Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
A Morte de Hiran Escrita nas Estrelas
Trata-se aqui de um detalhe especificamente correlacionado ao Rito Escocês Antigo e Aceito, onde existem as chamadas “Colunas Zodiacais”. Isso significa nada mais nada menos que o caminho do Sol. Dessa forma, a Lenda de Hiran, ― quando e enquanto narrada através da ótica do Rito Escocês Antigo e Aceito, ― admite uma interpretação que propicia a todos vivenciar a morte do Mestre através de uma metáfora astronômica.
Ora, imaginemos que Hiram represente o Sol. O que nos narra a lenda? Narra-nos que o primeiro Companheiro atinge o Mestre com uma régua de 24 polegadas ― imagem das 24 horas que dura cada revolução diurna: primeira disposição do tempo que, após a exaltação do Sol, atenta contra o mesmo, na medida em que se aproxima a noite.
O segundo ferimento é feito com um esquadro de ferro, instrumento este onde figura a intercessão de duas linhas retas, a dividirem em quatro partes iguais o círculo zodiacal, cujo centro significa o coração de Hiram, onde se juntam os quatro ângulos que dividem o círculo zodiacal por quatro estações. Novo ciclo. Nova distribuição de tempo.
O terceiro Companheiro o fere mortalmente na testa com um golpe de malho, cuja forma cilíndrica lembra-nos um anel, ou melhor, um ano, terceira distribuição do tempo, cuja conclusão coincide com o último golpe na existência do Sol.
Indo mais longe, poderíamos figurar Hiram como o Sol ― OSIRIS. ISIS, sua viúva, a Loja, emblema da TERRA, e HORUS, seu filho ― filho de OSIRIS, filho da LUZ, como FILHO DA VIÚVA, o franco-maçom, o iniciado que habita a Loja, o filho da viúva e da Luz.
O que nos diz a Abóbada Celeste? Hiram, prestes a sair do Templo, está às portas do Ocidente. É precisamente o que faz o Sol, supondo que este astro tome por domicílio o signo do cordeiro, no primeiro dia da primavera, evidentemente, no Hemisfério Norte. No último dia do Verão, ― véspera de sua morte, ― estará em Libra, signo da balança, descendo para o horizonte pela Porta do Ocidente.
Ora, examinando a posição que Áries toma no Oriente, veremos, perto dele, o grande Órion, de braço erguido, tendo um maço na atitude de feri-lo. Ao Norte, vemos Perseu, armado, como que pronto a dar um golpe. Temos, então, que o assassinato de Hiram, tomado no estilo figurado ou alegórico, se faz similar à paixão de Osíris, produto da imaginação dos Sacerdotes Astrônomos, que objetivavam narrar o caminho do Sol, identificando-o com o destino do homem, numa escala do micro para o macrocosmo.
Ora, imaginemos que Hiram represente o Sol. O que nos narra a lenda? Narra-nos que o primeiro Companheiro atinge o Mestre com uma régua de 24 polegadas ― imagem das 24 horas que dura cada revolução diurna: primeira disposição do tempo que, após a exaltação do Sol, atenta contra o mesmo, na medida em que se aproxima a noite.
O segundo ferimento é feito com um esquadro de ferro, instrumento este onde figura a intercessão de duas linhas retas, a dividirem em quatro partes iguais o círculo zodiacal, cujo centro significa o coração de Hiram, onde se juntam os quatro ângulos que dividem o círculo zodiacal por quatro estações. Novo ciclo. Nova distribuição de tempo.
O terceiro Companheiro o fere mortalmente na testa com um golpe de malho, cuja forma cilíndrica lembra-nos um anel, ou melhor, um ano, terceira distribuição do tempo, cuja conclusão coincide com o último golpe na existência do Sol.
Indo mais longe, poderíamos figurar Hiram como o Sol ― OSIRIS. ISIS, sua viúva, a Loja, emblema da TERRA, e HORUS, seu filho ― filho de OSIRIS, filho da LUZ, como FILHO DA VIÚVA, o franco-maçom, o iniciado que habita a Loja, o filho da viúva e da Luz.
O que nos diz a Abóbada Celeste? Hiram, prestes a sair do Templo, está às portas do Ocidente. É precisamente o que faz o Sol, supondo que este astro tome por domicílio o signo do cordeiro, no primeiro dia da primavera, evidentemente, no Hemisfério Norte. No último dia do Verão, ― véspera de sua morte, ― estará em Libra, signo da balança, descendo para o horizonte pela Porta do Ocidente.
