Disponível em: O PEQUENO ORÁCULO DASEMOÇÕES
Mestres do Imaginário
Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
O PEQUENO ORÁCULO DAS EMOÇÕES
O PEQUENO ORÁCULO DAS DEZ UNIDADES
Nossa contemporaneidade é veloz, e as incertezas nos cercam. Quem não procura respostas? Entre o visível e o invisível, entre a razão e a intuição, existe um espaço de descoberta. "O Pequeno Oráculo das Dez Unidades" é um convite para essa jornada. Este oráculo não pretende substituir os métodos tradicionais de leitura de cartas, mas oferecer uma ferramenta simples, contemporânea e intuitiva para aqueles momentos de dúvida e de busca por clareza. Reunindo dez cartas com imagens criadas por meio de IA, "O Pequeno Oráculo das Dez Unidades" aborda alguns aspectos essenciais da experiência humana, propondo uma leitura lúdica e reveladora. Seja para um iniciante curioso ou para um conhecedor das artes divinatórias, seu manejo proporciona uma experiência leve e enriquecedora, onde intuição e conhecimento se entrelaçam em busca de compreensão e transformação. Não há previsões fixas nem verdades absolutas, mas um convite à liberdade de escolha e à percepção do que nos rodeia. Afinal, a magia da vida está em nossa capacidade de compreender, transformar e seguir adiante, guiados pela força de nosso próprio caminho. Abra este livro, explore as cartas e permita-se um instante de conexão consigo mesmo.
Disponível na AMAZON
Trovões silenciosos?
Olha. Houve recentemente uma forte chuva e, aqui de casa, cheguei a filmar da sacada. Moro em frente a vários prédios. Chuva forte, céu carregado de nuvens. Todavia, eram tantos os relâmpagos, mas tantos, que tudo piscava, como se alguém se divertisse acendendo e apagando luzes. Assim foi por bastante tempo. Cheguei a filmar o acende apaga dos relâmpagos. Porém, estranhamente, não se ouvia nenhum barulho de trovões. Relâmpagos não precedem raios e raios não fazem barulho? Lembro até que muitas vezes se sabe se o raio "caiu" longe ou perto pela demora da "chegada" do som do trovão. Sei que isso deve ter uma boa explicação. E tem.
Relâmpagos são uma descarga elétrica que ocorre entre nuvens ou entre uma nuvem e a terra. Raios são o som dessa descarga elétrica que viaja pelo ar. Relâmpagos "acendendo e apagando" sem que se ouça trovões é um fenômeno chamado "relâmpago silencioso" ou "raios secos". Quando o raio ocorre muito alto na atmosfera, na camada mais alta das nuvens, a onda de som se dispersa. Em áreas urbanas, com prédios e outros obstáculos, as ondas sonoras podem ser bloqueadas ou refletidas, criando uma sensação de que não há trovões. O clima também pode influenciar, já que a umidade ou a temperatura do ar pode alterar como o som se propaga.
Bem isso explica o silenciamento dos trovões. Seu som não chegou a se propagar de forma clara ou se dirpesou na atmosfera. Bem curioso, não? Seja como for, me pareceu estranho. Ao telefone com uma amiga, comentei o mistério. Ela é uma pessoa que adora futricar e descobrir teorias conspiratórias. Não demorou nada para o assunto chegar nos manipuladores do tempo. Aparelhos misteriosos que provocam incêndios nas florestas, enchentes terríveis, ondas de calor etc. Por que não? Afinal, não existe o HAARP? Bem, o High-Frequency Active Auroral Research Program é um dos "alvos" mais comuns em teorias conspiratórias sobre manipulação do clima. HAARP é a sigla que designa um programa de pesquisa do governo dos Estados Unidos que tem como objetivo estudar a ionosfera. Até aí tudo bem, mas… há quem afirme que o HAARP é capaz de manipular o clima, criando tempestades, terremotos e até modificações no clima de grandes áreas. Até hoje, não há nenhuma evidência concreta que comprove essas alegações, mas a ideia persiste, naturalmente.
Além do HAARP, outra interessante teoria fala da manipulação do clima por meio de tecnologias de geoengenharia. Claro, o governo assim como algumas organizações secretas poderiam lançar substâncias na atmosfera. Bem, aerossóis gigantes para controlar a temperatura global? Bem, sempre os governos e as tais sociedades secretas. Por que não? Afinal, desastres naturais como furacões, enchentes e incêndios poderiam, “na verdade”, ser provocados por tecnologias avançadas.
