Alta Venda Carbonária


Os leitores deste blog já podem ler o que consta em um interessante Ritual que logo mais vai para o meu Scribd. É o Ritual do Aprendiz Carbonário, como atualmente tem sido distribuído aos seus filiados. Recebi o arquivo de um amigo muito dileto faz algum tempo, e hoje resolvi disponibilizá-lo aos frequentadores dos Mestres do Imaginário. Por conta do assunto envolvendo a Alta Venda, lembrei-me do Frei Boaventura e de sua luta para preservar os católicos da má influência representada pela Maçonaria.

"Os juramentos maçônicos, portanto, são gravemente ilícitos, pecaminosos, blasfemos e intrinsecamente maus e imorais e, por conseguinte, nulos e inválidos. O cidadão que teve a fraqueza ou a infelicidade de proferir semelhantes juramentos, não só não tem nenhuma obrigação, em consciência, de mantê-los ou observá-los, mas, pelo contrário, não pode, sob pena de gravíssima ofensa ao Criador, considerar-se ligado e comprometido perante Deus por promessas tão cruéis, injustas, más, ilícitas". (p. 259)

Menos, Frei Boaventura, menos, eu diria...

Histórias envolvendo o secretismo da Maçanoria e, em particular, da Alta Venda Carbonária não faltam. Há muito material na internet, mas creio que pouca gente leu esse livro do saudoso Dom Boaventura Kloppenburg, bispo da cidade de Novo Hamburgo, RS, falecido em maio deste ano, que, com sua prosa notável e vigorosa, não poupou críticas a essa terrível instituição, em sua interessante obra intitulada A Maçonaria no Brasil, Vozes, 1961. Nas páginas 304 e seguintes, ele publica o que se constituiria em uma série de documentos da Alta Venda, todos, segundo ele, procedentes da Suprema Alta Venda, um grupo formado por apenas 40 homens, que teria existido na Itália, no século XIX, cujo chefe, "um distinto senhor dos meios diplomáticos de Roma", deixava-se conhecer apenas por Núbios. Quem encontrar o livro, pode achar o material, no mínimo, curioso, e poderá ler, em português, coisas do tipo Instrução Secreta e Permanente da Alta Venda, ou seja, a transcrição de um documento de 1819 onde são traçados planos tenebrosos e verdadeiramente diabólicos contra a Igreja, os Cardeais, os padres, as famílias cristãs e a juventude.
É nessas horas que não consigo deixar de simpatizar com a Tolerância, aliás, tanto mais rara quanto mais necessária se torna.

Alta Venda

"Todo Carb.’. é uma Árvore em constante “poda” e aperfeiçoamento,
primando por ser madeira de melhor qualidade.
Esta Árvore, representa o pag.’., em seu estado mais impuro e
deprimente. Ao buscar o ingresso na Ord.’., o pagão aspira salvar o que ainda lhe resta de aproveitável nesta árvore que o representa".

INICIAÇÃO

Não dormes sob os ciprestes,
Pois não há sono no mundo.
O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.
Vem a noite, que é a morte,
E a sombra acabou sem ser.
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.
Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa.
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.
Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.
Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.
A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não estás morto, entre ciprestes.
Neófito, não há morte.

Fernando Pessoa

O Mundo da Imaginação


O imaginário é repleto de imagens. Não é tridimensional, como se poderia dizer dele para opô-lo ao mundo real. É esse estado onde a imaginação predomina. Há um cão e um lobo, água e lua sugerindo um mundo feito de reflexos, onde tudo se prenuncia sem acontecer realmente. O mundo da lua, da imaginação, dos sonhos não é profundo como o mundo real que dá sentido à vida. No entanto, o imaginário é a grande chave das explicações que a realidade, sempre mais inatingível que o pensamento, nos recusa. O imaginário se explica, porque foi imaginado por nós, daí a clareza com que causas e efeitos emergem desses reflexos, coisa que não acontece com o real, infinitamente mais complexo. Mas a imaginação, por perigosa que seja, nos reinventa a vida.

Pensamento

Somente a consciência individual do agente dá testemunho dos atos sem testemunha, e não há ato mais desprovido de testemunha externa do que o ato de conhecer.
Olavo de Carvalho

Simbolismo

Não tenhamos a alquimia como um fim, mas consideremo-la como um poderoso meio para chegar, através dela, ao discernimento do verdadeiro, e por aí à realização do bem. A iniciação é una, ainda que cada escola de iniciação use símbolos próprios. Aprendamos comparando, transpondo um simbolismo para outro, e a luz vai se fazer em nosso espírito.
O. W. Paris, agosto 1930.
El Simbolismo Hermético

Sobre o Tarô

O MAGO tem fé nele mesmo, em sua inteligência e em sua vontade; ele se sente soberano e aspira conquistar seu reino. O místico persuade-se, ao contrário, de que ele nada é senão que uma casca vazia, impotente por si mesmo. Sua renúncia passiva coloca-o à disposição daquilo que age sobre ele. Ele se entrega, pés e mãos amarrados, como o PENDURADO que, no Tarô, parece ser o mesmo personagem que o SALTIMBANCO. No ARCANO XII, retorna, com efeito, o jovem louro e esbelto do ARCANO I, mas que contraste entre o malabarista de dedos hábeis e o supliciado que não mantém livre senão que a perna direita que ele dobra por detrás da esquerda, para formar uma cruz acima do triângulo invertido desenhado pelos braços e pela cabeça.
O conjunto da figura lembra assim o símbolo alquímico da realização da Grande Obra, inversão do ideograma do Enxofre ao qual se relaciona a silhueta do IMPERADOR. A oposição assim trazida à luz é aquela do Fogo e da Água, do Fogo interior ou infernal no sentido literal da palavra e da Água sublimada ou celeste. O ardor sulforoso é o Archée do indivíduo, o princípio de sua exaltação e de sua soberania (dorismo). A Água exteriorizada representa a substância anímica purificada na qual se refletem as virtudes do alto. O PENDURADO é inativo e impotente quanto ao corpo, porque sua alma está livre para envolver o organismo físico com uma atmosfera sutil, onde se refletem as irradiações espirituais mais puras. O IMPERADOR, ao contrário, está concentrado sobre si mesmo; ele está absorvido pelo centro de sua individualidade, praticando a descida a si mesmo dos Iniciados. A entrada em si conduz à realização da Grande Obra pela via seca do dorismo, enquanto a saída de si para aí encaminha pela via úmida do ionismo.
OW

Rebis


O Rebis, a coisa dupla unindo os dois sexos, na realidade, a alma espiritual dotada de razão (Sol) e de imaginação (Lua). O princípio inteligente domina a animalidade representada pelo dragão das atrações elementares.

Sois?

Meu Irmão, de onde vindes?
— Da L.'.São João, Ven.'. Mest.'..
— Que se faz na L.'. São João?
— Elevam-se templos à virtude e cavam-se masmorras aos vícios.
— Que trazeis?
— Saúde, prosperidade e boa acolhida a todos os irmãos.
— Que vindes fazer aqui?
— Vencer minhas paixões, submeter minha vontade aos meus deveres e fazer novos progressos na Maçonaria.
— Tomai lugar, meu Irmão, e sede bem-vindo ao seio desta oficina que recebe com gratidão o concurso de vossas luzes.


Efetivamente, os rituais da atualidade não têm exatamente estas palavras, mas a fórmula acima exposta já foi empregada também.

Por favor, olhe bem este detalhe...


Não há Maçom que não identifique essa imagem que aparece, aliás, nos rituais de praticamente toda a maçonaria ocidental. Um desenho que tem qualidade artística e, muito mais que isso, um potencial simbólico imenso, porque presente nele toda uma série de elementos relacionados à tradição maçônica. O que eu gostaria de fazer ver, no entanto, é que, se vocês observarem o terceiro ladrilho branco, à direita, na diagonal, verão que nele estão grafadas duas letras: um "O" de Oswald e "W" de Wirth. Basta dar um clic na imagem. Ela vai ampliar o bastante para mostrar claramente este detalhe.
Dá para entender por que eu insisto tanto em falar nele, em Wirth? Pois eu falo, sim. Leio, escrevo, traduzo. Crio lá os meus Diálogos Imaginários que estão aí. Tenho por esse autor um carinho imenso, ainda que eu seja agnóstica, profana e irreverente com muita coisa, o que em nada me impede de dedicar profunda admiração ao trabalho de alguém que, sem a menor dúvida, merece ser chamado de Mestre.

O MUNDO ASSOMBRADO PELOS DEMÔNIOS


Em 1997, perdemos Carl Sagan, professor de astronomia e ciências espaciais, autor de dezenas de artigos e livros científicos, dentre os quais se destacam Cosmos e Pálido Ponto Azul. Tais obras foram amplamente difundidas pelo mundo, mas possuem caráter científico, o que as torna específicas a um determinado grupo de leitores. Antes de sua morte, porém, dedicou-se SAGAN a um livro em especial. Um belo livro chamado O MUNDO ASSOMBRADO PELOS DEMÔNIOS, edição que ainda pode encontrada em sebos. Quem ler, verá que a obra representa uma espécie de testamento deixado por um homem, defensor da ciência e da racionalidade humana, que viu e anteviu, em final de século e de milênio, a proliferação de um grande mal representado pelo que ele denominou de pseudociências. Numa análise muito bem humorada, SAGAN nos reapresenta os chamados fenômenos ocultos vistos sob o prisma da ciência pura. Por seu livro, desfilam os mais inusitados temas que vão do monstro de Loch Ness às estátuas lacrimejantes de Maria, sem esquecer das terapias ditas alternativas, anjos, cristais, pirâmides e até mesmo o abominável homem das neves. Destaque especial, também, para os ETS – verdadeiros invasores do planeta, que ultimamente deram para praticar abusos sexuais, seqüestrando e estuprando mulheres. O MUNDO ASSOMBRADO PELOS DEMÔNIOS é um dos melhores livros que já li. Daqueles que nos deixa algo para todo o sempre, fora uma simpatia imensa pelo autor, um homem de ciência que não precisava mesmo se dar ao trabalho de escrever para profanos, gente comum que, justamente por não ter uma noção precisa sobre o que é rigorosamente ciência, termina por deixar-se convencer da eficácia de muitos métodos que, nem de longe, podem ser considerados científicos. Tomar contato com o livro, ainda hoje, tantos anos depois de sua edição no Brasil, ainda é um encontro gratificante, quando sob nossos olhos pululam cada vez mais obras das mais questionáveis. O apelo à razão, às vezes, pode ser como água para quem tem sede. Seja como for, o livro serve bem ainda como autêntica vacina, uma leitura capaz de imunizar contra dois terríveis vírus: ignorância e superstição. São 442 páginas de fácil leitura, o que não torna o livro tão caro assim. Vale cada centavo que porventura se venha a pagar por ele, e certamente sai por menos do que uma consulta ao guru.