Ora, examinando a posição que Áries toma no Oriente, veremos, perto dele, o grande Órion, de braço erguido, tendo um maço na atitude de feri-lo. Ao Norte, vemos Perseu, armado, como que pronto a dar um golpe. Temos, então, que o assassinato de Hiram, tomado no estilo figurado ou alegórico, se faz similar à paixão de Osíris, produto da imaginação dos Sacerdotes Astrônomos, que objetivavam narrar o caminho do Sol, identificando-o com o destino do homem, numa escala do micro para o macrocosmo.
Dante
René Guenon (1886-1951)
Os falsos messias que até agora vimos fizeram prodígios de qualidade muito inferior, e aqueles que os seguiram provavelmente não eram muito difíceis de se seduzir. Mas quem sabe o que o futuro nos reserva? Se pensarmos que esses falsos messias nunca foram senão instrumentos mais ou menos inconscientes entre as mãos daqueles que os suscitaram, e se nos reportarmos em especial à série de tentativas sucessivamente feitas pelos teosofistas, somos levados a pensar que tudo isso foram apenas ensaios, de certa maneira, experiências que se renovarão sob diversas formas até que o êxito seja alcançado e que, entretanto, sempre conseguem provocar certa perturbação nos espíritos. Aliás, não acreditamos que os teosofistas nem os ocultistas sejam capazes de realizar, por si mesmos e com pleno êxito, tal empreendimento. Mas não haveria, atrás de todos esses movimentos, qualquer coisa de igualmente temível, que os seus chefes talvez nem conhecessem e de que eram, por sua vez, os simples instrumentos?
Nota: RENÉ GUÉNON, (n. em Blois, França, 1886; m. no Cairo, 1951), autor dessa citação instigante, foi um grande esoterista e, como escritor, escritor não deixou muito a desejar. Estudou, em Paris, Matemática e Filosofia. Autor de diversas obras sobre hinduísmo e ocultismo em geral. Crítico da Teosofia, escreveu a obra História de uma Pseudo-Religião, em 1928.
Nota: RENÉ GUÉNON, (n. em Blois, França, 1886; m. no Cairo, 1951), autor dessa citação instigante, foi um grande esoterista e, como escritor, escritor não deixou muito a desejar. Estudou, em Paris, Matemática e Filosofia. Autor de diversas obras sobre hinduísmo e ocultismo em geral. Crítico da Teosofia, escreveu a obra História de uma Pseudo-Religião, em 1928.
Dia de São Jorge
É hoje, 23 de abril, que se festeja São Jorge. No sincretismo religioso, identifica-se com o Orixá Ogum, o deus que proteje aqueles que lutam por um ideal. Pede-se a ele bênçãos, fé e esperança, a libertação frente as contrariedades como também frente aos inimigos.
Patacori. Ogum Iê. Ogum, Saravá, Ogum!
Patacori. Ogum Iê. Ogum, Saravá, Ogum!
O Deus Único
Razões psicológicas da formação das crenças ocultistas
Viu-se o papel da sugestão e do contágio mental nos fenômenos maravilhosos relacionados à magia e sua influência sobre os espíritos mais eminentes.
Mas esta interpretação não saberia ser suficiente. Para compreender a gênese das práticas que persistem entre tantos povos através dos tempos, e subsistem ainda, é preciso elevar-se a uma concepção mais geral, e não tentar explicar com a razão o que em nada depende dela.
A magia, sob todas as suas formas, deve ser considerada como uma manifestação desse espírito místico inseparável de nossa natureza e do qual mostramos a força.
Fundadores de religiões, feiticeiros, magos, adivinhos, propagadores de tantas ilusões que encantaram ou aterrorizaram nossos pais e que reaparecem sempre, são os sacerdotes de uma poderosa deusa dominando todas as outras e cujo culto parece eterno.
Consideremos por pensamento, através do tempo e espaço, os milhares de edifícios sagrados construídos desde há 8.000 anos acima das grandes cidades e tratemos de discernir quais forças misteriosas levaram a edificar sem trégua esses templos, esses pagodes, essas mesquitas, essas catedrais, onde as maravilhas da arte foram acumuladas.
Descobre-se procurando aí aquilo que pediam os homens aos deuses, de aspectos tão variáveis, que eles invocavam. Um sentimento idêntico os anima hoje visivelmente. Os povos de todas as raças adoram, sob nomes diversos, uma única divindade: a Esperança. Todos os seus Deuses não são senão que um único Deus.
