Há janelas que não se abrem para o mundo. Abrem-se para o tempo.Fechadas para o agora, por elas se vê o que foi antes. Sua moldura de madeira lembra um relicário, enquanto a vidraça, sempre embaçada, mergulha na névoa onde dançam as sombras em busca de seus corpos. A luz é ilusão do sol que brilhou ontem. Aquele que contempla esse espelho escuta as vozes dos que se calaram. Depois de algum tempo, a janela torna-se parte de sua visão. O presente o abandona. O vidro torna-se véu. O véu, passagem. A janela é um olhar que conhece o passado e, por aí, abre-se ao futuro. Porque o que foi sempre será, pelo simples fato de ter sido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário