Um quarto de hora deante da Santissima Virgem

Esse impresso de 1922, Rio de Janeiro, 12 cm x 7,5 cm, dá sentido à oração conhecida como Ave Maria, esclarecendo e explicando a saudação, a graça, o estar com Deus, o abençoado fruto esperado que a torna mãe do próprio Deus, conferindo-lhe a prerrogativa de orar por nós (os pecadores) neste instante (diante dos perigos) como diante da morte.
PDF disponível no meu Scribd, para quem quiser baixar, naturalmente.

Quem foi São Francisco?


Quem foi São Francisco afinal? Historicamente falando, talvez ele não devesse ser identificado à figura do jovem questionador, afinado com a modernidade, com a ecologia, com a globalização, integrando sistemas e redes. A saber se tais questionamentos podem ser formulados com segurança. Nesse diapasão, o livro de Guido Vignelli, publicado em Verona, 2009, pela Fede & Cultura e intitulado SAN FRANCISCO ANTIMODERNO, DIFESA DEL SERAFICO DELLE FALSICAZIONI PROGRESSISTE, com belíssima introdução de Fabio Bernabei: San Francesco: un esempio per gli Italiani di oggi.

Bernabei nos introduz a obra, apresentando-nos um Francisco que teria conseguido harmonizar três características próprias ao espírito italiano: a mística, o amor e a arte combinadas ao senso prático tipicamente romano. Nele encontraríamos equilíbrio espiritual, capacidade de harmonizar realidade com espírito de sacrifício, de doar e de doar-se, espírito artístico, intuição e fantasia. Estariam aí características tipicamente italianas, de sorte que haveria boas razões para que a Itália se tornasse justamente essa terra de santos, sábios, artistas, heróis, exploradores e, — por obra de Deus, afirma—, também a sede do Papado, cumprindo uma missão civilizadora dos povos, inspiradora do Império Cristão.

Após cuidadosa análise da vida desse personagem real, que influi até hoje na Igreja e no mundo, Vignelli, o autor, nos apresenta o movimento franciscano como capaz de mostrar que qualquer um de nós pode almejar à perfeição evangélica, tornar-se religioso, fazendo do coração uma cela, da casa uma ermida, do trabalho um exercício penitencial, do dever uma prática ascética, e tudo sob a máxima: “Pregar em silêncio, edificar servindo, converter obedecendo”. 

Ao homem moderno e em crise, São Francisco representaria um contraponto pelo exemplo de uma vida não independente, mas, ao contrário, completamente dependente de Deus, não livre, mas sob a filial e estrita obediência à Igreja, não arrogante, mas profundamente respeitosa à sociedade e inteiramente dedicada ao serviço do outro. 

De notar, — e reside justamente nisso o questionamento a que o livro se propõe —, que não haveria na vida de Francisco nenhum espaço para um pretenso laicismo comumente atribuído ao santo, nem tampouco espaço para uma santificação do cotidiano, esta última surgida como inovação típica do século XX. Ao contrário, Francisco é resgatado como exemplo de dependência (de Deus), de obediência (à Igreja) e de sacrifício (pelo outro), gestos que não deveriam refletir nem laicidade nem o mundanismo de uma sociedade de consumo, ecumênica e relativista.

Contribuição


 Amigos, filhos da viúva, contribuindo para com o enriquecimento da biblioteca, nada modesta, aliás, dos Mestres do Imaginário. Um tríplice, então.

Santa Teresinha do Menino Jesus

Santa Teresinha do Menino Jesus, também chamada Teresa de Lisieux, foi Marie-Françoise-Thérèse Martin. Nascida em Alençon, França, em 02/01/1873, tornada freira com apenas 15 anos, tinha 24 quando morreu em 30/09/1897, em Lisieux, França, de tuberculose. Foi o Papa Pio X que a canonizou em 17/05/1925, o que a torna uma santa do século XX, pode-se dizer, em termos, moderna. É festejada no dia 1º de outubro, e as rosas são as flores que melhor a representam. Teresa documentou sua experiência religiosa. Deixou manuscritos autobiográficos, poemas, orações e outras peças de caráter religioso, que foram publicados, contribuindo assim para que tornasse popular. Lê-se na Wikipédia que o papa, hoje Santo, João Paulo II, declarou-a Doutora da Igreja: a terceira, e mais jovem mulher, a receber tal título à época, 19/10/1997. A imagem acima é de uma pintura que existe na sacristia da Igreja Santa Teresinha, em Porto Alegre. A igreja em questão é decorada com magníficos afrescos de Aldo Locatelli, que ilustram episódios da vida da santa.

 

A Questão Religiosa no Brasil

“O Catholicismo romano, isto é, o Christianismo completo, com o seu complexo de dogmas invariaveis, de preceitos positivos, impostos á consciência  em nome de Deus pela auctoridade infallivel da Igreja, eis o compensador necessario, o salutar contrapêso, para que a liberdade, nos meios sociaes onde ella mais domina, não degenere em licença.” (BISPO DO PARÁ, p. VIII)

“[...] De que são ainda accusados os Bispos? São acusados de terem condemnado e anatematizado a maçonaria, que é, dizem, ao menos no Brazil, uma sociedade toda licita e de pura beneficencia. Ora os Bispos, declarando a maçonaria uma sociedade condemnada e seus membros, pelo simples facto de n'ella se alistarem, exclusos da communhão da Igreja, não fizeram mais que conformar-se á legislação da mesma santa Igreja, que pelo orgão do Summos Pontífices Clemente XlI, Benedicto XlV, Pio VII, Leão XlI, Pio VIII e Pio IX .(e ultimamente Leão XlII na estupenda Encyclica Humanum genus) tem anathematizado tal sociedade, como perigosa e nociva á. salvação; e estatuido que todo o fiel, de qualquer pais do mundo a que pertença, ao dar o seu nome a uma associação secreta qualquer, já está, por este simples facto, riscado do numero dos membros da santa Igreja de Jesus Christo, e privado de todas as graças e privilegios espirituais que no gremio d'ella gozava” (BISPO DO PARÁ, p. 47-48).

BISPO DO PARÁ. A questão religiosa do Brazil perante a Santa Sé ou a Missão Especial a Roma em 1873 á luz de documentos publicados e inéditos. Lisboa: Lallemant Fréres, 1886.

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Nota. Conservamos a grafia original em ambas as citações. É significativo que se atente bem às implicações contidas no primeiro parágrafo, tomado a uma obra que antecede brevemente à proclamação da República. Tratam-se de dogmas invariáveis em sua natureza que, não obstante teológica, se impõem às consciências em nome de Deus e pela autoridade da Igreja. São justamente esses dogmas que serão o contrapeso, os limites mesmos, impostos à liberdade e que se justificam pelo objetivo que têm em vista, qual seja, o de que a liberdade não degenere em licenciosidade. Diante disso, não há como não se especular acerca de disposições profundas que se inculcavam à sociedade, coletivamente, mediante o emprego de um poder divino que se estabelecia de modo temporal. Por consequência, não é sem surpresa que se vai condenar à maçonaria.