Parapsicologia


Fenômenos psíquicos que parecem escapar às leis conhecidas da natureza e do comportamento humano, estudados até época recente apenas por correntes religiosas, metafísicas ou ocultistas, tornaram-se, nos tempos modernos, objeto de um sistema teórico estruturado.
Parapsicologia é a disciplina que se propõe estudar fenômenos alheios à normalidade conhecida, ou paranormais. Como seu objeto não pode ser submetido aos métodos científicos, a parapsicologia é ou tende a se constituir como um ramo da psicologia. Sua primeira tarefa consiste em demonstrar a existência de seu objeto e em delimitá-lo rigorosamente. Faz a crítica dos falsos fenômenos e comprova a autenticidade de outros que, apesar de apresentarem características perturbadoras, excepcionais ou aberrantes, são explicáveis por uma função psicológica conhecida. Esses fenômenos são, assim, incorporados ao âmbito da psicologia geral, como há muito sucedeu com a hipnose. Outros fenômenos há que se consideram suscetíveis de vir a ser integrados na psicologia clássica, enquanto relacionados com uma função psicológica nova ou ainda não conhecida. Num segundo momento, cabe à parapsicologia destacar as funções psíquicas ligadas a esses fenômenos e estudá-las experimentalmente, com o objetivo de integrá-las ao sistema da psicologia científica. Tende, assim, a unir-se à psicologia numa síntese que seria a futura psicologia completa.
De acordo com a divisão e simbologia consagradas no I Colóquio Internacional de Parapsicologia, os fenômenos que constituem objeto da parapsicologia, são: (1) fenômenos que correspondem à percepção extra-sensorial, PES, ou em inglês, extra-sensory perception,(ESP); e (2) fenômenos que correspondem à psicocinese, ou função PK. A primeira dessas novas funções psicológicas, a percepção extra-sensorial, abrange fenômenos de telepatia, de coincidência entre comportamentos ou estados psicológicos de dois indivíduos, inexplicável pelo acaso, por uma percepção sensorial ou por um raciocínio consciente ou inconsciente; e de clarividência, coincidência entre o estado psicofisiológico de um indivíduo ou seu comportamento e um acontecimento objetivo, inexplicável pelo acaso, por uma percepção sensorial ou por um raciocínio consciente ou inconsciente. A segunda função, a da influência paranormal do psiquismo sobre a matéria, refere-se sobretudo à psicocinese, coincidência entre o desejo e o pensamento de um indivíduo e um acontecimento objetivo, inexplicável pelo acaso ou por uma ação mecânica. Essa segunda função, muito menos estudada que a primeira, é rejeitada por muitos parapsicólogos.
Métodos. No estudo dos fatos paranormais, a seleção de relatos, documentos e testemunhos relativos a estes é submetida a rigorosa crítica. Quanto à experimentação parapsicológica, feita segundo as regras do método experimental comum a todas as ciências, não pôde ainda ir além da observação destinada a comprovar uma hipótese. Não foi possível a experimentação entendida como produção artificial e voluntária do fenômeno, o que, segundo alguns, é suficiente para que a parapsicologia não possa ser considerada como ciência.
Os métodos usados na evidenciação dos fenômenos paranormais têm sido o qualitativo e o quantitativo. O primeiro tem base no critério de unidade e especificidade, e pode ser sintetizado na concepção de Henri Bergson, segundo a qual a comprovação de um só caso de informação extra-sensorial seria bastante para demonstrar a existência desse tipo de conhecimento, fosse qual fosse o número de ilusões e fraudes verificadas desde as origens da humanidade; o segundo método, quantitativo, estatístico, marca o advento da parapsicologia moderna.
Existem várias categorias de testes parapsicológicos. Os testes de Rhine, utilizados na investigação da percepção extra-sensorial, constam principalmente de maços de 25 cartas com cinco séries de cinco símbolos: cruz, estrela, quadrado, ondas, círculo (baralho de Zener). Foram depois propostas as cartas-relógio (clock-cards), que representam um mostrador e um ponteiro que indica a hora. Esses testes podem ainda ser adaptados ao estudo da precognição e às experiências de psicocinese, ou ação do espírito sobre a matéria.
História. O interesse pelos fenômenos paranormais é muito antigo, embora seu estudo, que só foi sistematizado nos tempos modernos, tenha enfrentado o ceticismo dos meios científicos. Francis Bacon defendia o recurso à pesquisa experimental na análise dos fenômenos parapsíquicos. No século XVIII, o racionalismo iluminista relegou ao domínio do ocultismo e da superstição todo interesse por esses fatos inexplicáveis. Por essa época, Emanuel Swedenborg, que se pretendia dotado de clarividência, e Franz Anton Mesmer, médico vienense que formulou a teoria do magnetismo animal devido a um "fluido" universal e à existência de um sentido "interior", despertaram importantes movimentos de adesão. Filósofos como Schelling e Schopenhauer manifestaram sua crença na existência de "faculdades mágicas". No século XIX, o desenvolvimento das ciências físicas lançou mais uma vez o descrédito sobre esse tipo de fenômenos invulgares mas, por outro lado, impôs a pesquisa aprofundada nesse campo.
No decorrer do século XIX e no século XX surgiram várias sociedades de pesquisa psíquica. Em 1882 foi fundada em Londres a Sociedade de Pesquisa Psíquica. Em 1919 surgiu na França o Instituto Metapsíquico Internacional, impulsionado principalmente por Charles Robert Richet, que estudou um caso célebre nos anais da parapsicologia, a médium Eusapia Paladino. Nos Países Baixos, realizaram-se em 1920 experiências de telepatia no Instituto de Psicologia da Universidade de Groningen. A partir da década de 1930 tiveram início na Duke University, nos Estados Unidos, os trabalhos do laboratório de parapsicologia de Joseph Banks Rhine. Surgiram outros importantes centros de pesquisa parapsicológica, como o instituto fundado em 1954 em Friburgo, Alemanha, e a Associação de Parapsicologia de Nova York.
As teorias interpretativas formuladas para tentar explicar os fenômenos parapsíquicos não puderam ainda ser demonstradas. A clarividência, a precognição e outros fenômenos parapsicológicos, embora comprovados com fatos, continuam a ser totalmente inexplicáveis, sem que se torne possível incluí-los no quadro geral de uma teoria científica. Não se exclui a hipótese, entretanto, de que esses fenômenos invulgares venham a ser incorporados ao âmbito do normal e do natural, desde que para eles se elabore uma teoria explicativa satisfatória. É inegável no entanto, qualquer que seja a causa dos fatos paranormais, que eles fazem parte da experiência direta ou indireta de grande número de pessoas.
Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Apolo

