O livro trata do julgamento de Urbain Grandier e do episódio de possessão demoníaca que teve lugar no convento das Ursulinas de Loudun, na França do século XVII. Esses eventos são explorados como exemplos da forma como a justiça institucionalizada pode servir como instrumento de poder, legitimando práticas que se distanciam da verdade ou da justiça em seu sentido mais puro. A autora fundamenta sua análise em uma ampla gama de fontes primárias e secundárias. Além de uma investigação histórica, o livro dialoga com questões contemporâneas ligadas à história social e à psicologia social, examinando como as sociedades definem e tratam conceitos de desvio e normalidade. A metodologia empregada combina a análise histórica com a teoria crítica da psicologia social, buscando revelar as estruturas subjacentes de poder que moldam processos sociais e investigar como as pessoas podem resistir e transformar essas estruturas. A própria história é assim tratada como um campo de disputa onde diferentes narrativas competem por hegemonia, enquanto a psicologia social ajuda a compreender como essas narrativas moldam percepções e comportamentos. A figura de Jeanne des Anges é particularmente destacada, revelando as complexas dinâmicas de gênero e poder na sociedade do século XVII. A análise mostra que, mesmo confinadas, as mulheres desempenhavam papéis ativos e influentes, capazes de manipular e subverter as estruturas de poder da época. Este livro convida o público acadêmico a refletir sobre a natureza do poder e da justiça, desafiando as narrativas oficiais e promovendo uma compreensão mais profunda dos mecanismos sociais que moldam a vida coletiva.
Disponível em: https://www.amazon.com.br/dp/B0DDK19V7V
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