Gustave Le Bon
Nota: este parágrafo consta da obra As Opiniões e as Crenças, do Dr. Le Bon. A passagem é tão bonita que a estou postando também nos meus Ácaros, Traças e Cia, onde falo mais deste livro.
Viu-se o papel da sugestão e do contágio mental nos fenômenos maravilhosos relacionados à magia e sua influência sobre os espíritos mais eminentes.
Mas esta interpretação não saberia ser suficiente. Para compreender a gênese das práticas que persistem entre tantos povos através dos tempos, e subsistem ainda, é preciso elevar-se a uma concepção mais geral, e não tentar explicar com a razão o que em nada depende dela.
A magia, sob todas as suas formas, deve ser considerada como uma manifestação desse espírito místico inseparável de nossa natureza e do qual mostramos a força.
Fundadores de religiões, feiticeiros, magos, adivinhos, propagadores de tantas ilusões que encantaram ou aterrorizaram nossos pais e que reaparecem sempre, são os sacerdotes de uma poderosa deusa dominando todas as outras e cujo culto parece eterno.
Consideremos por pensamento, através do tempo e espaço, os milhares de edifícios sagrados construídos desde há 8.000 anos acima das grandes cidades e tratemos de discernir quais forças misteriosas levaram a edificar sem trégua esses templos, esses pagodes, essas mesquitas, essas catedrais, onde as maravilhas da arte foram acumuladas.
Descobre-se procurando aí aquilo que pediam os homens aos deuses, de aspectos tão variáveis, que eles invocavam. Um sentimento idêntico os anima hoje visivelmente. Os povos de todas as raças adoram, sob nomes diversos, uma única divindade: a Esperança. Todos os seus Deuses não são senão que um único Deus.
Gustave Le Bon
Nota: este parágrafo consta da obra As Opiniões e as Crenças, do Dr. Le Bon. A passagem é tão bonita que a estou postando também nos meus Ácaros, Traças e Cia, onde falo mais deste livro.
Selos Herméticos
Essas belas figuras representam selos herméticos atribuídos a Alberto, o Grande (1193 ou 1206-1280) e a Arnaud de Villeneuve. Alberto dispensa maiores apresentações. Cosiderado Doutor da Igreja, teve como discípulo ninguém menos que Tomás de Aquino. Villeneuve (1238-1311 ou 13), foi um cruzado catalão que se destacou como médico, teólogo, alquimista, astrólogo e diplomata.
Pitágoras e as Irmandades.
Bem, adorar os números talvez fosse menos terreno que adorar pedras ou árvores. Algo quase divino! Pitágoras dava a eles, os números, um sentido tão profundo quanto obscuro, e seus adeptos consideravam um dever piedoso honrar seu velho mestre que, aliás, ainda tem seguidores. Pitágoras ensinava a transmigração das almas e a abstenção de várias práticas, inclusive a de comer carne, certamente por acreditar na possibilidade da reencarnação da alma humana em animais. Sorte dos homens, eu diria, aliás, se pudessem evoluir tanto! Os pitagóricos, curiosamente, valorizavam mais o limitado que o ilimitado, relacionando ao primeiro desses conceitos os números pares e ao segundo, os números ímpares. O caráter dual das coisas era superado pela tese da uma grande unidade harmônica do universo, coisa típica do pensamento místico. No século IV a. C., Hipasus, membro de uma dessas sociedades que adoravam números, foi, — ao que se diz, — afogado numa banheira, por ter transmitido a um leigo algumas verdades matemáticas. Paciência, poderia ter sido pior.
Bem, sabem o que descobri? Até Gabriel Tarde, na obra intitulada A oposição universal. Ensaio de uma teoria dos contrários, comentou a visão dos números e dos opostos apresentada pela escola pitagórica. Diz o renomado autor : « Eis, de acordo com os discípulos de Pitágoras, a lista das dez únicas oposições fundamentais do universo: limitado e ilimitado; par e ímpar; unidade e multiplicidade; direita e esquerda; masculino e feminino; repouso e movimento; reta e curva; luz e escuridão; bom e mau, quadrado e retângulo ».
Bem, tratou-se mesmo de um culto, onde nem mesmo cerimônias exóticas deixavam de ter lugar : “Abençoai-nos, número divino, que gerastes os deuses e os homens. Ó santo tetraktys, que encerrais a raiz e a fonte do eterno fluxo criador”.
