Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
Imaginação
Eu acredito, sim, nos Mestres do Imaginário. O mestrado da imaginação é essencial à vida, ao menos àquela vida que se quer vivida em sua quintessencialidade. E eu creio que a quintessencialidade da vida se chama imaginação. Porque o que é imaginado deve ser percebido, de certo modo que eu não sei como explicar. É certo que o dado sensível, — seja ele a luz, seja o som, seja mesmo as doçuras e as amarguras —, consiste em matéria da percepção. Mas... e a imagem? E o imaginado? Não é ele também um real? Não é construído a partir do que já foi percebido, e não é por isso percebido também? Eu não sei. Mas eu penso. Eu imagino, e minha imaginação é toda penetrada de razões. E essas elucubrações todas, enfim, fazem parte das ricas inutilidades nas quais vale pena investir o meu precioso tempo: minhas próprias banalidades. Essenciais.
Pontes
As pontes fazem sentido. Elas ligam pontos, criam espaços que, sem elas, não seriam jamais percorridos. Pelas pontes se foge, pelas pontes se chega. Seja para chegar, seja para ir embora, as pontes são servis em sua natureza de não lugares.Não lugares, sim, pois por elas se passamos sem nos deter. E como são passagem apenas, não acumulam memórias... exceto quando... quando nos atiramos de cima delas rumo ao nada, ou quando são lindas, atraentes, vistosas, turísticas. Pontes me encantam, por alguma razão que eu desconheço.
Revolta contra o mundo moderno
"Les choses en sont arrivées à un point tel que l'on se demande aujourd'hui qui serait capable d'assumer le monde moderne, non dans quelqu'un de ses aspects particuliers, mais en bloc, jusqu'à en percevoir le sens final. Or ce serait là l'unique point de départ.
Mais il faut, pour cela, sortir du cercle fascinateur. Il
faut savoir concevoir ce qui est autre - se créer des yeux neufs et des
oreilles neuves pour des choses devenues, du fait de l'éloignement, invisibles
et silencieuses. Ce n'est qu'en remontant aux significations et aux visions
antérieures à l'apparition des causes dont découle la civilisation actuelle,
qu'il est possible de disposer d'une référence absolue, d'une clef pour la
compréhension effective de toutes les déviations modernes - et de pourvoir en
même temps d'un rempart solide, d'une ligne de résistance inébranlable, ceux
auxquels, malgré tout, il sera donné de rester debout. Et aujourd'hui,
précisément, seul compte le travail de celui qui sait se tenir sur les lignes
de crête: ferme dans ses principes, inaccessible à toute concession,
indifférent aux fièvres, aux convulsions, aux superstitions et aux
prostitutions au rythme desquelles dansent les dernières générations. Seule
compte. la résistance silencieuse d'un petit nombre, dont la présence
impassible de «convives de pierre »sert à créer de nouveaux rapports, de
nouvelles distances, de nouvelles valeurs, et permet de constituer un pôle qui,
s'il n'empêche certes pas ce monde d'égarés d'être ce qu'il est, transmettra
pourtant à quelques-uns la sensation de la vérité - sensation qui sera
peut-être aussi le début de quelque crise libératrice.
Dans la limite des possibilités de son auteur, ce livre
entend contribuer à cette oeuvre. Sa thèse fondamentale est l'idée de la nature
décadente du monde moderne. Son but est de prouver cette idée, en se référant à
l'esprit de la civilisation universelle, sur les ruines de laquelle a surgi
tout ce qui ,est moderne: ceci comme base de toute autre possibilité."EVOLA, Julius. Révolte contre le monde moderne. Ottawa: Le Éditions de l`Homme, 1972.
Em 2004
"Não me tente com
presentes! Já pensou se eu aceito? Vivo cercada de ácaros por todos os lados,
ácaros franceses, principalmente. Sou frequentadora de sebos também. Não posso
prometer traduzir as 964 páginas de Dumas, mas, se você me mandar cópias dos
capítulos que desejar ler em português, farei com a maior boa vontade.
Ultimamente, estou traduzindo apenas “contracultura”... Explico: obras sobre
Maçonaria. Mas, eu falasse sobre isso, encheria páginas... Ainda mais que não é
coisa de mulher! Trata-se de um universo à parte, aquele das sociedades
secretas."
Pós-Guenonismo
"Todos os eventos mundiais ao nosso redor (a queda do rublo, conflitos militares, quedas de governos, novas descobertas arqueológicas) são parte de um conflito entre dois campos opostos. Um polo é um minúsculo campo de pós-guenonistas, quase inexistente, como um único grão em um deserto, o outro é um gigante do campo liberal da linguagem da pós-modernidade, que reivindica a dominação global. O pequeno campo do pós-guenonismo é, porém, herdeiro de um imenso domínio ontológico que está concentrado na linguagem da Tradição. Nele há uma incrível riqueza de significados. E estes significados estão vivos, eles se movem, tal como continentes ascendem e decaem. Essa é a vida real, que pode ser qualquer coisa, boa, má, bem sucedida, desastrosa, mas isso é vida. As tradições diferem: sinistras, benévolas, às vezes em conflito. Mas isso não é tão importante, porque somente nelas, no mundo da linguagem da Tradição, no mundo do tradicionalismo concentra-se hoje um enorme poder existencial real, que contrasta sua riqueza interior e pobreza exterior com o padrão oposto da paz liberal baseada na limpa e polida linguagem da modernidade, onde propagandas cintilantes abundantes acobertam um vácuo semântico sufocante."
Aleksandr Dugin
Aleksandr Dugin
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