Inspiração

Inspiração é um pouco a própria vida. Ao menos a parte dela que pode valer a pena. Porque só a inspiração pode transformar pedra em arte, em ser que olha, extasia-se, respira, vive, enfim.

Larvas Astrais

Ouvi por aí que há larvas astrais. Então, por conta da imaginação, que é quase tudo, dei-me ao trabalho de pensar em como seriam elas. Talvez se escondessem, pensei. Talvez permanecessem encapsuladas antes de eclodirem. Talvez fossem sensíveis à luz. Talvez fossem cinzentas, ou lindamente coloridas. Como saber? Penso que nada disso faz o menor sentido, mas sei também que pouco importam os sentidos quando se navega no oceano imaginário, onde a impossibilidade só é limitada pela própria imaginação, ou pela falta dela. Dessa sorte, decidi que as larvas podem ser assim, bem como desenhei e depois pintei. Por que não? Aconchegadas em si próprias, na paz do azul mais puro, sonhando com uma existência que ainda não conhece limite algum. Larvas. Sei... Bobagens dos místicos. Pode ser. Mas nem por isso elas inspiram menos a minha imaginação. Ainda mais hoje. Ainda mais em dia de Carnaval. Eu,hein?


Templos

A realidade do Templo pode se traduzir no imaginário com não menor riqueza de detalhes. Antes, a estes últimos, acrescenta-se toda riqueza de uma dada subjetividade.
Neste caso, o Templo é aquele da artista que o desenhou com seus traços firmes, suas cores fortes, decididamente.
Há um relógio e uma cruz, símbolos que dialogam na chamada dos fiéis. Há escadas, rumo ao alto. Há flores, porque a natureza é obra, que se rejubila da própria criação perante o seu criador.
Mas é sobretudo na perspectiva, mais exatamente na falta dela, que a artista mostra sua superação em relação ao real. Porque o que sentimos é, talvez, mais confiável do que aquilo que percebemos.

Mais sobre a artista.

Pelicano Eucarístico

Na simbologia da Igreja Católica, representa a eucaristia, traduzindo a doação do próprio sangue de Cristo face à remissão dos pecados. A ave, segundo a lenda, oferece o próprio peito às bicadas dos filhotes, na falta de peixes, seu principal alimento.

Águas lunares

O que dizer das águas lunares? Como sabê-las? Belas águas e luas são aquelas que habitam a imaginação dos homens, instigados, há milênios, a decifrar coisas do céu e coisas da terra. Água e Lua, provocativas e cambiantes, encantam e fascinam a humanidade desde tempos que refogem ao alcance de nossas memórias. E ainda que nossa humilde Lua não passe de um satélite, corpo celeste empobrecido de grandeza diante de um universo repleto de infinitos, e ainda que mares e oceanos sejam meramente H2O em sua maior parte, no fundo, no fundo, alguma coisa inerente à nossa humanidade persiste duvidando da razão. Não fosse assim, não festejaríamos tanto essas águas matrizes e mães, purificadores e sacralizadas. Mares e oceanos potencializados pela luz do luar fertilizam a imaginação. Águas lunares. Ciclos eternos encadeando a vida que se renova em cada morte individual, em cada ser que, fatalmente, deixa de existir como si mesmo e, afundando no azul profundo, segue os reflexos incertos que servem de ladrilho ao caminho cuja existência é tão teimosamente afirmada. Confesso que ouço encantada toda essa poesia, mas que nada sei. O que importa mesmo é que os homens continuem a acreditar, a imaginar, a terem neles a esperança que os Mestres já não têm mais.