Sim, é Jesus Menino, só que com gestos de Apolo, identificando-o com o deus pagão. A pregação do cristianismo aos gentios deu-se muito por meios assim. Da mesma sorte, Maria é frequentemente identificada com deusas da fertilidade, da concepção, Maria da Conceição. A imagem é de uma estatueta esculpida em marfim, que pertence ao acervo da Pinacoteca de SP. A foto é minha, naturalmente.

Pérolas da Modernidade




"Os egípcios antigos desenvolveram a arte funerária para que os mortos pudessem viver melhor".


Coisas assim

Tem coisas assim... Como essa imagem que encontrei enfiada no vão de uma rampa, escondida. Então fotografei. Não a trouxe comigo. Fiquei apenas pensando o que leva alguém a perder coisas assim, tão estranhamente.

Arte

A história está toda aí. Todas as respostas podem ser encontradas, se soubermos interrogar corretamente a imagem. Ela dá notícias de um tempo, de hábitos, de posturas, olhares, cores e formas que vigoraram um dia. Pode-se sentir o tempo dedicado à escultura, pode-se perceber, nas curvas do tecido e na inclinação da cabeça, no gesto dos braços, na perfeição da cromagem e da douração, a expressão de um artista que atravessou o tempo, que vive e que viverá ainda, eternizado pela persistência da memória que vibra em sua obra. Diante disso, que importa seu anonimato? 

Despacho sem Farofa


Roger Bacon

“É certo que o homem jamais saberá qualquer coisa com absoluta certeza antes que Deus seja visto face a face... pois ninguém é versado na natureza a ponto de saber tudo... a natureza e as propriedades de uma simples mosca... E já que, em comparação com o que o homem sabe, são infinitas e indubitavelmente maiores e mais belas as coisas que ele ignora, ele estará fora do juízo se se vangloriar a respeito de seus próprios conhecimentos... Tanto mais sábio será o homem, quanto mais humildemente se mostrar disposto a receber os ensinamentos de outrem, não desdenhando a simplicidade do mestre, porém conduzindo-se de maneira humilde para com os aldeões, mulheres idosas e crianças, pois muitas coisas que os simples ignorantes conhecem escapam à observação dos sábios... Tenho aprendido importantes verdades com homens de posição humilde, mais do que com doutores célebres. Portanto, não deve ninguém se vangloriar de sua sabedoria”. Essas palavras foram ditas por Roger Bacon. DURANT, Will. História da Civilização, tomo IV, 2ª ed., Companhia Editora Nacional, São Paulo. 

