Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
Águas lunares
O que dizer das águas lunares? Como sabê-las? Belas águas e luas são aquelas que habitam a imaginação dos homens, instigados, há milênios, a decifrar coisas do céu e coisas da terra. Água e Lua, provocativas e cambiantes, encantam e fascinam a humanidade desde tempos que refogem ao alcance de nossas memórias. E ainda que nossa humilde Lua não passe de um satélite, corpo celeste empobrecido de grandeza diante de um universo repleto de infinitos, e ainda que mares e oceanos sejam meramente H2O em sua maior parte, no fundo, no fundo, alguma coisa inerente à nossa humanidade persiste duvidando da razão. Não fosse assim, não festejaríamos tanto essas águas matrizes e mães, purificadores e sacralizadas. Mares e oceanos potencializados pela luz do luar fertilizam a imaginação. Águas lunares. Ciclos eternos encadeando a vida que se renova em cada morte individual, em cada ser que, fatalmente, deixa de existir como si mesmo e, afundando no azul profundo, segue os reflexos incertos que servem de ladrilho ao caminho cuja existência é tão teimosamente afirmada. Confesso que ouço encantada toda essa poesia, mas que nada sei. O que importa mesmo é que os homens continuem a acreditar, a imaginar, a terem neles a esperança que os Mestres já não têm mais.
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