As instituições primitivas, de que se falou mais acima, transformam-se conforme as circunstâncias em associações políticas, religiosas ou sociais de uma imensa variedade de formas. Levando em conta a entrada em cena do cerimonial ainda em moda dos selvagens atuais, distinguem-se seis grupos de instituições que derivam dos usos mais antigos.
Primeiro vêm as sociedades secretas político-mágicas, compostas de feiticeiros, de adivinhos e de curandeiros mais ou menos convincentes. Ocasionalmente cultos proscritos, considerados imorais, perpetuando-se secretamente e dando lugar a sabbats como aqueles da Idade Média. Ocorre também que a essas corporações não falta seriedade, ao menos quanto às provas que elas impõem aos candidatos. Os peles vermelhas procedem nisso a verdadeiras iniciações.
Em segundo lugar vêm as cerimônias de clã, que se relacionam ao culto familiar e dos ancestrais. Dessa fonte derivam frequentemente as pompas oficiais e as religiões de Estado. Essas cerimônias tiveram tal importância na antiguidade, que Fabius, em plena campanha contra Aníbal , acreditou dever deixar o exército para ir oferecer, em tempo e lugar, sacrifícios prescritos pelas tradições da gens Fabiana , da qual ele era o chefe.
Na terceira categoria, entram todas as confrarias religiosas que impõem um noviciado preparatório à vida espiritual, inacessível ao comum dos mortais. A perfeição moral é o objetivo que perseguem essas instituições, quer sejam elas cristãs, budistas ou muçulmanas; mas elas cometem o erro de se colocarem fora da grande corrente da vida normal; também sua obra é estéril, ou ao menos desproporcionada em seus resultados relativamente ao esforço empregado e aos sacrifícios consentidos.
Em quarto lugar colocam-se os mistérios da Antiguidade, cujo objetivo essencial era a procura das verdades escondidas. Os adeptos eram todos instruídos sob o selo do sigilo de noções que seria perigoso difundir publicamente.
Sob a quinta rubrica alinham-se as confraternidades formadas por homens que exercem uma mesma profissão. A arquitetura deu lugar, sob tal relação, aos primeiros agrupamentos, como provam os colégios de construtores romanos e os irmãos pontífices, especialmente encarregados da construção de pontes. A Idade Média generalizou as organizações profissionais, baseando toda vida municipal sob o regime corporativo.
Resta mencionar as associações filantrópicas e as mutualidades que são muito antigas. É assim que os romanos se cotizavam para assegurar a realização, a seus descendentes, de ritos funerários de acordo com suas crenças .
A Franco-Maçonaria moderna não se relaciona a nenhuma dessas categorias, porque não é possível inseri-la na quinta, visto ter deixado de ser uma corporação de artistas construtores. Nela sintetizam-se múltiplas tendências, ainda que, de certo modo, nossa instituição se relacione a cada uma das categorias consideradas pelos sociólogos.
Importa, todavia, estabelecer as distinções necessárias, apenas para terminar de caracterizar a confraternidade maçônica.
Oswald Wirth
Fonte: WIRTH, Oswald. LaFranc-Maçonnerie rendue intelligible àses adeptes. Le Maître. Paris: Dervy, 2003.
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