Amor e Poder

Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.
Jung

O Diário

A foto marca o local onde o Diário foi encontrado. E a descoberta de tamanha preciosidade não poderia ser anunciada senão que em Mestres do Imaginário. Há coisas que fazem seu próprio caminho. Têm vida própria, imprimem-se um destino e vem ter em nossas mãos. Depois das Cartas, agora foi a vez de o Diário, meus tesouros de subjetividade.

Os Metais


O Ritual exige, como primeiro passo, que se despoje dos metais.
Materialmente, é coisa fácil e rápida; sem embargo, o espírito se desprende com
dificuldade de tudo quanto o deslumbra. O brilho externo o fascina e é com
profundo pesar que se decide a abandonar suas riquezas. Aceitar a pobreza
intelectual é condição prévia para ingressar na confraternidade dos Iniciados,
como também no reino de Deus.
OW

Vista do Mosteiro de São Bento

A foto saiu sem querer. Ia apressada quando meus olhos deram com o Mosteiro pela metade; a outra metade refletida na pedra negra do edifício e torre assim tornada gótica pelo reflexo, com bandeiras mágicas, como se fosse Idade Média em algum torneio onde uma dama era objeto de disputa. E terminei por não deletar impiedosamente mais esta dentre tantas por pura economia de memória.

Protesto!



Eu estava em frente ao MASP, São Paulo, pronta para ver a exposição de Caravaggio, quando me deparei com vários cartazes desse tipo, todos anunciando o fim do mundo para dezembro agora, dia 20, portanto, ainda antes do próximo Natal. No fim, desisti de ver a tal exposição diante do número exagerado de pessoas, filas enormes, etc. Caravaggio não merece isso, de jeito nenhum! Em compensação, adorei ver o sucesso dos cartazes entre o público presente. Muito estranho. A ver se vai mesmo acontecer o tal grande terremoto que vai destruir São Paulo. Sinceramente, espero que os tais alienígenas, que pretendem levar a efeito esse tal apocalipse, mudem de ideia... Será que não têm nada melhor para fazer? Onde já se viu destruir São Paulo? Minha cidade favorita, ora! Querem acabar com o Terraço Itália, com o meu lindo edifício branco do Banespa, com a Estação da Luz, maravilhosa... Querem dar fim à Pinacoteca, onde passo tardes inteiras apreciando os quadros de Almeida Júnior... Querem dar cabo da Catedral da Sé, com sua cripta subterrânea cheia de mortos famosos que ainda nem saíram na Revista Caras, é? Querem acabar com Congonhas, por onde se chega à noite espiando por entre as janelas dos prédios mais altos; acabar com o meu Centrão e com os noias e seus cobertores? Onde vou comer tempurá? Onde vou comer meu Virado à Paulista delicioso de raspar o prato todinho? Onde vou tomar o melhor café do mundo? Esses insensíveis alienígenas, então, estão pensando o quê, hem? Pretendem assim, sem mais nem menos, aniquilar a minha cidade de adoção e pensam que vou deixar por isso mesmo? Eu não! Eu protesto, viram?  Não pretendo ser privada de sentir o cheiro de comida que invade São Paulo, sem a Praça da República, sem a Estação Júlio Prestes, sem trens e sem metrô para passear. Fora as maravilhas de cemitérios daquela cidade! Ora já se viu! Destruir São Paulo! XÔ, alienígenas! XÔ! Vão catar coquinho na lua, vão! 

Fobos e Deimos

O medo e o terror. Essas palavras de origem grega também serviram para dar nome aos dois satélites do planeta Marte, que giram em sentido contrário um do outro. Muito a propósito, pois, na mitologia, Marte, deus da guerra, guiava um carro com dois cavalos que teimavam em tomar sempre direções contrárias. A face humana transforma-se também quando expressa sentimentos dessa ordem. Captar tal efeito e expressá-lo é uma arte. Neste detalhe, Caravaggio chega à perfeição. 

Faz tempo

Esta edição que encontrei à venda no Bric da Redenção, aqui em Porto Alegre, deve ser a primeira a ser lançada no Brasil. É de 1939. O livro foi um sucesso editorial à época. Todos falavam dele. Precursor do estilo auto-ajuda, não é de admirar que até hoje encontre seu público, entre aqueles que se mostram sedentos de fórmulas e de definições.

