Os Muitos Sentidos da Transgressão e do Pecado

Muito a seu modo, filósofos, artistas e poetas definiram e conceituaram aquilo que depois foi, pouco a pouco, reivindicado por legisladores, cientistas e demais corporações do saber preocupadas em tornar formalmente explícitas certas situações onde a transgressão social parecia merecer castigos e punições. Afora a contribuição formal e bastante específica dos legisladores, que começam mesmo como representantes da divindade, editando proibições e limites, ao mesmo tempo em que estabelecendo penas, houve a voz do artista, a voz do filósofo e a voz do poeta, plano de fundo que realçam as formas onde quase sempre acontecia especial destaque para o crime e para o criminoso, enfim, para o transgressor. Encontramos, e podemos mesmo identificar com certa facilidade ao longo da história, um nítido espírito de denúncia que nos aponta este transgressor, inserindo-o num cenário muitas vezes dramático. Não é incomum o destaque dado ao herói antigo, — que muitas vezes desafia a lei positiva dos homens, — mas que encarna, todavia, o espírito de justiça, apontando um desajuste ou descompasso entre os planos formal e ideal que é denunciado na obra.

A Sociedade Vive de Verdades

Uma verdade é descoberta por um sábio. Contai os mentirosos que a exploram, desde os industriais que a colocam em seus prospectos até os teóricos que a alojarão, bem ou mal em seus sistemas. Alguém descobre que existe ferro no sangue; em seguida, cem farmacêuticos colocam à venda pílulas de ferro de eficácia mais ou menos duvidosa proclamada incontestável por mil certificados de médicos mais ou menos convencidos. A vulgarização das ciências seria moralizadora, se ela contribuísse para desenvolver a veracidade. Mas ela não produz esse efeito senão que sobre uma muito fraca parte do público, a saber, não sobre o fabricante ou o político que fazem da ciência um instrumento de dominação e de riqueza, nem sobre o romancista ou o poeta que lhe pedem novas emoções, mas apenas sobre o sábio que emprega a ciência para fazer progredir a ciência, modo de emprego muito especial e muito raro. O organismo social, em suma, defende-se contra a verdade que o assalta de toda parte, como o organismo natural, contra as intempéries e as forças físicas. Ele precisa dela, como o ser vivo precisa de agentes exteriores, contra os quais, todavia, está em luta constante, e sem os quais ele morreria. Do mesmo modo, a sociedade vive de verdades, de conhecimentos sempre renovados; ela consome, para se lhes assimilar, todos aqueles que seus sábios e seus filósofos lhe fornecem. Estes últimos estão situados nos confins do mundo social que eles estão encarregados de colocar em relação com o universo, quase como as células epidérmicas e os tecidos do olho recebem o choque das vibrações aéreas ou etéreas e as transmitem ao interior do corpo, onde se rompem em mil fragmentos e se alteram de mil maneiras[1].

[1] TARDE, Gabriel. La Criminalité Comparée, 7ª edição, Alcan, Paris, 1910, 215 páginas, pág. 208.

Menstruum

Alkahest em alquimia. Usado para dissolver e coagular simultaneamente, porque óvulo carrega vida e forma do menstruum também chamado de Mercúrio dos Filósofos.

Vitrais


A luz filtrada por vitrais possui um encanto todo seu, que convida à reflexão. É uma luz cheia de silêncios, representativa de tudo o que só se revela mediante condições muito especiais.

A Tríade Neoplatônica

A tríade neoplatônica – o Uno, a Inteligência e a Alma do mundo – foi apresentada por Macróbio na seguinte forma: o Bem, a Inteligência e a Alma. O Bem é o princípio e a fonte da Inteligência; esta, o princípio e fonte da Alma. A Inteligência contém as idéias e os nomes; a Alma as almas individuais. Em um sentido semelhante às religiões de mistérios e aos Oráculos caldeus, Macróbio também concebeu as almas individuais como espíritos caídos das esferas superiores para a matéria, e que ao passarem pelas esferas adquiriram suas faculdades, desde a razão até o impulso da nutrição. Estes espíritos estão ligados em sua parte superior às esferas celestes, que constituem sua pátria e para a qual ascendem após terem sido liberadas da prisão do corpo – FERRATER MORA, José. Dicionário de Filosofia.http://www.ferratermora.org/ency_filosofo.html
Ref.: Macróbio