Ando lendo Guénon, talvez com outros olhos, porque só agora consegui descobrir em seus textos alguma coisa que sempre me escapou em leituras anteriores. Ele tem me surpreendido e encantado. Concordando ou não com as concepções que expõe, fato é que tenho dedicado bom tempo à leitura de seus livros. Quanto mais leio, mais me interesso pelo que diz e, especialmente, pela forma como diz o que diz.
Ele é exigente. Quero dizer com isso que não admite leitores distraídos, pois seus textos são complexos e bastante explicados, exigindo do leitor que se coloque ao menos em sintonia com o sentido exato das palavras que emprega num contexto explícito. Guénon fala para o que atuamente pode ser definido como um "público" todo seu. O mais interessante em sua obra é que não está atrás de prosélitos. É como se falasse para quem já compartilha de seu pensar, pensar este que reflete a profunda decepção do adepto frente à modernidade, ao individualismo, às mudanças sociais que emergem do que qualifica como uma idade das sombras. Guénon tem um vezo político, e não é de surpreender que sua obra tenha extrapolado o contexto de ordem iniciática.