Esperança, a irmã do Sono e da Morte

A ESPERANÇA, divindade alegórica, era principalmente reverenciada pelos Romanos, que a ela elevaram muitos templos. Segundo os poetas, era irmã do Sono e da Morte. O primeiro suspende as nossas dores; a segunda termina com elas. Chamada também de “a nutriz dos velhos”, a ESPERANÇA costuma ser representada como uma jovem ninfa, com a fisionomia muito serena, sorrindo com graça e coroada de flores novas, das quais um ramalhete está em suas mãos. Tem por emblema a cor verde, presságio de uma bela colheita. Modernamente, deram-lhe como atributo uma âncora de navio, símbolo este que não é visto em nenhum monumento antigo.

THEMIS

THEMIS, filha de Urano e Titéia (Céu e Terra), era a irmã mais velha de Saturno e tia de Júpiter. Segunda a lenda, ela queria preservar sua virgindade. Não foi assim. Seu sobrinho, Júpiter, obrigou-a a desposá-lo, fazendo-a mãe de três filhas: a EQUIDADE, a LEI e a PAZ: AEQUITAS, LEX ET PAX. Também é considerada a mãe das Horas e das Parcas. No Olimpo, esta deusa está sentada ao lado do trono de Júpiter, auxiliando o deus com seus conselhos que são todos inspirados pela prudência e pelo amor à justiça. Preside ou assiste às deliberações dos imortais, sendo encarregada por Júpiter das mais difíceis e importantes missões. É olhada como a deusa da Justiça.

Estalos em Maçonaria

Os ESTALOS são costume dos maçons do Rito Moderno ou Francês, pelo menos aqui no Brasil, já que tal uso não é conhecido em outros países. Ao pronunciarem as palavras da aclamação próprias do Rito, no caso – “liberdade, igualdade e fraternidade” – produzem estalos com os dedos polegar e médio, à altura do ombro esquerdo, do ombro direito e da fronte, formando um triângulo. Os “estalos” são também utilizados como uma forma discreta de aplauso, o que - segundo NICOLA ASLAN – não parece digno de ser recomendado.
Ouvi dizer que esse hábito tinha em vista substituir o ruído dos aplausos por um som menos extravagante, com a finalidade de preservar a discrição das cerimônias que tinham lugar no interior do templo, evitando assim provocar a curiosodade profana.

Menos, Mestre, menos... Pode ser?

Em Maçonaria, a liberdade de pensamento é uma realidade. Todos podem opinar. Todos podem pensar. Todos podem falar, escrever e publicar livros. Encontramos, assim, toda sorte de manifestações que se desenvolvem à sombra da tolerância, e sob os auspícios da vaidade. Valha-nos o bom senso, e uma boa educação que nos permita ouvir, muitas vezes, o absurdo. Respeitar todas as crenças é um dever de todo o Maçom, e neles efetivamente esse perfil comumente se manifesta. Encontro-os até muito pacientes. Tal grau de tolerância, porém, não inclui a aceitação passiva, de certos ensinamentos, ainda que eles provenham de insignes Mestres. Ser Maçom é, acima de tudo, ser um homem que interroga, pergunta e duvida. É pensar. É conquistar o conhecimento através da árdua tarefa de aprender. Quem deseja a luz, o faz por sentir-se no escuro. Por mais que queiramos, sem trabalho, nada obteremos, seja na vida, seja em instituições que se propõe o objetivo de conduzir os homens ao domínio de si mesmos. Não se adquire conhecimentos por osmose cósmica ou por pura iluminação. Esta última, se existir de fato, existirá para estimular ao trabalho, e não para conduzir o iluminado a magicamente penetrar nos chamados grandes mistérios. A par disso, porém, há sábios Mestres por aí. E, como soe ocorrer, tais Mestres têm até fiéis seguidores que, embriagados com o suposto poder de seus ídolos, não fogem a um intenso proselitismo em torno de suas obras. Vejam isso:
“O grão da vida não é o espermatozóide, mas um pequeno verme que se encontra aninhado na cabeça deste. Tal verme, que é o ninho contenedor do grão vital, cresce no ventre materno, continua crescendo na cabeça da criança e alcança sua plenitude na idade madura do homem, fazendo com que, na medida em que se desenvolve, desenvolvam-se também as partes constitutivas do homem, do nascimento à morte.
“Todas as faculdades e tudo quanto forma o homem como indivíduo não são mais do que a extensão do minúsculo ser que se aninha em nossa massa encefálica.”
Isso não é uma piada. O livro existe, e seu autor é um médico. Seu nome? Dr. JORGE ADOUM, maçom, 33, também conhecido como MAGO JEFA. O texto acima consta do Livro A Magia do Verbo ou o Poder das Letras, publicado pela FEEU, a cargo da Comissão Divulgadora de Jorge Adoum. Levei algum tempo tentando descobrir aí um significado simbólico, por prosaico que ele fosse, que me levasse a descobrir um sentido qualquer nessas sábias colocações. Poderia ser o sentido do iod, mas creio que isso mais confundo do que explica. Definitivamente, acho que estou bem longe da iluminação, porque não consigo reconhecer em muitos dos ditos grandes mestres aquela marca pessoal que me inspira respeito e admiração. Tem horas que só consigo mesmo é sorrir e pedir: menos, mestre, menos... Pode ser?

As Serpentes


Bem, aprender.
É convivendo com a estupidez profunda dos bovinos que se aprende a dar valor às serpentes que, pelo menos, são solitárias e convivem muito bem com a maldição. Não é sem razão que o Eremita não dispensa a companhia de uma delas. O bicho só foi maldito porque inventou de dar consciência aos homens, e sabia bem o que fazia quando a deu primeiro à mulher.

Ciência

Querendo separar radicalmente as ciências de todo princípio superior sob o pretexto de assegurar sua independência, a concepção moderna lhes retira toda significação profunda e mesmo todo interesse verdadeiro do ponto de vista do conhecimento, e ela só pode chegar a um impasse, pois as encerra em um domínio irremediavelmente limitado.
René Guénon. La crise du onde moderne.

A Santa





É feita de alpaca, acho. Comprada por um agnóstico que gostava da Aparecida. Mistério pra mim. Descobri a peça faz tempo, e soube que havia sido adquirida do Bric da Redenção há muitos anos. Fotografei. Eu entendo. Sou uma agnóstica que gosta de Santo Antônio.

A Grande Arte

Aquele que não entende senão palavras repete sua lição à maneira de um papagaio, sem fazer ação de pensador autônomo. Posto em presença de um signo mudo, o adepto empenha-se em fazê-lo falar: pensar por si mesmo é a grande arte dos Iniciados.
Oswald Wirth

Responso de Santo Antônio


Se milagres desejais,
Contra os males e o demônio,
Recorrei a Santo Antônio
E não falhareis jamais.
Pela sua intercessão,
Foge o erro, a peste e a morte,
Quem é fraco fica forte,
Mesmo o enfermo fica são.
Recupera-se o perdido,
Cede o mar embravecido,
no maior dos furacões.
Penas mil e humanos ais,
Se moderam, se retiram,
Isso digam os que viram
Os paduanos e outros mais.


Eu aprendi o RESPONSO de Santo Antônio com minha mãe, quando eu ainda era criança, nesta versão. Vinha escrito em livrinho já muito antigo, que já perdera as capas, papel amarelo, soltando páginas. Até hoje me lembro dele assim, no estilo clássico português. Era para decorar e rezar sempre que necessário, para recuperar objetos perdidos, ter saúde, calma, serenidade, enfim, para qualquer coisa urgente. Cresci ouvindo dizer que é uma oração milagrosa.

A Arte de Pensar

Para distinguir-se da multidão que permanece supérflua em sua maneira de pensar, convém aprender a meditar profundamente. Para esse efeito, o isolamento silencioso impõe-se, porque nós não podemos seguir o curso de nossos pensamentos, senão evitando aquilo que nos distrai; retirar-se para a solidão foi, pois, outrora, o primeiro ato do aspirante à sabedoria. Fugir do tumulto dos vivos para refugiar-se perto dos mortos, a fim de inspirar-se naquilo que eles sabem melhor do que nós, tal nos parece haver sido o instinto dos mais antigos adeptos da Arte de Pensar.
A deusa da Vida, a grande Ishtar, instruía os sábios por seu exemplo, quando, voltando seu rosto na direção do país sem retorno, ela renunciava aos esplendores do mundo exterior para penetrar nas trevas de Aralou.
É preciso descer a si mesmo para iniciar-se. Os heróis mitológicos, cujas explorações subterrâneas nos são poeticamente contadas, foram Iniciados vitoriosos do ciclo das provas inelutáveis. Na realidade, o Inferno dos filósofos não é outro senão o mundo interior que trazemos em nós. É o interior da terra, ao qual se reporta o preceito alquímico: Visita Interioria Terrae, Rectificando Invenies Occultum Lapidem, frase cujas palavras têm por inicial as sete letras de VITRIOL. Esta substância devia levar o Hermetista a visitar seu próprio interior, a fim de aí descobrir, em retificando, a Pedra escondida dos Sábios. Trata-se de uma pedra cúbica que se forma no centro do ser pensante, quando ele toma consciência da certeza fundamental em torno da qual se realizará a cristalização construtiva do Templo de suas convicções.
O. W.
Os Mistérios da Arte Real

Pêndulo

A vida balança como um pêndulo entre o sofrimento e o tédio. Depois de o homem ter transformado todas as dores e tormentos na concepção do inferno, nada mais restava para o céu a não ser o enfado.
Schopenhauer

