Leio de tudo. Dos clássicos e acadêmicos até almanaques populares e bulas de remédio. Excluindo revistas em quadrinhos, devoro qualquer tipo de literatura, mesmo aquela vista como dejeto cultural. Certamente já li e escrevi muita coisa, traduzi outras tantas, e meus arquivos estão cheios de traças que vieram das alturas do Himalaia. Este blog, então, vai ser o canal de saberes fragmentados, oficiais e oficiosos, que os Mestres do Imaginário oferecem a nossa indiscrição.
O Tédio
Há um parentesco íntimo entre a satisfação e a morte. Em qualquer domínio que seja, mas talvez sobretudo no domínio espiritual, um ser satisfeito, um ser que declara a si mesmo que ele possui tudo o que lhe é necessário já está em via de decomposição. É muito frequentemente da satisfação que nasce esse tédio da vida, esse desgosto secreto que cada um de nós pôde experimentar em certas horas, e que é uma das formas de corrupção espiritual mais sutis.
Gabriel Marcel. Être et avoir. Ed. Aubier, Paris, 1935, p. 317.