Realidade em si

Nunca se poderá saber o que é a realidade em si, já que,
embora mediante os complicadíssimos instrumentos mecânicos e
técnicos, quem em suma olha, vê e calcula é o homem que os
construiu à imagem e semelhança de seu instrumento último: sua
mente terrena. Poderia mesmo afirmar que com teses opostas,
completamente contrárias à teoria da relatividade, também se teria
chegado à desintegração do átomo, como prova o fato de que os
alemães horbigerianos também produziram a bomba atômica. Na
realidade, toda teoria, todo conceito não é mais do que uma hipótese
de trabalho e a realidade última será sempre inacessível. O que conta
em todo caso, tanto nas ciências quanto nos outros "fenômenos
diferenciados", seria uma realidade arquétipa, pertencente à alma e
que, num momento histórico, ou numa constelação determinada,
impõe-se à realidade inacessível ou a cria, freqüentemente por meios
opostos, com diferentes "hipóteses de trabalho" e até mesmo sem
importar-se com essas, acentuando suas urgências misteriosas.
Arquétipas seriam então a bomba atômica, a desintegração do átomo
e a Tríade (o número "Três") que hoje reaparece no ateísmo comunista
com Marx, Engels e Lenine, tal como sucede com o Pai, o Filho e o
Espírito Santo; e com Brama, Vishnu e Siva.
É por isso que a Magia nunca perdeu sua força essencial, uma
vez que é possível atuar sobre a "realidade" graças à correspondência
existente com a alma, pela lei decorrente do sincronismo e porque,
quando a alma se encontra numa tensão extrema, "apaixonada", cria
as condições "milagrosas" para a transformação, ou transfiguração.
M. Serrano