Viver

Segundo uma opinião corrente neste mundo, a vida é curta e, de minha parte, eu a encontro, ao contrário, extremamente longa para muitíssimas pessoas. Quantos encontraremos que não se queixem da brevidade da vida e que não tenham feito, sem embargo, outra coisa senão entediar-se ao longo de toda existência? Sim, é demasiado curta a vida para quem pensa, e demasiado longa para quem não pensa. O tempo voa quando trabalhamos e transcorre lentamente quando não fazemos nada. Sem ação, a vida em nada se diferencia da morte, e viver na ociosidade não é viver, mas apenas vegetar. Viver somente para si mesmo é viver pela metade. Interessar-se pela felicidade universal dos homens e trabalhar para isso é viver de verdade e ter a sensação de viver. Quão poucos são os que vivem neste mundo, e quantos são os que vegetam em vez de viver! Os ricos, orgulhosos de sua opulência e embriagados pelo incenso que lhes prodigalizam seus aduladores, não podem compreender o que é a vida. Os pobres, oprimidos pelo peso da miséria, humilhados pelo desprezo dos demais, tampouco a podem entender. Aqueles que se encontram em meio a grandes e pequenos, ricos e pobres, preocupando-se, a maior parte do tempo, apenas com aquilo que lhes incumbe, não a sentem tampouco. Quem vive, pois, em lugar de vegetar? Os filósofos. Sim, os filósofos unicamente compreendem o que é a vida, conhecem as oportunidades que apresenta e sabem aproveitá-las. Não vivem apenas para eles mesmos, senão que vivem, ademais, para os outros e, seguindo o exemplo do excelso Hermes, de quem têm por glória serem e chamarem-se discípulos, tão apenas vivem para fazer bem à sociedade humana. Pouco lhes importa que os adulem ou que os ameacem os poderosos da terra, que seus parentes os queiram ou os persigam, que seus amigos os sustentem ou os abandonem; nem por isso deixam de ser filósofos, ou seja, amantes da sabedoria. A vida tem, para eles, tanto mais atrativos quanto mais tempo lhes deixa para fazer o bem a quem o mereça; sua benevolência dirige-se àqueles que vivem para trabalhar, nunca àqueles que trabalham para viver.
A Magna Obra sem Véus para os Filhos da Luz, Cap.V, 1775.
OW

A Tradição não tem dono...

Em uma civilização tradicional, é quase inconcebível que um homem pretenda reivindicar a propriedade de uma ideia, e, em todo caso, se ele o faz, ele se furta por aí mesmo de todo o crédito e de toda a autoridade, porque ele a reduz assim a não ser senão uma espécie de fantasia sem nenhum alcance real. Se uma ideia é verdadeira, ela pertence igualmente a todos aqueles que são capazes de compreendê-la; se ela é falsa, não há por que gloriar-se de havê-la inventado. Uma ideia verdadeira não pode ser “nova”, porque a verdade não é um produto do espírito humano. Ela existe independentemente de nós, e temos apenas de conhecê-la. Fora desse conhecimento, não pode haver senão o erro. Mas, no fundo, os modernos se preocupam com a verdade, e sabem mesmo o que ela é?
GUENON, René. La crise du monde moderne, Ed. Gallimard, 1946.

De 1915

Opúsculo editado em 1915 pelo Grande Oriente do Rio Grande do Sul confederado ao Grande Oriente do Brasil. Encontrei nele uma passagem muito interessante que reproduzo a seguir, ainda mais porque suponho não me encontrar exatamente no que o autor chama de "o lado da luz"...

A tolerância é a benevolência que oferecemos às pessoas que não podem pensar como nós. Quando se julga a sua ciência mais interessante que o seu caráter, as suas idéias lhe são admitidas em consideração à sua elevação intelectual.
É que essa deferência para com as idéias contrárias às nossas também procedem de um saber mais extenso. O homem instruído sabe que é difícil assenhorar-se da verdade e sabe também que os progressos conquistados pela humanidade são os resultados de se ter dirigido com tolerância os elementos contraditórios que se mantinham em luta, e concluir por aproximá-los até ficaram compreendidos sob esse lema: Não se tenha aversão para com aqueles que não estão do lado da luz!

Ritual de 1898

É uma das minhas raridades. Foi editado pelo Supremo Conselho do Brazil, para o REAA. O exemplar é do Grau de Aprendiz e tem a assinatura do Grande Secretário Geral da Ordem à época, o que ressalva sua autenticidade.
― Entre vós e mim existe alguma coisa?
― Sim, um culto.
― Que culto é esse?
― É segredo.
― Que segredo é esse?
― A Maçonaria.
― Sois maçom?
― Os meus IIr.’. por tal me reconhecem.
― O que é preciso para ser maçom?
― Principiei a preparar-me pelo coração.

Três Anos

Pode parecer estranho que esta maturidade seja atingida desde a idade de três anos, que é aquela dos Aprendizes. Esta idade da infância iniciática marca uma fase muito avançada em relação à vida profana; o Iniciado de três anos deve ter penetrado os mistérios do Ternário: ele compreende que tudo é triplo em nossa concepção, mas um em sua essência metafísica.
O. Wirth

O Despertar dos Mágicos


O que nos parece é que a mais alta, a mais fervorosa actividade
do espírito humano consiste em estabelecer "modelos"
destinados a outra actividade do espírito, pouco conhecida e
difícil de pôr em actividade. É neste sentido que se pode dizer:
tudo é símbolo, tudo é signo, tudo é evocação de outra realidade.
Isto abre-nos portas sobre o possível e infinito poder do
homem. Isto não nos dá a chave de todas as coisas, contrariamente
ao que crêem os simbologistas. Da ideia de Trindade,
da ideia do transfinido, à estatueta cravada de alfinetes do mago
aldeão, passando pela cruz, a suástica, o vitral, a catedral, a Virgem
Maria, os "seres matemáticos", os números, etc., tudo é
modelo, maqueta de qualquer coisa que existe num universo
diferente daquele onde essa maqueta foi concebida. Mas as
maquetas não são intercambiáveis: um modelo matemático de
barragem fornecido ao cALcUlador electrónico não é comparável
a um modelo de foguetão supersónico. Nem tudo está em tudo.
A espiral não está na cruz. A imagem do bisão não está na
fotografia sobre a qual o médium se exercita, o ponto Ómega
do P.e Teilhard não está no Inferno de Dante, o menir não está
na catedral, os números de Cantor não estão nos números do
Apocalipse. Se existem maquetas de tudo, nem todas as maquetas
são como mesas gigognes, e não formam um todo desmontável
que revele o segredo do Universo.
LOUIS PAUWELS E JACQUES BERGIER, O Despertar dos Mágicos.

Matéria Prima

Papus

Stanislas de Guaita, sobre Papus, escreveu que "jovem médico dos mais eruditos e fecundos, converteu-se em dupla personalidade: conquistou a notoriedade sob dois nomes diferentes. Suas obras de anatomia e de fisiologia receberam apenas a subscrição de Gérard Encausse. Seus Tratados de magia arvoram um outro nome".

Gr.'.14

Grau 14. Visão de Nicola Aslan

Moisés disse ainda: Rogo-te que me mostres a tua glória.
Respondeu-lhe o Senhor: Eu farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te proclamarei o meu nome Jeová; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem me compadecer.
E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum pode ver a minha face e viver.
Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui, sobre a penha, te porás.
E quando a minha glória passar, eu te porei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado.
Depois, quando eu tirar a mão, me verás pelas costas; porém a minha face não se verá.



Este grau pertence a Quarta categoria: a dos graus Israelitas ou bíblicos. Foi classificado como deísta-judaico. Consagra-se ao Grande Arquiteto do Universo, sob o sagrado símbolo do Delta. Tem por base a idéia da RECONSTRUÇÃO.

Chegamos ao fim de uma etapa, onde, no 14º grau, a lenda prossegue em busca da Palavra Perdida revelada por Deus a Moisés que a gravou numa medalha de ouro, depositando-a na Arca da Aliança.

Após a derrota dos Israelitas pelos sírios, caiu a Arca nas mãos destes últimos. É quando aparece um leão que afugenta o exército vencedor que abandona, num bosque, o precioso objeto. Assim este animal tornou-se o guardião da Arca da Aliança, tendo, em seus dentes, a chave. Com isso, a pronúncia do nome de Deus voltou a ser encontrada.

Este grau tem por objetivo analisar o direito da liberdade de consciência. Por isso dedica-se ao estudo das sete ciências e dos fenômenos da criação. Preocupa-se com a educação do homem, para que funde um bom governo que lhe assegure direitos e obrigações, cumprindo cada um com seu dever. Proclama ainda a liberdade de culto.

Segundo o Ritual, Salomão recompensou todos os que trabalharam na edificação do Templo: Aprendizes elevados a Companheiros; Companheiros, a Mestres – estes, prosseguindo em sua jornada, alcançam o 12º Grau, cumprindo a promessa de jamais se desviarem do caminho do bem. Quando àqueles que detinham os 12º e 13º graus, chegaram a “Grande Eleito da Abóbada Sagrada”, prometendo viver em paz, caridade e equidade.

O 14º Grau recoloca o homem na condição de simples mortal, sujeito a penas e atribuições, tão necessárias à evolução de seu espírito. Assim, através do aprendizado que o sofrimento oferece, o homem aprende que deve ser honesto, não semeando nem ódio, nem maldade, pois, segundo viver, morrerá. Quando o neófito, examinando mais atentamente a lenda de Enoch, encontra, no 9º arco, o cubo de ágata com o nome do inefável, vivencia, nesse momento, a personalidade de um dos substitutos do Grão-Mestre Hiram Abib. Torna-se, então, o espírito do homem uma partícula de Deus. Cessam aqui os subsídios fornecidos para a construção do 1º Templo – o Templo de Salomão, onde a Maçonaria, pelo estudo e pela pesquisa e, sobretudo, pela reflexão, prepara Obreiros para a humildade, discrição e perseverança. Só assim seremos verdadeiramente os Eleitos Perfeitos Mestres.

Perfeito e Sublime Maçom


Ao Supremo Arquiteto do Universo, sob o símbolo sagrado do Delta.

Soberano e G.'.A.'.D.''.U.'., de quem são conhecidas todas as nossas palavras e pensamentos! Permiti que a vós ofereçamos a sincera homenagem de nossas mais expressivas graças e fervorosa gratidão pelos favores e benefícios com que nos brinda vossa infinita bondade; pela vida, saúde e força que nos concedeis; por nos livrar da indigência e do desamparo; pelos gozos naturais com que haveis cercado nossa existência; pelo esplendor do céu; pela luz, pelo ar, verdes plantas, belas flores e águas móveis; pelo amor de nossos parentes, lealdade de nossos amigos; simpatia dos bons e estima dos justos; por tudo aquilo que é a causa de nossos gozos e pelas grandes virtudes que nos guiaram a outro mundo melhor e mais perfeito.