Ora, é claro que, “oficialmente”, a ciência está bem longe de controlar o clima de forma tão precisa e catastrófica quanto essas teorias nos sugerem. O clima é algo complexo. É influenciado por uma variedade de fatores naturais, como correntes atmosféricas, radiação solar, padrões de vento e outros processos ambientais que não são completamente compreendidos. No entanto, as teorias conspiratórias continuam populares.
A ideia de que há forças ocultas agindo nos bastidores é uma ideia sedutora, porque fica na fronteira onde a ciência encontra a ficção. Pessoalmente, eu gosto de entender como essas histórias se espalham, já que elas refletem tanto o medo quanto a imaginação humana sobre o poder de controlar a natureza. Não sei o que você pensa sobre isso, mas acredito que essas teorias trazem à tona o fascínio por tudo que é "desconhecido". E o desconhecido, justamente por ser assim, acaba por se tornar um "produto" muito disputado no mercado dos saberes.
OS GATOS E A REDE HARTMANN
Você sabia que, há décadas, pesquisadores afirmam que o planeta é cruzado por uma rede invisível de "linhas de energia" que podem influenciar diretamente nosso bem-estar? É isso mesmo. Confesso que não sabia e que, até algumas horas atrás, ignorava-o por completo. Todavia, na rapidez da WEB, eis que um coach fez de mim uma pessoa um pouco menos ignorante.
A ideia das "Linhas de Hartmann" foi proposta por Ernst Hartmann (1915-1992), o que não surpreende. Consta que ele foi médico e radiestesista. Era alemão e dedicou boa parte de sua vida ao estudo das interações entre as energias naturais da Terra e a saúde humana. Segundo ele, nosso planeta é atravessado por uma malha de campos de energia que ficaram conhecidas como "rede Hartmann". Como esses campos formam, de fato, uma "rede", elas se cruzam em alguns lugares, e esses cruzamentos podem influenciar nossa saúde de forma positiva ou negativa, dependendo de onde passamos mais tempo. Seu trabalho foi registrado em livros como Krankheit als Standortproblem ― tem na Amazon, ok? ― onde ele detalha suas observações sobre como esses pontos de energia poderiam estar relacionados a problemas de saúde crônicos.
Mas a questão vai muito além de teoria. Animais, por exemplo, parecem ser altamente sensíveis a essas energias. E aqui entram os gatos. Você já percebeu como eles insistem em deitar-se naquele cantinho que parece tão desconfortável? Pois é, dizem que gatos têm uma espécie de "radar" para essas energias e escolhem instintivamente lugares carregados para transmutá-las. Ou seja, aonde o seu gato vai, talvez você não devesse ir. Mas, tirante o fato de que você não se jogaria do alto de um guarda-roupas nem se enfiaria em uma caixa de areia, no mais, quem pode saber?
Ah, mas eu penso que não são apenas os gatos. Já parou para observar os "moradores mais discretos" da sua casa, como lagartixas ou até mesmo baratas? ― Sim, algumas elas vêm até aqui e se metem entre meus velhos livros, pelo que as suponho cultas. ― Por que esses pequenos seres não seriam, também eles, sensíveis a essas energias? Lagartixas, com seu comportamento reservado, parecem sempre encontrar cantos que oferecem certa "segurança". As baratas? Quem nunca notou como elas parecem fugir desesperadamente de certos pontos da casa, como se fossem repelidas por algo invisível? Coincidência? Ou seria uma resposta a forças que ainda estamos longe de entender? Talvez pesquisas futuras possam lançar luz sobre esses mistérios, quem sabe até criando sensores mais eficazes que meu velho pêndulo radiestésico.
É intrigante pensar que, enquanto seguimos nossas rotinas, podemos estar interagindo constantemente com essas "forças invisíveis" sem percebê-las. Para os mais céticos, isso é apenas pseudociência. Mas para muitos adeptos, especialmente na radiestesia e no feng shui, entender essas redes pode ajudar a otimizar ambientes rumo à conquista de nosso bem-estar e harmonia.
Mas o assunto não para por aí. A rede Hartmann é apenas parte de um quebra-cabeça maior, que inclui outras redes como as Linhas Curry – nada a ver com o tempero -- e as Redes Peyre. Juro que tem isso também! Segundo essas teorias, todas essas "malhas" energéticas podem interagir com as vibrações dos espaços, afetando animais, plantas e nosso humor. De repente, até o fato de você não gostar de um certo cômodo da casa faz sentido, não faz?
Agora imagine: enquanto você dorme, trabalha ou simplesmente relaxa no sofá, pode estar estacionado bem em cima de um cruzamento de energias "complicadas". Pode ser paranoia, mas não se descarta a ideia de tratar-se de algo digno investigação. E o gato da vizinhança, que parece te observar sem piscar? Coincidência? Ou ele sabe de algo que você não sabe?
