Houve um tempo em que, muito jovem ainda, eu me senti confessadamente atraída pela literatura mágica, a qual eu via como expressão de alguma coisa que poucos eram capazes de compartilhar. Essa alguma coisa, na falta de uma palavra mais exata, tornou-se a Tradição, algo tão indefinível quanto a quadratura do círculo ou o Tetragramaton.
Mais tarde, meu convívio com tribos místicas ajudou-me a formar, pouco a pouco, uma visão desse conjunto e, então, todo esse singular emaranhado de crenças desembocou simplesmente em um deserto estéril. Todavia, aprende-se com tudo e em toda parte.
Ultimamente, tenho me voltado ao exame dessas tradições e, sem embargo, tenho mesmo produzido alguma coisa nesse sentido. Daí a idéia de criar mais este blog, dedicado àqueles a quem gosto de chamar de os Mestres do Imaginário, porque, efetivamente, tivessem ou não razão naquilo que afirmaram, fato é que foram convictos de suas verdades e, com ela, fizeram discípulos, assim como amigos, admiradores, bajuladores, perseguidores e inimigos. Alguns têm nome e existiram de fato. Há os que foram inventados. Muitos se tornaram lendários. Outros foram para a fogueira, mas, enfim, sobreviveram todos, seja imortalizados no imaginário, seja na tal Tradição.
O que vou fazer aqui é contar o pouco que aprendi de cada um, expor seus hábitos, suas inclinações, crenças, convicções, algo de suas vidas e de suas aventuras, assim como seus magníficos delírios, sempre entremeados de uma lucidez que, muitas vezes, me deixou perplexa e emocionada.
Afinal, a vida também é feita de imaginação, sonhos e fantasias. E, se for assim, delirar um pouco pode ser saudável e, por certo, não vai levar ninguém ao manicômio.
Pra quem tiver paciência, boa leitura!