HISTÓRICO
Terminados os trabalhos do Templo de Jerusalém, os maçons empregados na sua construção adquiriram justa e merecida celebridade. A ordem a que pertenciam se estabeleceu então sob bases mais regulares e uniformes. Os escrúpulos que começaram a observar na admissão de novos membros levou-os ao mais alto conceito, sendo o mérito do candidato a única finalidade visada. Guiados por estes princípios, muitos dos Grandes Eleitos, ao deixar o Templo depois de sua dedicação ao trabalho, dispersaram-se por países circunvizinhos, iniciando a todos aqueles que achavam dignos em outros graus da antiga Maçonaria. Concluíram-se os trabalhos daquele edifício no ano 3000 da criação. Salomão ficou satisfeito com sua obra e a admiração universal o acolheu por toda parte.

Não obstante, com o transcurso do tempo, e já numa idade algo avançada, abandonou o Rei a sabedoria que lhe havia cumulado tantos favores, ensurdeceu à voz do Senhor e sua conduta não foi a de outros dias, senão que irregular e extravagante.

Envaidecido por haver levantado um Templo a seu criador, de uma suntuosidade e magnificência jamais vistas, e fascinado com seu grande poder, entregou-se a toda sorte de vícios; desdourou seu prestígio do passado com uma vida licenciosa e depravada. Profanou o Templo e adorou nele a estátua, o ídolo de Moloch, com olvido e menosprezo do culto que devia ao erdadeiro Deus.

Horrorizando-se, os Grandes Eleitos e Perfeitos Maçons, do estranho proceder de seu primeiro Grande Mestre, temeram que semelhante apostasia pudesse acarretar grandes males, sobretudo a vingança dos inimigos de Salomão, cuja cólera havia este inutilmente provocado. O povo de Israel, que imitava a conduta de seu Rei, transformou-se, como este, em orgulhoso e idólatra e desdenhou também pelos ídolos o culto do Deus único.

Tal foi a causa do castigo que depois experimentou Israel quando, na sucessão de vários de seus reis que se seguiram a Salomão e, como ele, foram desobedientes, inspirou o Senhor a Nabucodonosor, Rei da Babilônia, que tomasse vingança do Reino de Judá. Com efeito, enviou este príncipe um exército, sob o comando de seu capitão de guarda, Nebuzaradam, que entrou na Judéia, saqueou Jerusalém, arrasou suas muralhas, e incendiou e destruiu completamente a bela obra do Templo, conduzindo à Babilônia os habitantes da cidade que haviam escapado à desolação e os vasos de ouro e prata e demais ornamentos sagrados, e tudo quanto encontrou digno de formar parte do saque. Isso ocorreui no 11º ano do governo de Zedecias, Rei de Judá, após um sítio de oito meses e aos 470 anos, 6 meses e 10 dias da dedicação do Templo.

Moral do Grau: Os contratempos e dificuldades, por grandes que sejam, não devem desalentar nossos IIr.'. nem afastá-los do caminho da perfeição.

Pedro, por Rubens. Prado.

A Torre de Babel

A figura mostra a Torre de Babel interpretada por Brueghel, o Velho. O quadro está no Museu de História da Arte, Viena. Trata-se do mais antigo edifício de que há memória, construído com tijolos cozidos ao fogo, fortemente ligados por meio de betume, tão abundante no vale do Eufrates (Gn 11). Há, pelo menos, duas cidades nas terras a que se refere a Bíblia, que pretendem ser de uma remotíssima antigüidade, e são elas Damasco e Hebrom. A primeira já existia no tempo de Abraão, e Hebrom, que era de origem cananéia, foi fundada cerca do ano 2.000 a.C. Os primeiros israelitas, pastores de vida nômade, habitavam em tendas, mas durante a sua escravidão no Egito foram obrigados a trabalhar em construções, muitas das quais de considerável fama. Mas é somente a partir do tempo de Davi que eles se podem considerar como edificadores. Começaram nessa época a usar a pedra calcária, de que havia abundância, não só em reparações de ruínas, mas na edificação de novos palácios e fortalezas. Mas as tendas ou cabanas de ramagem com rudes pinturas ainda continuaram a ser as casas favoritas do povo. Quando entraram na terra prometida, ai acharam cidades muradas que os esperavam (Nm 13.28; Dt 1.28). Davi preparava-se para a grande empresa de edificar o templo, mas essa tarefa foi reservada para Salomão, que livremente chamou em seu auxílio operários estrangeiros, mandando vir, também, materiais de fora (1 Rs 5.10; 1 Cr 28 e 29). Além das suas obras em Jerusalém e perto desta cidade, Salomão edificou, em vários lugares, fortalezas e cidades. Entre os reis de Judá e Israel, houve muitos que foram grandes edificadores (1 Rs 15.17, 23; 22.39; 2 Rs 20.20; 2 Cr 32.27, 30). Na volta do cativeiro foram reedificados os muros de Jerusalém e o templo, muito solidamente com pedra e madeiras do Líbano (Ed 5.8). Durante o governo de Simão Macabeu foi erigida para defesa do templo e da cidade a fortaleza Barris, mais tarde chamada Antônia. "Mas", diz o cônego Philpott, "os reinos de Herodes e seus sucessores foram especialmente notáveis pelo desenvolvimento que, por meio deles, tomou a Arquitetura. O templo foi restaurado com grande magnificência, e Jerusalém fortalecida com várias fortificações e embelezada de bons edifícios." Ainda existem as ruínas de muitas sinagogas galiléias, de um estilo misto de arquitetura, parte judaico e parte romano, as quais foram construídas durante o segundo e terceiro séculos da nossa era.
Fonte: Dicionário Bíblico

Sublime Cavaleiro Eleito


Então veio a palavra do Senhor a Salomão, dizendo: Quanto a esta casa que tu estás edificando, se andares nos meus estatutos, e executares os meus preceitos, e guardares todos os meus mandamentos, andando neles, confirmarei para contigo a minha palavra, que falei a Davi, teu pai;e habitarei no meio dos filhos de Israel, e não desampararei o meu povo de Israel. Salomão, pois, edificou aquela casa, e a acabou.

HISTÓRICO
Depois de haver castigado os três assassinos de Hiram, Salomão quis recompensar a devoção e a constância dos Quinze Grandes Mestres Eleitos, dando-lhes um grau superior e elevando alguns outros Irmãos de graus inferiores, conforme seus méritos. Assim criou Doze dos Quinze Cavaleiros Ilustres através de sorteio, para nenhum ficasse ofendido.

Todos os nomes foram colocados numa urna e os doze primeiros nomes determinaram a formação de um Grande Capítulo. Cada um dos sorteados foi colocado à frente de uma das tribos de Israel. Receberam o nome de Excelentes Ameth, palavra hebraica que significa homem fiel em todas as ocasiões. Ensinou-lhes as coisas preciosas do tabernáculo onde estavam depositadas as Tábuas da Lei, escritas por Deus e entregues a Moisés no Monte Sinai. Deu-lhes um cinturão largo, preto, sobre o qual estava bordada a figura de um coração em chamas e a espada da Justiça.

Estes são os objetivos principais de nossa Ordem, sobre os quais devereis refletir continuamente, seguindo o tão belo caminho da reflexão, abandonando as sendas perigosas que afastam do cumprimento dos grandes e importantes deveres que deveis observar. Achareis mais fácil sua execução, na medida em que sentirdes no coração sua necessidade e sua justiça. Enfim, se observardes com firmeza vossas promessas, teremos em vós um Irmão zeloso, caridoso e digno de levar o nome de Cavaleiro Sublime Eleito que haveis recebido.

Moral do Grau: O Irmão digno, dedo ou tarde recebe sua justa recompensa.

Notas:
ABINADABE. O nome significa meu pai é nobre. Trata-se de um israelita da tribo de Judá, que vivia perto de Quiriate-Jearim, e em cuja casa a arca, depois de ter sido restituída pelos filisteus, permaneceu durante vinte anos (1 Sm 7.1, 2; 2 Sm 6.3 a 4.
BAANÁ. O nome significa filho da dor. Trata-se de um Oficial do comissariado de Salomão em Aser (1 Rs 4.16).
Fonte: Dicionário Bíblico

Águia Bicéfala

Textos no Blog

Há certos temas muito longos para serem objeto de uma postagem em blog...

A Arte de Construir


Certas idéias são suscetíveis de exercer uma poderosa atração sobre os indivíduos isolados. Elas agrupam-se e tornam-se, assim, o pivô intelectual de uma associação.
Mas esta não saberia ser constituída pelo único fato de um agrupamento desprovido de toda estabilidade e de toda coesão. Para transformar uma aglomeração de individualidades díspares em um todo permanente, a intervenção de uma lei orgânica instituindo a vida coletiva é indispensável.
Em toda associação é preciso, pois, distinguir a idéia e a forma.
A idéia ou o espírito age como gerador abstrato: é o pai da coletividade da qual a mãe está representada pelo princípio plástico que lhe dá sua forma.
Esses dois elementos de geração e de organização estão representados em Maçonaria por duas colunas, das quais a primeira (masculina-ativa) faz alusão àquilo que estabelece e funda, enquanto a segunda (feminina-passiva) se relaciona àquilo que consolida e mantém.
O historiador, — se ele for esclarecido pelas luzes da filosofia, — não pode fazer abstração desses dois fatores essenciais. Para ele, os anais de nossa instituição remontam para além do ano de 1717, data de fundação da Franco-Maçonaria moderna; porque as idéias que então conseguiram tomar corpo haviam inspirado, em épocas anteriores, numerosas tentativas de criações similares.
Uma coletividade que se funda não saberia, de outra parte, improvisar sua organização. Todo ser se constitui conforme sua espécie, e ele beneficia-se nisso da experiência ancestral. Todo recém-nascido se torna assim o herdeiro de uma raça antiga, que revive nele, como ele mesmo viveu em toda cadeia de seus antecessores.
Colocando-se desse ponto de vista, é permitido assinar à Franco-Maçonaria uma origem das mais antigas, porque ela se relaciona a todas as confraternidades iniciáticas do passado.
Todavia essas parecem haver saído das primeiras associações de construtores, como se pode julgar de acordo com as circunstâncias que deram nascimento à arte de construir.
Oswald Wirth

A Jornada dos Quinze


Trata-se, o 10º Grau, de um daqueles que pertencem à categoria dos chamados Graus de Iluminação. Consagra-se à extinção de todas as paixões e de todas as tendências censuráveis, tendo por base a idéia de reconstrução.

