O Dom Divino da Razão

Longe de mim desvalorizar o dom divino
da razão, esta suprema faculdade humana. Mas como senhora absoluta
ela não tem sentido, tal como não tem sentido a luz num mundo em
que está ausente seu oposto, a obscuridade.

Jung

Prece de Invocação do Arquiteto Supremo do Universo


ARQUITO SUPREMO DO UNIVERSO! Fonte única de todo o Bem e de Toda Perfeição. Tu, que sempre quiseste e obraste pelo bem do Homem e de todas as Tuas criaturas! Nós te damos graças pelos teus benefícios paternais e Te conjuramos, todos juntos, a concedê-los sem cessar a cada um de nós, segundo a Tua visão e de acordo com as suas necessidades. Expande sobre todos os nossos irmãos e sobre nós a Tua Luz celestial. Fortifica em nossos corações o amor pelos nossos deveres a fim de que nós os observemos fielmente. Possam as nossas assembléias ser fortalecidas em sua união pelo desejo de Te agradar e de nos tornar úteis aos nossos semelhantes. Que elas sejam para sempre a morada da Paz e da Virtude e que a cadeia de uma amizade perfeita e fraterna seja doravante tão forte entre nós, que NADA POSSA JAMAIS ALTERAR! Assim Seja!

Oswald Wirth

Eu sempre quis saber como era Wirth antes de se tornar o homem idoso que aparece comumente nas fotos que encontramos com mais facilidade na Web. Recentemente encontrei esta, como sendo dele ainda jovem, imagem que fala por si mesma, na fascinante expressividade do olhar que alcança o que deve se situar além do que percebemos ao nosso redor.

A Estrada da Vida de Hieronymus Bosch


Esta é A Estrada da Vida de Hieronymus Bosch, um dos artistas mais geniais e complexos que já viveram, seja por seu talento, seja por sua atemporalidade, pois, em que pese haver nascido em 1450 e morrido em 1516, seu trabalho não perde atualidade, ainda que este artista tenha sido um homem medieval, preocupado com a tentação, o pecado e os prazeres. Ele realizou o fantástico, materializou a fantasia e tornou concreta a imaginação. Neste quadro, em particular, encontramos um andarilho que faz lembrar o Arcano Zero do Tarô. O homem a percorrer a estrada da vida. Ele é, enquanto peregrino, sem identidade, pois não tem raízes no lugar onde está (não sabemos se sabe quem é) e parece sem destino (não se sabe se ele sabe de onde vem, e ele também parece pouco importar-se com para onde vai). A vida o conduz, e ele presentifica a passagem, o momento, o instante, o agora. Um cão magro e feroz o persegue, lembrando as adversidades, e ele procura afastá-lo com o bastão que carrega, olhando para trás. Leva consigo, na bagagem que traz às costas, tudo o que possui: uma espécie de cesto onde se vê uma colher de pau presa pelo lado de fora. Sua roupa está rasgada, e podemos ver seu joelho esquerdo. Ele traz ainda o que pode ser uma arma branca, uma faca, cujo cabo se deixa ver por entre as pregas do casaco. Em seu caminho há uma ponte, mas ele olha para trás e parece desatento à pedra rachada e à forquilha que sustenta uma espécie de frágil corrimão destinado a dar mais segurança a quem atravessar a estreita ponte de pedra. Ele passa por um grupo de homens que se ocupam de uma execução, amarrando alguém a uma árvore, diante de várias armas espalhadas pelo chão. Há um casal ao fundo e mais além ainda vê-se um homem sentado junto ao tronco de uma árvore ao fundo. A presença da morte é simbolizada pelos ossos e pelos abutres que podemos ver em primeiro plano. As feições do caminhante, se as fixarmos atentamente, revelam um homem vivido e maduro. Há rugas em sua testa, e seu olhar lembra o de um homem cansado e ameaçado, aflito. A postura denota esse receio, e a posição das pernas não mostra firmeza.
Quem se interessar em observar ainda mais detalhes desta obra em grande resolução pode abrir a imagem neste link. Há muito mais a descobrir aí. Observei uma espécie de fechadura exatamente no meio do painel, onde as duas metades se encontram. É um detalhe curioso. Além disso, em O Peregrino, encontramos o mesmo personagem.
Acreditem: vale a pena perder tempo com arte. Muitas vezes podemos ler mais em um quadro que em um livro, desde que saibamos fazer uso de nossos sentidos. Oswald Wirth coloca isso com muita propriedade, quando escreve que a apreciação do Belo ajuda na compreensão do Bem. Para ele, a arte se endereça à alma que ela comove, fazendo com que o eu entre em comunhão de harmonia com o exterior. E prossegue: A emoção artística estabelece uma ligação poderosa entre todos aqueles que a experimentam. Uma admiração comum aproxima os homens ainda melhor que os interesses materiais mais diretos. A arte tem, pois, uma missão religiosa no sentido mais elevado da palavra. O artista é o intérprete ou o sacerdote do Belo. Ele nos revela o ideal, ou seja, a realidade subjetiva que está em nós e que nós desejamos poder objetivar.

Perguntas


Até que ponto os sentidos nos revelam a realidade?
Onde começa e termina a ilusão dos sentidos?
Qual é o seu papel na formação de nossas idéias?
Nos são todas elas sugeridas unicamente pelos sentidos?
Quantos sentidos temos exatamente?
Alguns animais não parecem dotados de sentidos que nos faltam?
As pessoas intuitivas não gozam de sentidos complementares?
Convém basear a procura de certa ordem de verdades sobre o desenvolvimento de uma hipersensibilidade anormal?
A sã clarividência não resulta do exercício equilibrado de uma razão firme e de uma imaginação fecunda, uma controlando as ousadias da outra?
Um ser estritamente isolado, sem comunicação alguma com o que quer que seja , poderia ter noção de sua existência?
OW

Preparação dos Recipiendários


Recipiendários preparados segundo o ritual anglo-saxônico para serem recebidos nos três graus simbólicos.

Elogio da Loucura


Tudo aquilo que é verdadeiramente grande é fruto do sonho, da imaginação, de uma loucura sublime e do esquecimento de si.

Oswald Wirth

A Confusão das Línguas

A Franco-Maçonaria não está de forma alguma fixada em um formalismo em toda parte igual e rigorosamente imutável. Os séculos passados estão longe de lhe haver legado, em matéria de ritos e de símbolos, uma herança intacta. A Maçonaria moderna não recolheu senão que uma pobre sucessão, composta de um conjunto de tradições incertas, incompreendidas e, por conseqüência, desfiguradas.
Sobre dados frustrados e às vezes decepcionantes, foi preciso construir por reconstituição, guiado por um vago instinto de arquitetura, de preferência a uma ciência verdadeiramente esclarecida.
Nessas condições, as formas maçônicas desenvolvem-se diversamente segundo as raças e segundo os países. Nós nos encontramos assim em presença, atualmente, de uma série de Maçonarias que acabam por não mais se reunirem entre elas.
Oswald Wirth