Imaculada Conceição

É dogma. O feminino que preenche o imaginário e que encanta. A mulher inacessível, belíssima, pura e que concebe sem pecado. Culpa e castigo, sagrado e profano.

Sonho Recorrente

Ele é menor que eu, gordo, cabelos crespos, usa barba. Faz parte de um sonho que se repete. Segura minha mão com muito carinho e caminha a meu lado. Ele usa um estranho casaco de corte oriental, que vai quase até os pés. Tem um pássaro sempre com ele, e ainda um gato, pequeno, que vive deitado sobre o seu ombro direito. Neste último sonho que tive com ele, me dei conta de que não é simplesmente um personagem que tenha a ver com este mundo. Parece um gênio. Será? Uma estranha recorrência da qual tomo nota, para não esquecer.

Fantasma

Fantasma, sim. Havia um, bem ali. Mas não quis aparecer. No entanto, olhando bem, naquele cantinho... Sim, sempre há fantasmas, assombrações, restos de passado que nos espreitam das rachaduras da taipa. O casarão abandonado tem dono. 

Mandala

Talvez seja a simetria o elemento que faz com que tanta gente aprecie as mandalas. Eu, particularmente, seja pela subjetividade, seja pelo meu vezo anarquista, ainda criarei algumas ricas em assimetrias, como me parecem ser as coisas mais interessantes.

Sentimento & Razão

Em todos os tempos diz-se que há verdades que despertam o sentimento tanto quanto a razão; e em todos os tempos também se diz que, ao lado das verdades que nós encontramos feitas, existem outras que nós ajudamos a formar, que dependem em parte de nossa vontade.
Bergson 

Bain Marie

Banho Maria é o nome dado a uma espécie de banho alquímico feito com água morna. Duas caldeiras são usadas:   um recipiente com água é mantido suspenso sobre um caldeirão fervente. A metáfora aí compreendida é aquela do calor da gentileza, do afeto que dilui, dissolve... Consta que o nome Bain Marie dado a esta técnica é alusivo a Maria Prophetissa.

A PAPISA


Das duas colunas, uma é VERMELHA e a outra, AZUL. A primeira corresponde ao FOGO (ardor vital devorador, atividade masculina, Enxofre dos Alquimistas); a segunda relaciona-se ao AR (sopro que alimenta a vida, sensibilidade feminina, Mercúrio dos Sábios). Toda a criação decorre desta dualidade fundamental: Pai, Mãe — Sujeito, Objeto — Criador, Criação — Deus, Natureza — Osíris, Ísis — etc.

OW

Curiosidade

Há uma curiosidade numerológica associadas ao Tarô. Trata-se de uma interpretação que encontra, na versão de 52 cartas, a representação das 52 semanas do ano. Os quatro naipes lembrariam as quatro estações. As 13 cartas de cada naipe, por sua vez, equivaleriam aos 12 meses, com a 13ª carta sugerindo as 13 semanas de cada um dos quatro trimestres. Finalmente, a soma dos números que vão de um até doze daria 91 que, multiplicado por quatro, número das estações, daria exatamente 364 mais um. Realmente, se verdadeiro não é, o esforço do ajuste na conta de chegar foi absolutamente meritório. 

O Louco e a Loucura

Ser louco é não contar. Carta fora da ordem do baralho, o Louco é representado de mil maneiras diferentes. Sorridente, com partes do corpo descobertas, ao mesmo tempo em que também é transparente no que sente, muito embora o que sinta por vezes não faça parte de si. O louco não é a própria loucura, mas talvez seja o efeito dela. Tantos são os conteúdos não tolerados em nosso próprio eu, tantos somos nós, em legião, que não é muito que a loucura suceda à razão e nos leve a descobrir essas partes do corpo, a insinuar sorrisos, a dar passos em falso, enfeitados com os ouropéis da ilusão que nos consola de perdas. Metade como rei, metade como mendigo, metade gente, metade bicho, o louco pertence a dois mundos, de sorte que a loucura pode ser o caminho, a ponte que nos leva ao outro lado, onde jazem os conteúdos simbólicos, arquetípicos, o grande manancial submerso bem além do inconsciente individual. Há loucuras lúcidas, como há racionalidades embrutecidas pelo sarcasmo. Não há fórmulas nem programas, mas processos a que a vida nos submete, por ser maior do que aquilo que vive. Nem sempre é possível descobrir razões e plausibilidades acerca do que nos encanta ou do que nos aflige, nos mata ou faz viver. É preciso, pois, representar esta impotência, exorcizar esse fracasso. Talvez por isso tenhamos essa tendência a ridicularizar o louco, fazendo dele um idiota. Contudo, não estou bem certa de que a razão seja melhor guia que a loucura. Talvez ambas possam ser complementares. Quem sabe?