Já no estágio anterior, quando Eleito dos Nove, sabíamos que AKIROP, um dos assassinos, morrera na caverna. Seu esqueleto pode ser visto no Oriente, armado ainda do malhete com que ferira Hiram. Salomão fez embalsamar sua cabeça, com intenção de deixá-la exposta até que se encontrassem os outros dois assassinos.

Seis meses depois do castigo, um dos intendentes de Salomão, BENGABER, na terra de GHETH, — que era tributária a Salomão, — empreendeu intensa busca, tentando descobrir se alguma pessoa suspeita se havia ocultado naquele país, pessoa esta que teria vindo de Jerusalém. Publicou, ainda, um aviso, em que fornecia a exata filiação dos traidores. Passados alguns dias, recebeu informações de que certos indivíduos, cuja descrição coincidia com a dos procurados, haviam estado ali, certamente confiantes de que estariam fora do alcance de seus perseguidores.

Salomão foi inteirado dos fatos. O Grande Monarca, então, escreveu ao Rei de Gheth, MAACHA, suplicando-lhe permitisse a captura dos criminosos e sua deportação a Jerusalém, onde haveriam de ser castigados pelo delito cometido. Restava a Salomão encarregar determinados homens do cumprimento de tão honrosa missão. Elegeu, então, Quinze Mestres – aqueles que maior confiança lhe inspiravam, dentre os quais estavam os Nove primeiros que já haviam ido à caverna de Joppe.

A jornada dos Quinze teve início no dia Quinze do mês TAMOUTH, que corresponde a Junho. Chegaram a 28 do mesmo mês ao país de GHETH, entregando a carta de Salomão a MAACHA. Sensível à súplica, o Monarca imediatamente ordenou que buscassem os malfeitores, e que, uma vez encontrados, se lhes entregassem aos Israelitas, declarando, ao mesmo tempo, alegria em ver sua terra livre de tais monstros. Ao cabo de cinco dias de indagações e procuras, ZERBAL e JOABEN descobriram-nos em BENDECAR, onde trabalhavam os assassinos. Presos, foram conduzidos a Jerusalém, onde chegaram aos Quinze dias do mês seguinte. Conduzidos os malfeitores à presença de Salomão, confessaram seus delito. Foram presos nas torres de ACHIZAR, até o dia da execução, quando deveriam expiar seu odioso crime através de uma terrível morte. Às dez horas da manhã do dia marcado para a execução pública, foram tirados das torres e amarrados a dois postes, com pés e mãos atados para trás. O verdugo abriu-lhes o peito até o púbis, e assim ficaram por oito horas, para que moscas e insetos lhes acudissem às entranhas, como testemunha a instrução: Após despidos, foram atados pelo pescoço e pendurados em dois postes, com o ventre aberto, e os braços amarrados para trás, para serem vistos por todos ... Durante oito horas, debaixo de um sol ardente, expostos à voracidade de toda classe de insetos, sofrendo morte cruel. Seus lamentos eram tão horríveis que chegaram a infundir compaixão até mesmo ao verdugo.

Às seis horas da tarde, cortaram-lhes as cabeças que foram colocadas junto a de AKIROP, às portas do Oriente, Ocidente e Meio Dia de Jerusalém. Seus corpos, foram arrojados por sobre as muralhas, para que servissem de pasto aos corvos e às feras. E assim sofreram as penas merecidas por seus crimes.
A temática universal encerra a morte do justo. Sim. A morte, o assassinato, a violência. Mas não apenas isso. Temos a morte, mas temos a ressurreição. O princípio cósmico universal, que preside a destruição e a transformação, o “trans”, de transitório, do não-permanente, ou seja, formas não estáticas, mas se trans-formam, mudam de forma. Por outro lado, o terrível crime, substancialmente a suposta vitória dos erros e das paixões sobre a verdade ou a virtude, esta só agora, no décimo grau, se faz conhecida. Até então, vive-se na esperança, na confiança de que, algum dia, seria expiado o crime que privou a todos da presença de nosso Mestre. E o que representavam os Companheiros celerados? Representavam a ambição, o fanatismo e a ignorância. E quem são os Quinze? São os representantes das virtudes e dos deveres maçônicos. Mas, poderão dizer alguns, de que valem as virtudes e os deveres, frente as forças da natureza? Não encarnam, tais forças, as forças do próprio destino? O que podem homens simples, ainda que de alguma boa vontade, contra os mistérios insondáveis da natureza?

No décimo Grau, os 15, investidos do misterioso avental, tornam o destino impotente em seus ataques. Os Quinze Mestres, imbuídos de todas as instruções, depositários das virtudes e cumpridores dos deveres, lograram capturar os assassinos. Mas, — vejam bem, — não foi uma captura a sorrelfa, feita de emboscada. Captura, morte, condenação e castigo, sim. Mas tudo dentro dos mais específicos moldes da Justiça, tudo precedido de respeito e de limites. Lembremo-nos de que nos primórdios do nascimento da idéia do Estado Político como tal, o castigo infringido aos culpados não foi dos mais terríveis. Apenas se apreciarmos os fatos, da ótica do Direito Moderno do Século XX, é que poderá nos parecer excessiva tal pena. Mas há que se fazer as considerações adequadas à época, à vida, e aos homens daquele tempo. Tomadas tais precauções, nada nos permite condenar tal sorte de castigo.
O crime de JUBELAS, JUBELOS e JUBELUM, só agora cativos, condenados e mortos, deitou sobre todos os Companheiros a sombra terrível da desconfiança. Sendo apenas três, multiplicaram-se por trezentos, e sobre o Segundo Grau criou-se o vezo da suspeita. É nele que maçom experimenta tradicionalmente indiferenciada sobre todos.

J.'. J.'. J.'.

O Grau 10 revela um segredo. O nome completo dos assassinos. Para que se soubesse que cada um deles havia cometido um crime horrível nas portas do Templo de Salomão, pois Jubela Gibbs feriu a Hiram com uma régua de 24 polegadas, na porta do Sul; Jubelo Grabelot com um esquadro, na porta do Ocidente; e Jubelum Akirop deu o último golpe com um Malhete, na porta Oriental, causando a morte do nosso Respeitável Mestre...
O primeiro dos assassinos, que se utiliza da régua, representa a ignorância. O segundo, que lança mão do esquadro, representa o fanatismo. Ignorância e fanatismo, porém, têm cura. O terceiro dos assassinos, que fere o Mestre com o Malhete, este representa a ambição para a qual não existe remédio. O ambicioso conserva o ignorante na ignorância, e o fanático no fanatismo, utilizando-se de ambos para alcançar o poder que ambiciona.

Preboste ou Juiz

À equidade severa que devemos empregar em nossas ações.

Juízes e oficiais porás em tuas cidades que o Senhor teu Deus te deu, segundo as tuas tribos, para que julguem o povo com justiça. Não torcerás o juízo; não farás acepção de pessoas, nem receberás peitas; porque a peita cega os olhos dos sábios, e perverte a causa dos justos. A justiça, somente a justiça, seguirás, para que vivas e possuas em herança a terra que o Senhor, teu Deus, te dá.
Deuteronômio XV, 18-20

HISTÓRICO

Também se insere o 7º grau na categoria dos bíblicos ou israelitas. Consagra-se à eqüidade severa com que devemos julgar nossas ações, do que se depreende que o fundamento moral do Preboste ou Juiz é a Justiça igual para todos.

Na seqüência natural da lenda, defronta-se Salomão com a necessidade de distribuir a justiça entre os obreiros dedicados à construção do Templo. Por essa razão, instituiu aquele soberano um Tribunal composto por sete prebostes , cujo chefe era TITO , Príncipe dos Harodim, fiel depositário da chave da urna onde eram guardadas as atas das reclamações opostas às sentenças proferidas pelos tribunais inferiores dos harodim.

A chefia dos Harodim significava poder sobre 3.600 dirigentes dos operários construtores. Os sete juizes reuniam-se em Câmara do Meio, funcionando como uma espécie de corte de apelação. Assim, fundamental fazia-se a eqüidade, mesmo porque este tribunal julgava tanto apelos dirigidos por fenícios, quanto aqueles originários do povo hebreu.

Neste grau, o Juiz tem por finalidade incutir no ânimo dos iniciados as idéias de eqüidade e justiça, bem como o amor à sabedoria. Não tem ele hora fixa para trabalhar, porque vai e vem por toda a parte, conhecendo e socorrendo os IIr.`., corrigindo seus defeitos, escutando suas queixas, organizando seu trabalho, enfim, distribuindo a justiça, ao dar a cada um o que é seu. Detém ele a chave de ouro da sabedoria.

Segundo Rosen, a lenda judaica referente aos 3.600 contramestres instituídos por Salomão para a administração da justiça é a base do grau. Aqui, o desejo de saber – característica do 6º grau – transforma-se em posse da ciência, onde os iniciados mostram-se capazes de fazer justiça aos seus Irmãos. É uma consagração que nasce da consciência humana de forma natural, daí a relação deste grau com o Jus Naturalis ou Direito Natural, anterior aos atos voluntários que implica em limitação recíproca. A condição sobre a qual a liberdade de ação de cada um pode ser conciliada com a liberdade do outro, cabendo à sociedade a obrigação de garantir a liberdade de cada um, à vista de objetivos sociais e individuais. Nascido livre e inteligente, tem o homem direitos anteriores a qualquer lei positiva (escrita), e estes são os assim chamados direitos naturais da pessoa humana, derivados da condição racional e garantidores da liberdade, da propriedade, da associação, da legítima defesa, etc.

O preboste ou Juiz, assim, na condição de Maçom, tem imposto a si o dever de fidelidade e apoio mútuo. Não pode, pois, deixa-se levar por quaisquer considerações subalternas, por interesses pessoais, simpatias mútuas ou quaisquer outros entendimentos que não o do estrito cumprimento do dever, da justiça e da eqüidade.


Moral do Grau: Devemos Justiça igual para todos os homens.

