Assimilação

O deserto que petrifica, também dissolve e assimila. Ação do vazio sob a luz intensa, direta, que não admite nem mesmo o alívio das sombras. Como representar esse processo doloroso que acontece quando, de roldão, nossa individualidade se relativiza, dissolve e é, enfim, passivamente assimilada? Perder-se de si é expor-se, passivamente, a esse processo. Em que pese o espaço do si mesmo se dimensione de mil maneiras e não corresponda sempre exatamente àquilo que se entende como zona de conforto, ainda assim, é ali o lar do eu de cada um, eixo em torno do qual gravitamos quando tudo o mais é não eu. Existir é contrapor-se ao mundo. Existir é conhecer a dor de uma consciência que só se assimila pela entrega consciente: pelo arcano sacrificial.

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