Os falsos messias que até agora vimos fizeram prodígios de qualidade muito inferior, e aqueles que os seguiram provavelmente não eram muito difíceis de se seduzir. Mas quem sabe o que o futuro nos reserva? Se pensarmos que esses falsos messias nunca foram senão instrumentos mais ou menos inconscientes entre as mãos daqueles que os suscitaram, e se nos reportarmos em especial à série de tentativas sucessivamente feitas pelos teosofistas, somos levados a pensar que tudo isso foram apenas ensaios, de certa maneira, experiências que se renovarão sob diversas formas até que o êxito seja alcançado e que, entretanto, sempre conseguem provocar certa perturbação nos espíritos. Aliás, não acreditamos que os teosofistas nem os ocultistas sejam capazes de realizar, por si mesmos e com pleno êxito, tal empreendimento. Mas não haveria, atrás de todos esses movimentos, qualquer coisa de igualmente temível, que os seus chefes talvez nem conhecessem e de que eram, por sua vez, os simples instrumentos?
Nota: RENÉ GUÉNON, (n. em Blois, França, 1886; m. no Cairo, 1951), autor dessa citação instigante, foi um grande esoterista e, como escritor, escritor não deixou muito a desejar. Estudou, em Paris, Matemática e Filosofia. Autor de diversas obras sobre hinduísmo e ocultismo em geral. Crítico da Teosofia, escreveu a obra História de uma Pseudo-Religião, em 1928.