O mundo é mais complexo do que parece. Talvez não precisemos nos preocupar tanto com a rede Hartmann, mas também não custa ficar de olho nos lugares que os bichanos (e até as lagartixas) escolhem passar o tempo. Afinal, eles podem saber coisas que nós apenas começamos a imaginar. E então? Onde você está sentado enquanto lê isso, hein?
Imagem: IA
EU, O MESTRE, O INCENSO E O NIRVANA
Foi em um daqueles encontros espirituais onde eu estava por acaso. O Mestre me olhou nos olhos. Olhou-me com aquele olhar de quem conhece todos os segredos. Depois de uma longa e dramática pausa, disse-me: "A cura está ao seu alcance. Tudo que você precisa é alinhar sua energia com a do universo, livrar-se das toxinas e abraçar a plenitude de um corpo purificado." Não quis ser rude, afinal, ele só queria me ajudar. A receita? Incenso queimado em todos os cômodos da casa, uma dieta rigorosamente vegana e, claro, muita gratidão. A ideia era simples: transformar minha existência em um oásis de serenidade. Eu, com minha DPOC em fase avançada, só conseguia pensar: "Alcançar o nirvana assim vai ser mais rápido do que ele imagina."
Primeiro veio o incenso. O próprio Mestre me forneceu o material em copiosa quantidade. Tudo original, garantiu. Made in India. A recomendação era clara: "São incensos naturais, feitos com ervas sagradas e resinas puras. Eles transmutam energias negativas." O que o Mestre não explicou é que, na prática, isso significa transformar meu pulmão já debilitado em um reservatório de fumaça digna de uma floresta em chamas. Os vizinhos, preocupados, passaram a perguntar se algo estava pegando fogo. Mas tudo bem, eu estava em busca da cura, certo? Entre um ataque de tosse e outro, eu me lembrava de respirar fundo – ou pelo menos tentar.
Depois veio a dieta. "A
carne é densa, impede a expansão espiritual. Precisamos de leveza," disse
o Mestre, enquanto me entregava uma lista de substituições para meus bifes e
minha coca zero. Tofu, lentilha, espinafre. Confesso: eu tentei. Mas meu corpo,
acostumado a outro tipo de combustível, parecia protestar em silêncio. Aos
poucos, comecei a sonhar com bifes suculentos flutuando em um mar de molho de tomate. Sonhava com bacon também. Com churrasco. Na ânsia de alçar-me à "leveza", todavia, acabei ficando tão leve que quase evaporei.
E claro, havia a gratidão. Todas as noites, eu me sentava no tapete da sala, cercada pelo aroma “sagrado” do sétimo incenso do dia, para agradecer pela minha saúde, pela oportunidade de me purificar e por não ter desmaiado durante o jantar de salada de alface com sementinhas de quinoa por cima. Enquanto isso, o Mestre aparecia em minhas memórias, sereno e iluminado, como quem sabia exatamente o que fazia. E eu me perguntava: “Ele pratica tudo isso ou só me assiste tossir lá de longe?”
Guardadas as devidas proporções e com vênia -- ops! é o meu juridiquês, ok? -- às minhas hipérboles literárias,
sim, o ser humano é, de fato, fascinante. Estamos sempre prontos para buscar
soluções que desafiam a lógica. Queremos transcender, purificar, alinhar
chakras – mas muitas vezes acabamos atropelando a realidade do nosso próprio
corpo no processo. No meu caso, eu sabia que o incenso não ia curar a DPOC, que
tofu nunca seria bife e que talvez, apenas talvez, a plenitude não estivesse
escondida atrás de uma fumaça perfumada. Aliás, nem tanto.
Se algo aprendi com essa experiência foi o valor de manter os pés no chão enquanto exploramos o que nos faz bem. Talvez o Mestre tenha tido -- e não duvido -- as melhores intenções. Talvez ele apenas subestimasse o poder de um bom bife bem preparado e da alegria de abrir uma coca zero, geladinha, especialmente em dias quentes. O importante é lembrar que nem todas as receitas de cura universal são compatíveis com a realidade individual de cada um. Afinal, qual o valor da plenitude se você não puder saboreá-la ao máximo?
Hoje, ainda por aqui, sigo, rindo da lembrança do Mestre -- juro que ele era um fofo --, mas com minha Coca Zero na mão e com um bom e grande bife no prato. Quem sabe a paz não esteja justamente nesse equilíbrio? Porque se o nirvana for à base de tofu e de fumaça de ervas, sinceramente, eu passo.
Imagem: IA criou para você