Hoje é 13 de outubro. Não fosse a vida, não fosse a violência, não fossem os desencontros, não fosse a tal pandemia, a enchente, os acasos, não fosse, enfim, tudo aquilo a que damos o nome de contingências, hoje estarias de aniversário. Certo que ias querer fazer um daqueles churrascos de que os amigos gostavam tanto. Assar a carne bem devagar, com Trigo Velho, ou, como gostavas de dizer, Steinhäger. Tinha de ter cerveja, naturalmente. Pudim de leite condensado. Coisas simples, como música. Impossível não lembrar. Abri hoje a minha agenda e lá estava: 13 de outubro. Categórico isso. E irremediável. Porque se trata da morte. Porque se trata do fim. Porque se trata daquilo com que todos ― acho que posso, sim, usar essa palavra tão totalizante. Sim, acho que todos os Mestres do Imaginário se ocuparam dela, a morte. Uns para dar-lhe sentido, outros para lhe negaram, outros para explicarem sua importância. Seja como for, no teu caso, foi uma estupidez. Morte sem qualquer sentido. Interrupção que não se explica nem se aceita. Talvez por isso seja tão difícil de aceitar. Outros morrem também. Verdade, morrem-se tranquilamente alguns. Outros com preparo. Muitos com certa pompa. Mas assim, brutalmente, não merecias. Foi uma estupidez, repito.
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