Unicórnios


Ah, os unicórnios! Essas misteriosas criaturas que habitam a imprecisa interseção que os coloca entre a mitologia e o devaneio infantil. Um chifre singular ostentado por um lindo cavalo, algo um tanto quanto incômodo, é verdade, mas nem por isso menos fascinante. Sinceramente, eu diria que não se deve subestimar o valor de um bom acessório, nem que seja um chifre.

Os registros mais antigos sobre unicórnios nos vêm da mitologia grega, onde historiadores respeitáveis como Ctesias e Plínio, o Velho, se dedicaram a descrevê-los com a mesma seriedade com que tratavam a geografia e a astronomia. Evidências físicas, sabidamente, são dispensáveis, quando se conta com a prodigalidade da imaginação. O unicórnio grego era nada menos do que um cavalo, todavia, aprimorado.

Na Idade Média, tornaram-se símbolos de pureza e graça e foram, muitas vezes, associados à Virgem Maria. Afinal, há uma refinada ironia implícita na ideia de que apenas uma virgem poderia capturar um unicórnio, credencial bastante curiosa a ser exigida de um caçador, convenhamos.

Lewis Carroll, em sua obra "Alice no País das Maravilhas", e C.S. Lewis, em "As Crônicas de Nárnia", também deram aos unicórnios um espaço de destaque em suas narrativas fantásticas, elevando-os à condição de criaturas majestosas, ainda que mais próximas do tipo de mascote literário de preferência a um ser místico. "Harry Potter" atribui poderosas propriedades mágicas às suas lágrimas e ao seu sangue, algo pouco conveniente para uma criatura que já carrega o fardo de um chifre pouquíssimo discreto. Muito mais do que cavalos dotados de um peculiar ornamento craniano, eles são tributários de nossa imaginação e de sua infinita capacidade de misturar o mundano com o mágico. De qualquer forma, você não gostaria de ter um unicórnio? É claro que sim! Eu mesma guardo com carinho este que ganhei de presente de uma querida amiga. Afinal, até mesmo um chifre pode ser chique, desde que bem carregado.

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