NOTAS:
* O termo preboste nos vem do francês medieval e designa um magistrado militar existente nos corpos do exército a quem eram submetidos os delitos perpetrados pelos praças. Era título distribuído também a outros ramos da administração pública. Origina-se do latim proepositus, que significa preposto, indicando, à época, o preposto do rei.
* Tito não é um nome hebraico, mas nome fantasia criado por ritualistas franceses. Nas lendas maçônicas, o personagem Tito é considerado como o inspetor responsável por trezentos harodim ou arquitetos. Os harodim das 12 tribos somavam 3.600.
* Define-se juridicamente o Direito Natural como o conjunto das regras impostas à legislação dos povos pelos princípios fundados na razão e na eqüidade. Seu objetivo é regular e garantir os direitos individuais inalienáveis e inatos, como os direitos à vida, liberdade, honra e patrimônio. Embora muitas vezes essas normas não constem de um código escrito, existem na consciência coletiva e são invocadas sempre que violadas.

Eclesiástico

1 Não repitas o que ouviste. Não reveles um segredo. Assim estarás
verdadeiramente isento de confusão, e acharás graça diante de todos os
homens. Não te envergonhes de tudo o que vou dizer, e não faças
acepção de pessoas até o ponto de pecar.
2 Não te envergonhes da lei e da aliança do Altíssimo, de uma sentença
que justifique o ímpio,
3 de um negócio entre teus amigos e estranhos, da doação de uma
herança em favor de teus amigos.
4 Não te envergonhes de usar uma balança fiel e de peso certo, de
adquirir pouco ou muito,
5 de não fazer diferença na venda e com os mercadores, de corrigir
freqüentemente os teus filhos, de golpear até sangrar as costas de um
escravo ruim.
6 Sobre uma mulher má, é bom pôr-se o selo.
7 Onde há muitas mãos, emprega a chave. Conta e pesa tudo o que
entregas; assenta o que dás e o que recebes.
8 Não te envergonhes de corrigir o insensato e o tolo; não te
envergonhes dos anciãos julgados pelos jovens. Assim te mostrarás
verdadeiramente instruído, e serás aprovado por todos.
(Extraído do Capítulo 42)

Secretário Íntimo

À necessidade de aprender que produziu descobertas preciosas, e aos perigos de uma vã curiosidade.

HISTÓRICO

Tendo Hiram, Rei de Tiro, enviado a Salomão, a pedido deste, os melhores artistas, arquitetos, mordomos de sua própria casa, grande número de obreiros e também inspetores ou superintendentes que os vigiassem, com o objetivo de que ajudassem na construção do Templo de Jerusalém, suprindo, do mesmo modo, os cedros e abetos do monte Líbano, e ouro, e pedras das pedreiras de Tiro, enfim, tudo aquilo que era necessário à construção de tão suntuoso monumento, Salomão prometeu, de sua parte, enviar a Hiram, a cada ano, enquanto durassem os trabalhos do Templo, 20.000 medidas de trigo, 20 de azeite puro, cevada, vinho e mel, além de ceder-lhe, quando da conclusão da obra, 20 cidades da Galiléia.

Havia se passado um ano sem que Salomão cumprisse as promessas que fizera, quando Hiram visitou as cidades adquiridas e viu que eram não só terras estéreis para o cultivo, como ainda grosseiros e ignorantes seus habitantes. Além disso, a conservação de semelhante domínio, seria-lhe mais onerosa que útil. Acreditou que o haviam enganado e dirigiu-se ao palácio de Salomão, passando, precipitadamente, no meio dos guardas que o custodiavam.

Um favorito de Salomão, chamado J.`., notando, no semblante e maneiras de Hiram, a cólera de que este estava possuído, segui-o até a porta da câmara do Rei e deteve-se para escutar. Notado por Hiram, em seu ato de espionagem, fez este com que guardas o prendessem. Sem embargo, Salomão manifestou, então, ao monarca ofendido, que J.`. era um de seus mais fiéis servidores e que sua intenção, nesse caso, fora louvável. Desse modo, obteve o perdão. Ambos os soberanos concordaram em premiar a fidelidade de J.`., fazendo-o Secretário Íntimo, no pacto perpétuo de aliança que iam celebrar. Tal é a origem deste grau.

Moral do grau: Respeitemos os segredos de nossos IIr.`., evitando que se descubram e se divulguem.

Moloch


Era o deus do fogo dos amonitas, como Camos era dos moabitas. Sacrifícios humanos e provas de fogo eram alguns dos meios que se empregavam para tornar propícia aquela divindade. Os israelitas foram avisados contra este culto com ameaças de terríveis castigos. Aquele que oferecesse o seu filho a Moloque devia ser morto por apedrejamento (Lv 18.21; 20.2 a 5). Sendo já velho o rei Salomão, foram consagrados lugares altos a Moloque num dos cumes do Olivete (1 Rs 11.7). Fazer passar o filho ou a filha pelo fogo, em adoração de Moleque (2 Rs 23.10,13), era matar a criança e depois oferecê-la em holocausto à maneira de Mesa. O sacrifício de crianças era não somente expiatório, mas também purificatório; por ele se supunha que as vítimas eram assim purificadas da imundícia do corpo, alcançando então a união com as forças divinas. Está averiguado que a imagem de Moloque era na forma de um bezerro, com as mãos estendidas para diante, como querendo receber qualquer coisa. No caso de haver ídolo semelhante em outro país, as mãos eram postas na direção do chão de tal maneira que a criança, quando colocada sobre elas, era lançada numa cova de fogo. Os sacerdotes de Moleque tomavam a precedência com respeito aos príncipes de Amom (Jr 49.3).
Fonte: Dicionário Bíblico

Esgotar até as fezes o cálice da humilhação...

Nada a ver com o que a palavra sugere à primeira vista. Vinho "sobre a borra" significa o vinho que era deixado na vasilha, em que primitivamente se havia deitado. E permanecendo ali tornava-se espesso e xaroposo. Antes de ser bebido era coado, e já sem as escórias considerava-se purificado. "Repousar nas suas fezes" significava continuar nas impurezas de um modo descuidoso; e aplicava-se a frase aos preguiçosos, aos estúpidos, e aos néscios (Jr 48.11; Sf 1.12). Beber do vinho das suas fezes queria dizer que se bebia até à ultima gota do cálice (Sl 75.8; Is 51.17).

Eclesiástico

Capítulo 8
1 Não disputes com um homem poderoso, para que não caias em suas
mãos.
2 Não tenhas desavença com um rico, para não acontecer que ele te
mova um processo;
3 pois o ouro e a prata perderam a muitos, e o poder deles chega até a
transviar o coração de um rei.
4 Não tenhas desavença com um grande falador, e não amontoes lenha
em sua fogueira.
5 Não convivas com um homem mal-educado, para não acontecer que
ele fale mal de teus antepassados.
6 Não desprezes um homem que renuncia ao pecado, não lhe dirijas
censuras; lembra-te de que todos merecemos o castigo.
7 Não desprezes um ancião, pois alguns dentre nós também
envelheceremos.
8 Não te alegres com a morte de teu inimigo, pois sabes que todos
morreremos, e não queremos que com isso se regozijem.
9 Não desprezes o que contarem os velhos sábios, mas entretém-te com
suas palavras,
10 pois é com eles que aprenderás a sabedoria, os ensinamentos da
inteligência, e a arte de servir irrepreensivelmente os poderosos.
11 Não desprezes os ensinamentos dos anciãos, pois eles os
aprenderam com seus pais.
12 Estudarás com eles o conhecimento e a arte de responder com
oportunidade.
13 Não acendas os tições dos pecadores, repreendendo-os, para não
acontecer que te queimes nas chamas dos seus pecados.
14 Não resistas perante um insolente, para que ele não arme ciladas às
tuas palavras.
15 Não emprestes dinheiro a alguém mais poderoso do que tu, pois, se
lhe emprestares, considera-o perdido.
16 Não prestes fiança a outrem além de tuas posses, pois se o fizeres,
considera-te na obrigação de pagá-la.
17 Não julgues (o procedimento) de um juiz, pois ele julga conforme a
eqüidade.
18 Não enveredes por um caminho com um audacioso, para não
acontecer que ele faça recair sobre ti seus delitos; pois ele só age
segundo o seu capricho, e por causa de sua loucura perecerás com ele.
19 Não tenhas desavença com um homem irascível; não vás para o
deserto com um audacioso, porque para ele nada vale o sangue, e ele te
destruirá quando te achares sem socorro.
20 Não deliberes com loucos, pois só amam o que lhes agrada.
21 Nada resolvas perante um estranho, pois não sabes o que ele pode
imaginar.
22 Não abras teu coração a qualquer homem, para não acontecer que
recebas uma falsa amizade, e, além disso, ultrajes.

Salomão

O terceiro rei de Israel; décimo filho de Davi e o segundo que teve de Bate-Seba. O seu nascimento tinha sido anunciado nas palavras proféticas de Natã (2 Sm 7.12,13; 1 Cr 22.8 a 10). Nasceu em Jerusalém, e pelo profeta foi chamado Jedidias "querido do Senhor" (2 Sm 5.14; 12.24,25). Quando Adonias, filho de Davi, sendo já seu pai mui velho, se levantou e disse "eu reinarei" (1 Rs 1.5), Natã incitou a rainha Bate-Seba a que fizesse lembrar a Davi a sua promessa com respeito a Salomão. Imediatamente procedeu Bate-Seba neste sentido, falando nas pretensões de Adonias a Davi, que, informado do que se passava, mandou a Zadoque e a Natã que fosse ungido rei o seu filho Salomão. Os partidários de Adonias prontamente o abandonaram, mas Salomão não lhe fez então mal algum, mandando-o ir para sua casa (1 Rs 1.53; 1 Cr 23.1). Mais tarde foi repetida a cerimônia da unção (1 Cr 29.22 a 25).

Depois da morte de Davi (1 Rs 2.10), casou Salomão com uma filha do Faraó do Egito, trazendo-a para Jerusalém (1 Rs 3.1). Num sonho que teve, pediu a Deus que lhe desse sabedoria, recebendo então a promessa de abundantes bênçãos (1 Rs 3.5 a 15).

A sua sabedoria, a sua piedade (1 Rs 3.16 a 28; 5.5), o esplendor da sua casa, e a extensão do seu reino, espalharam longe a sua fama (1 Rs 10.1 a 13). Como tinha sido predito, foi ele que edificou o primeiro templo de Jerusalém (1 Rs 5.6; 2 Cr 2 a 4), e um palácio para si; a Casa do Bosque do Líbano; um edifício para a rainha egípcia, sua mulher; o muro de Jerusalém, e várias cidades (1 Rs 3.1; 7.1,2,8; 9.15 a 19,24).

