O. W.
Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
A Vida
E depois, que há de certo? A quem perguntar senão à Vida? Nós nos sentimos viver, e nisso não somos enganados. A vida, ela mesma, é um mistério, o Grande Mistério, o Mistério dos Mistérios. Ela se revela a nós pelo fato de que nós vivemos, sem nos esclarecer sobre sua essência, suas origens ou suas finalidades. A sabedoria quer que nós a tomemos tal e qual ela se dá, esforçando-nos por compreendê-la na medida em que ela é compreensível. Ora, nós dependemos da Vida e não é ela que depende de nós. Ela nos é, pois, superior. A esse título, como admitir que não tenha sentido, uma inteligência que lhe seja inerente? O que constatamos é que ela constrói; ela edifica os organismos. Mas órgão significa instrumento e a fisiologia ensina que a função cria o órgão, ou seja, a vida produz instrumentos adequados ao trabalho vital. Qual é este trabalho senão aquele do qual resulta a criação, esse conjunto de coisas as quais se reportam as sensações. Pouco nos importa a relatividade ontológica daquelas; elas nos revelam aquilo que temos necessidade de conhecer para cumprir a função que a vida assina. Ora, isso é tudo o que nos importa na prática.
O. W.
O. W.