Examinemos um pouco os ensinamentos dessas Irmandades. O um representava a razão, e era o mais forte de todos os números. O dois representava a opinião. O quatro, a justiça. O cinco, o matrimônio, pois que constituído pela fusão de três, primeiro número macho, e de dois, primeiro número fêmea. Nas propriedades do cinco residia o segredo da cor. Nas do seis, o segredo do frio. Nas do sete, o segredo da saúde. No número oito residia o segredo do amor, isto é, três (potência) somado a cinco (casamento). Ah! Uma coisa interessante! Supunha-se que as distâncias entre as estrelas formavam uma série de números harmônicos, análogos aos comprimentos dos fios dos primitivos instrumentos de corda. Daí a expressão tão conhecida entre nós de “harmonia das esferas”.
Os números também podiam ser amigos. Como alguém perguntasse a Pitágoras o que era um amigo, esse respondeu: “Alguém que é o 1 de outro, por exemplo, 220 e 284”. Com isso o matemático quis dizer que todos os divisores de 220 (1,2,4,5,10,11,20,22,44,55 e 110) perfazem juntos 284. Puxa, onde estará o meu um?
Bem, o culto dos números é coisa bem antiga. Hindus e hebreus já tinham, antes de Pitágoras, seus números perfeitos e seus números amicais. Os seis dias da criação e os vinte e oito do mês lunar ilustram à perfeição o plano da providência. Nem Santo Agostinho deixou de compreender esse anseio de perfeição, quando afirmou “ter Deus criado todas as coisas em seis dias, por ser o seis um número perfeito”.
Certamente, os números fascinam e, até hoje, há quem coloque muita fé na numerologia. Ah! Eu sou do número um. E vocês, já se calcularam?
Bem, sabem o que descobri? Até Gabriel Tarde, na obra intitulada A oposição universal. Ensaio de uma teoria dos contrários, comentou a visão dos números e dos opostos apresentada pela escola pitagórica. Diz o renomado autor : « Eis, de acordo com os discípulos de Pitágoras, a lista das dez únicas oposições fundamentais do universo: limitado e ilimitado; par e ímpar; unidade e multiplicidade; direita e esquerda; masculino e feminino; repouso e movimento; reta e curva; luz e escuridão; bom e mau, quadrado e retângulo ».
Bem, tratou-se mesmo de um culto, onde nem mesmo cerimônias exóticas deixavam de ter lugar : “Abençoai-nos, número divino, que gerastes os deuses e os homens. Ó santo tetraktys, que encerrais a raiz e a fonte do eterno fluxo criador”.
Examinemos um pouco os ensinamentos dessas Irmandades. O um representava a razão, e era o mais forte de todos os números. O dois representava a opinião. O quatro, a justiça. O cinco, o matrimônio, pois que constituído pela fusão de três, primeiro número macho, e de dois, primeiro número fêmea. Nas propriedades do cinco residia o segredo da cor. Nas do seis, o segredo do frio. Nas do sete, o segredo da saúde. No número oito residia o segredo do amor, isto é, três (potência) somado a cinco (casamento). Ah! Uma coisa interessante! Supunha-se que as distâncias entre as estrelas formavam uma série de números harmônicos, análogos aos comprimentos dos fios dos primitivos instrumentos de corda. Daí a expressão tão conhecida entre nós de “harmonia das esferas”.
Os números também podiam ser amigos. Como alguém perguntasse a Pitágoras o que era um amigo, esse respondeu: “Alguém que é o 1 de outro, por exemplo, 220 e 284”. Com isso o matemático quis dizer que todos os divisores de 220 (1,2,4,5,10,11,20,22,44,55 e 110) perfazem juntos 284. Puxa, onde estará o meu um?
Bem, o culto dos números é coisa bem antiga. Hindus e hebreus já tinham, antes de Pitágoras, seus números perfeitos e seus números amicais. Os seis dias da criação e os vinte e oito do mês lunar ilustram à perfeição o plano da providência. Nem Santo Agostinho deixou de compreender esse anseio de perfeição, quando afirmou “ter Deus criado todas as coisas em seis dias, por ser o seis um número perfeito”.
Certamente, os números fascinam e, até hoje, há quem coloque muita fé na numerologia. Ah! Eu sou do número um. E vocês, já se calcularam?
