Mundo real, mundo ilusório

“Pretendo dar ao conjunto de ideias que vou expor aqui uma forma acessível a todos, na esperança de que estas ideias poderão servir de elementos construtivos e preparar o consciente das criaturas, meus semelhantes, para a edificação de um novo mundo ― mundo real, para mim, e susceptível de ser percebido como tal, sem a menor sombra de dúvida, para todo pensar humano ― em lugar desse mundo ilusório que nossos contemporâneos representam para si. Com efeito, o pensamento de um homem contemporâneo, qualquer que seja seu nível intelectual, não toma consciência do mundo senão que a partir de dados que desencadeiam nela toda sorte de impulsos fantásticos. Tais impulsos, modificando a cada instante o tempo das associações que se desenvolvem nele sem cessar, desarmonizam completamente o conjunto de seu funcionamento. Eu diria mesmo que todo homem capaz de se isolar das influências da vida ordinária, e de refletir de modo saudável, deveria ficar horrorizado pelas consequências dessa desarmonia, que chega mesmo a comprometer a duração de sua própria existência.”
GURDJEIFF, Georges Ivanovich. Rencontres avec hommes remarquables. Paris: Julliard, 1960, p. 21-22.

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