Ode ao bode

Isso lhe diz alguma coisa? Se você quiser de falar de tragédia, no sentido teatral, sim. A palavra, que vem do grego (tragos: bode; oidé > ode: canção) e significa “ode ou canção ao bode”, animal do deus Dionísio, talvez a mais típica das divindades gregas, fundador de quase todas as religiões e anterior mesmo à Hélade. Dotado pelos céus de uma constituição robusta, Dionísio é o patrono absoluto dos prazeres e das delícias deste mundo. Ligado ao culto da videira, ele é célebre por suas festas anuais nas quais, inicialmente, os inimigos eram canibalizados. Depois, os costumes foram suavizados, a ponto de os gregos conceberam horror à matança de seus semelhantes, até porque o mesmo efeito podia ser obtido bebendo o vinho.

Fonte: VAN LOON, Hendrik Willem. A artes. Porto Alegre, Editora Globo, 1958.
Imagem: Baco, por Goya, 1778.

Templos


Reflexão


“Por que o infinito existe, se não podemos atingi-lo? ― perguntava-se mestre Bernando. Qual é o sentido dessa grandeza ilimitada em torno e nós, em torno da vida, se somos como prisioneiros impotentes e a vida permanece confinada em si! Por que este incomensurável? Por que essas imensidades cercando nosso vale estreito, nosso minúsculo destino? Somos por isso mais felizes? Não me parece. Parece o contrário, concluía ele.”

LAGERKVIST, Pär. Le nain. Paris: Stock, 1946, p. 56.

I Ching


O milenar livro chinês das transmutações reflete a polaridade das coisas. Dele resulta uma análise da realidade orientada pelo antagonismo que se encontraria em certos domínios da existência: o bem e o mal, o amor e o ódio, a alegria e a tristeza, beleza e feiura, etc. Todavia, esses seres, coisas, fenômenos, enfim, estariam profundamente ligados entre si, o que explicaria a facilidade com que migram de um polo a outro. Porque, essencialmente, apenas a mudança seria real, o que faria da mutação, invariável por excelência, o próprio caráter do mundo. Todos os caminhos seriam fluidos. De acordo com Blofeld (1965, p. 45), o texto do I Ching seria, seguramente, bastante anterior ao taoísmo e ao confucionismo surgidos como tais. Seu texto é atribuído ao Rei Wên e ao Duque Chou. Não obstante isso, seus comentários seriam confucionistas.

BLOFELD, John. I Ching. O livro das transformações. Rio de Janeiro: Recornd, 1965. 
Imagem: os 64 hexagramas sequenciais do Rei Wên. Fonte: Creative Commons.




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