Feitiço do Sapo


Sapo, sapinho, sapo, sapão
Derruba inimigo no meu alçapão
Começa, termina
Costura, Segura
Fecha, espeta,
Conserta, arremata
Sonho, estrela,
Coelho, machado,
Cisne, galo
Mercúrio na mão!

Simpatia do Gato

Gato, gato, gatinho, gatão
Não faça senão e me dê atração
Feitiço de ouriço
Preste atenção
Que a missa e a promessa 
Te traz pela mão
O pires, o dente, o rato o bigode
Que prende e arrepende
Que explode em paixão

SUSPEITOS



Quem são eles? Serão assassinos?
Serão facínoras? Serão os monstros
Que atacaram Hiram?
São suspeitos, murmuram as paredes,
Suspeitos de ódio,
Suspeitos de inveja,
Suspeitos de fraude.
Violência! Vingança!
Hiram é morto. Quem o matou?
Não sabemos, mas foram Companheiros,
E tudo fizemos, com muito engenho,
Para os  encontrar.
Sabemos?  Não. Suspeitamos.
Sois Companheiros? Sois suspeitos,
Sois vós os ingratos, desnorteados ambiciosos,
A corda vos traz cativos das próprias consciências,
Amordaçados ao remorso.
Suspeitos — murmuram as águas.
Suspeitos — sussurram as paredes
Suspeitos — murmuram todos
Onde a régua que calou o Mestre
Pela garganta atingido ao Sul?
Onde o esquadro que lhe feriu o peito
Visando ao coração?
Onde o malho certeiro em seu crânio
Que o prostrou ao Ocidente?
De tão aviltante vilania pervertestes seus sagrados Instrumentos.
Com régua, Esquadro, e Malho,
Fostes construtores de um Templo à infâmia.
Insanos sois vós.
Sois todos vós.
\
Mas eis que surgem três.
E a sombra da suspeita, agora,
Se apõe sobre apenas três,
E nosso Soberano haverá de saber,
E não mais supeitar;
Haverá de os fazer atar, prender e castigar.
E serão nove,
E depois mais mais seis,
Serão três vezes três,
E mais duas vezes três,
Serão Nove,
E ao depois serão Quinze,
Eleitos dos Quinze
Que vão resgatar
Da suspeita
 Os Companheiros,
Nossos Irmãos
Nossos Obreiros
Que conosco
Se hão de vingar
Tirando de sobre si
O peso do Sangue
O peso da Morte
Do acaso
E do Destino.
Serão Eles,
Os Quinze,
Que hão de resgatar
Da Suspeita
Os Companheiros,
Do Templo,
O Altar.

Inventar Verdades


Nós inventamos a verdade para utilizar a realidade, como nós criamos dispositivos mecânicos para utilizar as forças da natureza. Poder-se-ia, parece-me, resumir todo o essencial da concepção pragmatista da verdade em uma fórmula tal como esta: enquanto para as outras doutrinas uma verdade nova é uma descoberta, para o pragmatismo ela é uma invenção. Bergson


YEHUDAH


Em hebraico transliterado YEHUDAH – progênie da divindade.  Os rituais franceses traduzem a palavra como ‘louvor’, mas nada há que o justifique, no entender de Aslan.  Todavia, não é assim.  Encontramos dicionários bíblicos que aceitam a tradução questionada.

XII


O Pendurado, Arcano XII do Tarô. A silhueta desse personagem desenha o símbolo da Realização da Grande Obra, um triângulo invertido sobre o qual aparece uma cruz. O Pendurado é, nisso, o inverso do Imperador, Arcano IV, que corresponde ao Enxofre, um triângulo sobre uma cruz. Suspenso por um dos pés, de cabeça para baixo e com as mãos atadas, este estranho supliciado parece ser a própria imagem da impotência. É, todavia, o sonhador ao qual pertence o amanhã. Se está sem ação no presente, suas ideias geniais não são menos fecundas. Estas idéias lhe escapam sob a forma de moedas de ouro e prata que o Pendurado semeia. OW