Salomão e o seu povo gozaram de profunda paz durante o seu reinado, e em todos os seus domínios. Ele governou sobre todos os povos desde o Eufrates (e ainda mais para além deste rio) até ao Nilo. O seu exército era grande e achava-se bem equipado (1 Rs 4.26; 10.26; 2 Cr 1.14). De tal maneira ele protegeu o comércio que a Palestina se tornou rica, abundante em artigos de luxo (1 Rs 9.26 e 28; 10.14,15,27 a 29). A sua casa tornou-se notável pela sua riqueza e esplendor (1 Rs 10.5; cp. com Mt 6.29).

Mas a prosperidade degenerou em voluptuosidade; a moral e a religião decaíram muito. Salomão tomou mulheres e concubinas em número de mil, havendo entre elas moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias. E de tal modo foi o seu coração pervertido por essas mulheres que ele chegou a adorar os falsos deuses, como Astarote dos sidônios, Moloque dos amonitas, e Camos dos moabitas, aos quais edificou templos no monte das Oliveiras (1 Rs 11.1 e 2; Ne 13.26). Os seus pecados trouxeram o castigo anunciado (2 Sm 7.14; 1 Rs 11.9 a 13), e apareceram os inimigos (1 Rs 11.14 a 40), enevoando os seus últimos dias.

Depois de ter reinado quarenta anos, morreu Salomão, sendo sepultado "na cidade de seu pai Davi" (1 Rs 11.42,43; 2 Cr 9.29 a 31). Três livros do A.T., Provérbios, Eclesiastes e Cantares, são atribuídos a esse rei. Jesus Cristo fez alusões à sabedoria de Salomão e à magnificência com que vivia (Mt 6.29; 12.42; Lc 11.31; 12.27).

Fonte: Dicionário Bíblico

Mestre Perfeito

À perfeição do espírito e do coração, a todas as grandes verdades e a todos os conhecimentos úteis enumerados sobre a Pedra Cúbica.

Não esqueças de teu Criador nos dias de tua juventude, se quiseres apartar de ti aquelas tribulações que fazem exclamar o homem, “não há prazer para mim”. Dias de dor, em que nem o Sol, nem a Lua, nem as estrelas nos alegram com sua luz; em que treme o poderoso e se humilha o forte; em que tudo é aflição ao nosso espírito; em que é lúgubre o canto das aves e sem harmonia os ecos da música; em que vemos de perto a ira do Senhor; em que morre nossa esperança e se extinguem nossos desejos. Vamos empreender aquela longa jornada da qual nenhum viajante regressa e onde parentes e amigos lamentam nossa partida. O corpo então devolvemos à terra, e o espírito, ao Senhor. Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!

HISTÓRICO
Este grau, em sua origem, teve por fim honrar a memória dos IIr.`.falecidos. Seu ritual contém interessantes pormenores sobre cerimônias de inumação e homenagens fúnebres que em tais casos eram tradicionais.

A Loja representa uma cova com um cadáver dentro. Haverá, ademais, um cordel para retirada do corpo, e um sepulcro em forma piramidal coroado por um triângulo entre quatro círculos e quatro quadrados. A cova e o cadáver são emblemas do homem morto para a razão e a verdade, submerso nas trevas do erro; é retirado de lá com a ajuda de um cordel, ou seja, graças à Orla Dentada, laço sagrado pelo qual estão unidos os maçons dos dois mundos, a fim de que, juntos, descubram a verdade. A pirâmide e seu ápice figuram o Mestre zeloso que se eleva pelos graus até o conhecimento desta augusta Verdade. Os quatro círculos e os quatro quadrados são símbolos da Imensidade e da solidez das obras do Eterno.

Quando Salomão soube que haviam encontrado o corpo de Hiram, ordenou a seu Gr.`. Insp.`. Adoniram que preparasse os funerais com pompa e magnificência, e que todos os IIr.`. comparecessem com seus aventais e luvas brancos, proibindo-os de se mancharem de sangue, até que fosse efetuada a vingança sobre os perpetradores de tão horrível assassinato. Adoniram prontamente formulou o plano de um augusto monumento que se executou e concluiu de todo em nove dias. Era de mármore branco e preto.

Embalsamado, o coração de Hiram, com uma espada atravessada, foi colocado em uma urna e exposto à vista pública no terceiro escalão da subida para o S.`.S.`.. Lá ficou pelo espaço de nove dias, até a conclusão dos trabalhos de construção do obelisco. Este foi levantado na porta do Oriente, um pouco voltado para o Norte, para marcar o local onde os assassinos haviam primeiramente enterrado o cadáver, antes de conduzi-lo ao lugar onde o Ir.`. Stolkim o encontrou. Os IIr.`. foram também manifestar sua dor, postando-se no primeiro escalão do S.`.S.`.. Concluído o obelisco, colocou-se lá a urna sobre o pedestal, e o corpo de Hiram foi enterrado no meio de uma câmara subterrânea debaixo do Templo, com todas as honras devidas a essa grande homem. Esta câmara era o aposento onde Salomão tinha seu Capítulo, no qual conferenciava com Hiram, Rei de Tiro sobre a arte mística. No obelisco, havia uma pedra triangular onde estavam gravadas, em caracteres hebraicos, as iniciais J.B.M.. O J. é a inicial da antiga palavra de Mest.`., e as letras M.B., da moderna e do ramo de acácia que se vela também encima da dita pedra. Salomão tomou todas as insígnias quando a palavra do terceiro grau foi mudada.

Três dias depois da cerimônia, rodeado por sua corte, foi ao Templo, estando todos os obreiros na mesma ordem em que estavam no dia do funeral. O Soberano fez uma súplica ao Todo Poderoso, examinou a tumba, o dossel, repassou o triângulo, as letras gravadas neste, a pirâmide e, achando tudo bem ordenado, fez o sinal de admiração.

Moral do Grau: Devemos tributar a nossos IIr.`. o respeito que merece sua memória.

ADONIRAM

Não se deve confundir Adoniram, filho de Abda, um dos intendentes de Salomão e cobrador ou preceptor de tributos, com Hiram Abi, ou seja Adonhiram, o arquiteto supremo do Templo. A propósito de Adoniram, citaremos o fato referido pelo continuador da História dos Judeus. Josefo disse: que no ano de 1480, descobriu-se em Sagunto um corpo de tamanho prodigioso. Na lápide que o cobria, achou-se uma inscrição hebraica que cita Billero e que Villalpando acredita autêntica, e que, traduzida para o latim, dizia assim:

Hic est Tumulus
Adoniram,
Servi Regis Salomonis,
Qui venit ut exigeret Tributum,
Et mortus Est die...

Cnya traduziu: Este é o sepulcro de Adoniram, súdito do Rei Salomão, que veio cobrar os tributos e morreu no dia...

CASSARD, Andres. Manual de la Masoneria, Nueva York, 1867.

Sobre a palavra “JEHOVAH”


O mais antigo exemplo que se conhece do emprego da palavra Jeová, é do ano 1518 d.C., e é devido à má compreensão de um termo hebraico, cujas consoantes são Yhwk. Depois do cativeiro tinham os judeus tão grande respeito a este nome, que, na verdade, somente era usado, segundo algumas autoridades, pelo sumo sacerdote, uma só vez no ano, no dia da expiação. Todavia, Yhwk ocorre muito freqüentemente na Sagrada Escritura; e por isso outra palavra, Adonai (Senhor), a substituiu na leitura em alta voz, e foi adotada pelos tradutores nas diversas línguas estrangeiras (em grego Kyrios; em latim Dominus). E desta maneira se perdeu a verdadeira pronúncia de Yhwk.

Quando, porém, foram acrescentadas às consoantes hebraicas (no oitavo e nono século d.C.) as letras vogais, as de Adonai foram dadas a Yhwk em vez das suas próprias. Por esta razão, se o primeiro "a" fosse levemente disfarçado seria possível ler-se Yehowah; e foi isto o que realmente aconteceu. Com estas vogais se pretendeu, tanto quanto possível, designar várias formas do verbo hebraico e sugerir assim, numa só palavra, Jeová, estas idéias: "O que será", "O que é", e "Aquele que foi".

Embora isto seja pura imaginação, concorda com a frase que se encontra no Ap 1.4. Primitivamente, sem dúvida, Yhwk representava aquele tempo de um verbo hebraico que implica continuidade (o tempo chamado "imperfeito"), e com as suas vogais se lia Yahaweh ou Yahwek. A sua significação era provavelmente "Aquele que é", ou "Aquele que será", sugerindo plena vida com infinitas possibilidades. Para isto há a seguinte explicação: Quando Moisés quis informar-se a respeito do nome de Deus, foi esta a resposta: "O Ente 'Eu sou o que sou', 'ou Serei o que serei', me mandou vir ter contigo."

Este nome significa, então, o Ser que subsiste por Si, o qual proverá a respeito do Seu Povo. Quanto a saber-se até que ponto o nome era conhecido do povo de Israel, antes da chamada de Moisés, não é possível aprofundar o assunto. Por um lado, explicitamente diz Deus: "Eu sou o Senhor: e eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como Deus, o Todo-poderoso (El-Saddai); mas pelo meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido."

Por outro lado, freqüentemente ocorre esse nome no livro de Gênesis, e acham-se vestígios dele, com aplicação a um certo deus, nos primitivos documentos babilônicos. Tudo bem considerado, é provável que o uso da palavra no Gênesis seja devido a escritores ou copistas, posteriores à chamada de Moisés, e que, embora a palavra fosse conhecida antes desse tempo, não estava formalmente identificada com o verdadeiro Deus. Seja como for, a palavra era tão expressiva, tão cheia de promessas para um homem que começa a sua vida, e para uma nação que estava a ponto de entrar numa carreira de proveito para todo o mundo, que a sua escolha não somente revelava a natureza de Deus, mas também assegurava o bom resultado do Seu povo. Era o nome do pacto com Deus, e estava revestido de poder. (Dic. Bibl.)

