“Um homem nunca é completamente miserável quando ele é supersticioso. Uma superstição é frequentemente uma esperança.” Esta citação de Honoré de Balzac, extraída de sua obra La peau de chagrin, nos remete à complexa relação entre superstição e a condição humana.
Você é supersticioso? Bate na madeira, evita passar por baixo de escadas? Isso não é incomum. Todavia, embora a superstição seja vista, muitas vezes, como uma crença irracional ou como uma forma de ignorância, verdade é que ela pode, paradoxalmente, oferecer um alicerce de esperança em tempos de incerteza.
Quando a vida se torna desafiadora e as circunstâncias parecem opressivas, as superstições podem servir como um mecanismo de enfrentamento. Elas proporcionam um sentido de controle em um mundo caótico, permitindo que as pessoas se apeguem a rituais e crenças que, embora não tenham base científica, oferecem conforto psicológico, além de uma base tradicional enraizada nos costumes.
Balzac, ao afirmar que a superstição é uma forma de esperança, nos mostra que crenças e até mesmo crendices populares podem ser um reflexo do desejo humano por segurança. Em momentos de desespero, a crença em um amuleto da sorte ou em um ritual específico pode trazer um alívio temporário, uma sensação de que, de alguma forma, o destino pode ser moldado ou influenciado.
Além disso, a superstição revela muito sobre a cultura e a psicologia de uma sociedade. As crenças supersticiosas variam amplamente entre diferentes culturas e épocas, refletindo as ansiedades e os valores de cada grupo. Assim, ao estudar as superstições, entendemos melhor o indivíduo e a coletividade, suas tradições e seus desafios.
Portanto, Balzac nos faz pensar. Afinal, superstições são apenas crendices ou expressões legítimas de esperança? Depende. Quando razão e a lógica dominam, as superstições nada significam; mas quando consideramos os valores sociais, os costumes, as crenças e desejos de uma sociedade, não se pode deixar de reconhecer o valor das crenças que, mesmo sem fundamento, oferecem um fio de esperança em meio à miséria. E além disso, não custa nada bater na madeira. E desviar das escadas. Porque, embora nenhum de nós, em sã consciência, acredite em bruxas...