Nota: Olhem bem para a imagem acima. Vocês poderão ver o Alex, meu cachorro, assistindo a uma das aulas do Mestre Pitágoras, naturalmente, em uma de suas vidas passadas.
A Via Expiatória
Em educação, o negativo precede o positivo; nós aprendemos a nos abster do mal antes de nos exercitarmos na prática do bem. O que se aplica à moral conserva seu valor no domínio do intelecto; é assim que o discernimento do erro antecipa normalmente a percepção do verdadeiro. O que é falso nos ofusca e nos repele com mais força do que a verdade pode desdobrar para nos atrair. Por sua natureza, ela é discreta, sempre velada, jamais barulhenta ou ostensiva; ele não disputa com o erro a opinião das massas, mas deixa virem a ela os amantes fervorosos que são os sábios.
Aqueles que não querem amar senão a verdade não devem se deixar seduzir pelas cortesãs espalhafatosas e maquiladas: elas figuram o erro atraindo quem percorre as ruas; elas bajulam o transeunte que desviam de seu caminho, se ele não sabe resistir aos seus encantos. Elas são inumeráveis, essas moças enfeitadas que disputam entre si a opinião dos mortais; cada uma tem múltiplos amantes que imaginam possuir a verdade. O iniciado vê nelas as sacerdotisas da ilusão; ele as evita, para não sofrer outra atração senão aquela da longínqua Dama de seus pensamentos.
Única digna de seu amor, a Verdade pura atrai sua alma sem reservas. Não podendo amar senão o verdadeiro, ele torna-se refratário ao falso, ao qual não dá nenhuma derivação. Tal é o estado psíquico e mental a que devem conduzir as provas iniciáticas. Se, no Tarô, o Iniciável é figurado pelo Saltimbanco (Arcano I) convém reconhecer nos Amantes (Arcano VI) o neófito resistindo às aparências sedutoras, a exemplo do jovem Hércules, que prefere a austera Virtude às volúpias do Vício.
O que distingue, aliás, o Iniciado do Profano é que este se liga aos enganos exteriores, enquanto o sábio se recusa a ser enganado. Isso não significa, de modo algum, que o mistério das coisas seja revelado ao pensador desiludido: ele é tão ignorante quanto o vulgo, mas sabe que nada sabe. Assim agindo, livra-se de todo fardo dos erros que encobrem aquele que acredita saber. Nada de falso admitir é, para a inteligência, uma riqueza negativa, infinitamente preciosa ao iniciante que, liberado de todo passivo, pode trabalhar daí para frente com segurança na aquisição de um saber positivo.
Oswald Wirth
Extraído de Os Mistérios da Arte Real
Aqueles que não querem amar senão a verdade não devem se deixar seduzir pelas cortesãs espalhafatosas e maquiladas: elas figuram o erro atraindo quem percorre as ruas; elas bajulam o transeunte que desviam de seu caminho, se ele não sabe resistir aos seus encantos. Elas são inumeráveis, essas moças enfeitadas que disputam entre si a opinião dos mortais; cada uma tem múltiplos amantes que imaginam possuir a verdade. O iniciado vê nelas as sacerdotisas da ilusão; ele as evita, para não sofrer outra atração senão aquela da longínqua Dama de seus pensamentos.
Única digna de seu amor, a Verdade pura atrai sua alma sem reservas. Não podendo amar senão o verdadeiro, ele torna-se refratário ao falso, ao qual não dá nenhuma derivação. Tal é o estado psíquico e mental a que devem conduzir as provas iniciáticas. Se, no Tarô, o Iniciável é figurado pelo Saltimbanco (Arcano I) convém reconhecer nos Amantes (Arcano VI) o neófito resistindo às aparências sedutoras, a exemplo do jovem Hércules, que prefere a austera Virtude às volúpias do Vício.
O que distingue, aliás, o Iniciado do Profano é que este se liga aos enganos exteriores, enquanto o sábio se recusa a ser enganado. Isso não significa, de modo algum, que o mistério das coisas seja revelado ao pensador desiludido: ele é tão ignorante quanto o vulgo, mas sabe que nada sabe. Assim agindo, livra-se de todo fardo dos erros que encobrem aquele que acredita saber. Nada de falso admitir é, para a inteligência, uma riqueza negativa, infinitamente preciosa ao iniciante que, liberado de todo passivo, pode trabalhar daí para frente com segurança na aquisição de um saber positivo.
Oswald Wirth
Extraído de Os Mistérios da Arte Real
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