Mestre Secreto

O Senhor reina: seu povo o teme: sentado entre os querubins, a Terra gira a seus pés. Rogai ao Senhor, oh! Vós, seus servidores e bendizei seu Santo Nome.
Louvai o nome do Senhor, de hoje até a consumação dos séculos. Do Oriente até o Ocaso, bendizei seu Santo Nome, porque Ele reina sobre todas as nações, e os céus são testemunha de sua glória.
Bendito seja o Senhor, exaltado seu Nome Santo. Rogai e bendizei, porque o Senhor é bom e misericordioso e escolheu a Jacó para seu servo e a Israel por seu povo predileto. Glorificai seu nome, porque só seu nome é excelso e sua glória se estende aos céus e à Terra.
Teu nome, oh! Senhor, seja louvado agora e sempre por todas as gerações.
Santificai nossa alma e que todo nosso ser louve vosso Santo Nome.

HISTÓRICO

Este grau foi criado por Salomão à época da conclusão dos trabalhos do Templo. Escolheu sete entre os mais dignos dos IIr e os nomeou guardas do SS e das jóias sagradas do Templo. Receberam o nome de Mestres Secretos e, no devido tempo, foram elevados a graus superiores, sendo outros colocados em seus lugares.

O Ritual deste grau contém interessantes detalhes sobre o sentido místico das jóias e ornamentos do SS. As cerimônias de iniciação são solenes e expressivas e formam uma bela introdução à série de graus inefáveis.

Não está fora de propósito falar aqui na decomposição cabalística da palavra Jehovah que, combinada de muitas maneiras com a letra inicial, dá sempre um dos nomes de Deus.
Apenas sua inicial bastaria para expressar aquele nome inefável que, disposto cabalisticamente, forma um triângulo no qual, não apenas pela figura do Delta, designa a Divindade; encerra em si, além disso, a letra sagrada com as diversas entonações que encontra a pronúncia desta palavra.

O grande nome de Deus, o nome impronunciável, era um dos mistérios do interior do Templo, existindo algumas dúvidas a respeito de sua pronúncia.

O Grande Sacerdote era o único que podia pronunciá-lo e apenas uma vez por ano, no Dia da Expiação, o décimo dia da lua de Tishri. Assim mesmo, os levitas procuravam fazer grande ruído, para que o nome não fosse audível pela multidão. Trata-se do nome que o Senhor dera a Moisés no monte Horeb.

Enos, filho de Set, filho de Adão, foi o primeiro que, segundo a Escritura, invocou a Deus por seu nome. Souchet, numa sábia dissertação, tratou com pormenores da pronúncia e da etimologia da palavra Jehovah. Genebrard, Vosio e outros escreveram sobre o mesmo assunto com grande erudição. As observações acerca desse nome adiantaram-se tanto, que se pretendeu haver descoberto a demonstração e a expressão positiva do mistério da Trindade. Não podemos resistir ao desejo de apresentar a nossos leitores um dos mais singulares desses sistemas, citado pelo continuador da História dos Judeus, obra escrita no Século XII por um daqueles que depois se fez cristão. Diz, pois, na página 409 do tomo IV, que a Trindade se prova pelo nome de Jehovah, cuja combinação pode formar três nomes que não constituem mais que uma só essência.

Para demonstrá-lo, escrevem-se dois círculos, um grande e outro concêntrico, além de outros colocados de tal modo que seu centro comum esteja na circunferência do círculo interior. Em cada um dos círculos pequenos, escrevem-se as letras da palavra, de modo que resulte uma letra em cada hemisfério. Junta-se, então, o iod ao primeiro he, que implica em que o primeiro nome de Deus é Gerador. Une-se, em seguida, o primeiro he com o vau, e temos outro nome de Deus, a saber, verbo gerado. O vau, com o segundo he, forma o terceiro nome, que procede do primeiro e do segundo. Enfim, como tudo se acha reunido dentro do grande círculo, resultam três em um.
Francisco Vatablo, em seus Comentários sobre a Bíblia, referindo-se à palavra tomada do hebraico, cuja interpretação acabamos de dar, diz: Este nome contém o mistério da Trindade, segundo consta das tradições do povo hebreu, muito anteriores a Jesus Cristo. Por ‘iod’, devemos entender o Pai, princípio e origem de todas as coisas. Por ‘he’, o Filho, por quem empreendeu toda criação. Por ‘vau’, o Espírito Santo, união ou amor mútuo entre o Pai e o Filho, do qual resultou o segundo ‘he’ – uma dupla natureza que é Cristo. A primeira destas naturezas, ‘he’, é divina; a Segunda, é humana.

Hay, filho de Scherira, que viveu no ano 997 da E.C., disse, em sua obra, a respeito da antiga formação da palavra Jehovah , que a havia visto gravada, em antigos monumentos de Jerusalém, de modo análogo aos exemplos acima citados.


Moral deste grau: silêncio e segredo.

Viver


Viver é sinônimo de agir. Todos os seres vivem para desempenhar uma função, uma tarefa lhes sendo imposta pelo próprio fato de eles existirem.
Nós vivemos apenas para trabalhar. O trabalho começa para nós, com efeito, desde nossa concepção. É preciso primeiro construir um organismo, ou seja, um instrumento que nos permitirá agir fora de nós mesmos.
O acabamento da ferramenta corporal e, depois, a entrada na posse deste relacionam-se à Aprendizagem. O indivíduo torna-se Companheiro desde que, possuindo plenamente a si mesmo, se sente disponível para uma nova tarefa, ou seja, para o trabalho efetivo ao qual é chamado.
Trabalhar como Companheiro é fazer obra de utilidade geral, é colocar-se a serviço da coletividade à qual o indivíduo se devota.
O Aprendiz permanece egoísta, no sentido em que trabalha sobre ele mesmo e persegue sempre seu próprio aperfeiçoamento. Ele aplica o preceito: a caridade bem ordenada começa por si. Para poder dar, é preciso adquirir, é preciso saber atrair para si, tomar e apropria-se.
Este egoísmo é obrigatório: ele é a raiz de todo devir. Todo ser individual se constitui às expensas de seu ambiente. Ele é constrangido a fazer-se o centro de um monopólio e a insurgir-se, de qualquer sorte, contra o conjunto das coisas, contra a vida universal, contra a corrente geral à qual ele opõe seu turbilhão particular.
Esta oposição, todavia, não está destinada a se perpetuar. Chega um tempo em que o indivíduo atinge seu máximo de crescimento, o meio-dia da vida . A coletividade da qual ele faz parte integrante reclama então seus direitos. Ela exige que o indivíduo, sem se esquecer de si mesmo e sem negligenciar sua própria conservação, tome cada vez mais consciência dos interesses gerais e saiba a estes últimos subordinar os seus.
Para receber seu salário na Coluna J.’., é preciso dar prova de uma forte energia interior colocada em si mesmo. Mas, após haver acumulado esta força, é necessário havê-la despendido generosamente para aproximar-se da Coluna B.’., onde não são recompensados senão aqueles que se fazem voluntariamente fracos, sacrificando-se.
O que acontece, no organismo, à célula que se cansa em benefício do conjunto? Ela esmorece momentaneamente, mas, de imediato, a economia geral vem em seu socorro; ela é reconfortada, à vista de um novo esforço e, longe de permanecer enfraquecida, revigora-se para a ação, progressivamente, na medida em que a exerce.
As coisas acontecem de maneira análoga para os indivíduos que sabem não viver apenas para si mesmo. Eles têm todo interesse em viver uma vida mais longa, que será aquela de seu ramo ancestral, de sua raça, de sua nação e finalmente de sua espécie, considerada como o ser coletivo do qual eles são as unidades componentes.
Do mesmo modo que o Aprendiz aspira a ver a luz, o Companheiro deve aplicar-se a viver realmente uma vida superior.
O. Wirth

A Franco-Maçonaria é chamada a refazer o mundo. A tarefa não está acima de suas forças, desde que ela se torne aquilo que deve ser.

Quando existirem em Maçonaria Mestres esclarecidos capazes de ler e de escrever a língua sagrada, então nossa instituição passará do Símbolo à Realidade. Ela encarnará a Iniciação verdadeira e construirá efetivamente o Templo da Suprema Sabedoria Humana.

— Que procuram os Mestres?
— A Palavra Perdida.
— Que palavra é esta?
— A chave do segredo maçônico, falando de outro modo, a compreensão daquilo que permanece ininteligível aos profanos e aos iniciados imperfeitos.


Oswald Wirth

Meditação

Este poema de Aleister Crowley integra o rito executado no Grau Minerval, dedicado ao estudo de si mesmo para viver em uma sociedade Thelemica. Visa ao conhecimento dos princípios fundamentais da ordem, suas leis e usos, e dispõe o Minerval para a prática da Liberdade através de Liber Al vel Legis e de Liber OZ, obras de autoria do controvertido A. Crowley. Na verdade, um poema bastante interessante. Ei-lo:

Há sete chaves para a grande porta,
Uma em oito, uma que em oito em si comporta.
Primeiro que o teu corpo esteja quieto,
Pela vontade feito ereto,
Rígido, assim tu podes abortar
Dos fetos pensamentos o tear.
Segundo, seja fundo o seu alento,
Seja fácil, regular e lento;
Assim o teu ser compassa, no seu plano
O majestoso ritmo do oceano.
Terceiro, depois seja tua vida pura e calma,
Como um dia quieto oscila a palma.
Quarto, que o teu querer busque no mundo,
Apenas o que é simples e é profundo.
Quinto, o pensar, divinamente LIVRE
Dos sentidos, se observe enquanto vive.
Vigia cada broto pensamento;
Hora após hora fica mais atento
Intenso, introspectivo, pronto, agudo,
Não percas um só deles; anota tudo.
Sexto, tendo um de todos escolhido,
Concentra nele apenas o teu sentido
Como uma flama quieta lavra,
Queima teu SER nessa única palavra
Depois, aquieta este êxtase, teu norte
Torna o meditar profundo e forte,
Matando mesmo Deus caso Ele venha
Tentar tua atenção que assim se empenha,
Por fim, tudo isso estando unido, cresce
A flor da meia-noite em ti floresce.
A unidade é. Mas mesmo nisto,
Meu Filho, não serás por mim malvisto
Se essa expressão sufocas, se num triz
Tua atenção remetes à Raiz
Deste êxtase; se deixas mesmo a fama,
A cor, a Vida, a Glória, o Ardor; reclama
A escura causa; ignora a luz do efeito
Tu és o MESTRE. Deixo-te. Respeito.
Tua radiância que se expande e se desata,
RECÉM NASCIDO IRMÃO DA ESTRELA DE PRATA.