para publicação pela imprensa na década de 1920. Fonte: Creative Commons
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